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How To Destroy Angels - Welcome Oblivion

Quinta-feira, 14.03.13

Conforme referi em Curtas... LXXXIII, depois de dois EPs e uma enorme ansiedade por parte dos fãs dos Nine Inch Nails e não só, Trent Reznor viu finalmente o seu projeto How To Destroy Angels, editar Welcome Oblivion, o disco de estreia, lançado no passado dia cinco de março pela Sony.

Os EPs editados em 2010 e 2012 já o anunciavam com clareza, mas quem ainda acalentava alguma esperança de encontrar semelhanças óbvias entre os os NIN e estes How To Destroy Angels, viu, felizmente, cair por terra tal pretensão, caso já tenha tido o privilégio de escutar, na íntegra, Welcome Oblivion. E se Trent, um dos maiores egos do rock atual, tem o protagonismo principal neste projeto, não é de descurar o papel fulcral que Mariqueen Maandiq, a sua esposa, desempenha nesta assumida separação concetual, sendo de saudar, por isso, a nova postura do músico para ceder à opinião de terceiros e com eles colaborar, de forma aberta e sistemática, na produção musical. Recordo que além de Trent Reznor e Mariqueen Maandiq, também fazem parte dos How to Destroy Angels, Atticus Ross (o produtor preferido de Trent Reznor) e Rob Sheridan.

Fazendo uma alusão à recente atração de Trent Reznor por bandas sonoras de filmes, Welcome Oblivion podia muito bem ser a banda sonora de um futuro pós apocalíptico, do Blade Runner se fosse realizado hoje. O disco vive da eletrónica e dos ambientes intimistas que a mesma pode criar sempre que lhe é acrescentada uma toada algo acústica, mesmo que haja um constante ruído de fundo orgânico e visceral. É deste cruzamento espectral e meditativo que o disco vive, com treze canções algo complexas e bastante assertivas. Esta complexidade é uma das grandes qualidades de Welcome Oblivion, porque espelha a elevada maturidade dos músicos que compôem os How To Destroy Angels e espelha a natural propensão dos mesmos para conseguirem, com mestria e excelência, manusear a eletrónica digitalmente, através de batidas digitais bombeadas por sintetizadores e adicionar-lhe as clássicas guitarra, baixo e bateria.

Assim, há travos daquele espírito industrial, típico dos NIN, mas com uma carga ambiental assinalável, bem patente, por exemplo, nos temas On The Wing And The Sky Began to Scream, mas essas batidas sintéticas e repletas de efeitos maquinais, nunca se sobrepôem, em demasiado, ao restante conteúdo sonoro. Ice Age prova esta minha teoria quando a voz de Maandiq e uma certa toada folk fazem do tema dos momentos mais atraentes e diferentes do disco.  Recusive Self-Improvement é talvez um dos melhores temas do disco; assenta em elementos minimalistas que vão sendo adicionados a um baixo sintético com um volume crescente.

Um dos maiores destaques de Welcome Oblivion acaba por ser o single How Long, uma feliz escolha para amostra, já que, de certa forma, compila toda a arrojada e diversificada míriade sonora do álbum. Seja pelo ritmo do baixo, por causa do ritmo aditivo, da toada gospel, ou da voz hipnótica, How Long está condenada a ser uma das grandes músicas do ano.

Como já terão percebido, nos How To Destroy Angels, outra cedência óbvia de Trent e que já nos faz duvidar sobre quem realmente mandará lá em casa, tem a ver com a primazia da voz; Aqui a condução do microfone está entregue aos belíssimos dotes vocais da sua esposa. Apesar de Trent também cantar, ela assume-se, através da voz, como o principal fio condutor das treze canções, seja através de um registo sussurrante, ou através de uma performance vocal mais aberta e luminosa e que muitas vezes contrasta com a natural frieza das batidas digitais.

Este extraordinário álbum de estreia de um projeto que merece toda a atenção termina com uma toada mais instrumental, já que os últimos três temas atiram-nos para ambientes eletrónicos de outrora, com os teclados a terem o maior destaque, a construirem diversas camadas sonoras em The Loop Closes e muito bem acompanhados por um piano em Hallowed Ground, um tema plausível como a chuva e onde há uma voz omnipresente entregue a um espírito desolado e que nos remete, devido ao baixo constante, para os sons de fundo de uma típica cidade do mundo moderno.

Welcome Oblivion tem uma forte componente experimental e aconselha-se audições repetidas para que se tenha a perceção clara do seu conteúdo e dos mínimos detalhes. O sucesso da estreia dos How To Destroy Angels depende da predisposição do ouvinte e do cenário que cada um de nós cria tendo em conta a atmosfera sonora proposta. São sessenta e cinco minutos cheios de momentos brilhantes, com diferentes graus de intensidade e que precisa de um tempo que objetivamente merece. Espero que aprecies a sugestão... 

 

 1. The wake-up
2. Keep it together
3. And the sky began to scream
4. Welcome oblivion
5. Ice age
6. On the wing
7. Too late, all gone
8. How long?
9. Strings and attractors
10. We fade away
11. Recursive self-improvement
12. The loop closes
13. Hallowed ground

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publicado por stipe07 às 22:25






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