Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O Martin - Em Banho Maria (com entrevista)

Quinta-feira, 07.02.13

Lançado com o apoio da Let's Start A Fire e pela Azáfama no passado dia quatro de fevereiro, Em Banho Maria sucede ao EP Um Caso Perdido e é o novo disco de O Martim, de nome próprio Martim Torres, um contrabaixista de origem e um rapaz com música a correr-lhe nas veias e que em Abril deste 2012 lançou-se para os registos em nome próprio. Em Banho Maria foi gravado no início de 2012, algures entre Belém e o Cais do Sodré e conta com as participações de David Pires, na gravação das baterias acústicas e nos arranjos e de Tony Bruheim que gravou as linhas de saxofone no single Banho Maria. O Martim gravou vozes, baixos, guitarras, beats e produziu o disco no seu estúdio caseiro e algumas canções, como a Belzebu, Meu Amor e a Cafuné, tiveram o dedo de B Fachada na mistura, que também contou com o contributo de Eduardo Vinhas.

Martim em "Banho Maria"

Muitos de nós já conhecemos este trabalho devido ao single homónimo, que tem passado com alguma insistência em várias rádios e que já fez com que este músico fosse considerado por vária crítica como a nova coqueluche da pop portuguesa. No entanto, ele pede tempo antes de fazerem uma avaliação tão séria daquilo que vale e pleo menos mais um ou dois discos para que possa sentir-se seguro com tão importante estatuto.

Martim Torres começou por gravar sozinho a maior parte dos temas do álbum e depois adicionou um baterista, David Pires, que deu uma nova vida às batidas programadas iniciais. Com um bom conjunto de canções, a dupla consegue concertos e é confrontada com a necessidade de completar a banda. O baterista permanece no seu posto e a eles junta-se o exímio António Quintino no baixo eléctrico e, mais tarde, a versátil Íris Sarai nos teclados. Então, O Martim deixa de ser um projeto a solo e torna-se em algo mais coletivo, numa simbiose entre quatro músicos que tornam realidade histórias que falam de uma Lisboa onde tudo pode acontecer, musicadas com os traços habituais da pop, do punk e do rock, aos quais se acrescentam alguns detalhes típicos de universos mais quentes e tropicais.

O próximo grande concerto importante de O Martim vai ser amanhã no Ritz Clube. Confere a entrevista que Martim me concedeu e espero que aprecies a sugestão...

Em banho Maria cover art

 Depois do EP Um Caso Perdido, surgiu finalmente Em Banho Maria, o teu primeiro disco a solo. Antes de mais, quem é a Maria?

A Maria... ora bem, talvez seja melhor falar antes do título completo: Em banho Maria. Tem um significado ambíguo, refere-se em primeiro lugar ao facto de eu ainda me estar a descobrir, ainda a encontrar a minha identidade como cantautor, a escrever as primeiras canções, a “cozinhar em banho maria”. Em segundo refere-se à visão oasiana da tal Maria a tomar banho. Pensei no título do disco antes de escrever a canção (banho Maria) esta foi-se desenvolvendo para vir a contar a história de um rapaz frustrado com o amor que não consegue arranjar maneira de encontrar parceira. A Maria acaba por ser a representação de algo em que se consegue tocar mas não se consegue ter ainda completamente, ou da imagem utópica que criamos de alguém com quem queremos estar e que pode não corresponder à realidade. Portanto a Maria é no fundo a expectativa, uma espera sem garantia....

 

Li algures que não gostas de te considerar um poeta, mas não posso deixar de ler as letras das tuas canções e, além das rimas, sentir que há algo de autobiográfico na tua escrita. És então mais do que um simples poeta, um poeta cantautor?

Não sei quanto a isso. De facto nunca percebi muito de poesia e  com certeza que é preciso mais do que rimar para ser poeta. Sou um cantautor, é certo, já que canto as canções da minha autoria, mas não me posso assumir como poeta só porque comecei a escrever.

No príncipio tinha um trauma meio parvo sobre a minha escrita, quando ouvia o Fachada a cantar as músicas dele achava que não estava a altura de fazer canções, não sabia escrever assim e não devia sequer tentar. É claro que não devia tentar, mas não devia tentar era escrever como ele. Explicou-me que eu tinha de escrever como eu próprio. Foi ai que percebi que tinha que aceitar aquilo que sou, e ser autentico naquilo que escrevo e que faço. Usar a minha maneira de falar, a minha métrica, encontrar o meu dialecto. Se isso é poesia ou não, deixo ao vosso critério.

 

Acompanho o universo musical indie e alternativo com interesse, em particular o que se faz na América do Norte e que revive antigas sonoridades punk rock do início dos anos oitenta. Pode-se dizer que, em simultâneo com a tua paixão pelo jazz e o blues, o rock feito de canções que sabem tão bem e se esfumam tão rápido como um cigarro são também uma das tuas maiores influências, independentemente da míriade sonora presente em Em Banho Maria? Se estiver errado, corrige-me!

Claro que sim, não estás nada errado. Quando comecei a estudar música dediquei-me ao jazz, mas antes dessa odisseia ter início, tudo o que eu ouvia era rock e punk. Ao longo dos anos o Miles, o Pastorius e o Paul Chambers puxaram as minhas atenções só para eles. Mas felizmente o Rodrigo Amarante, o Marcelo, o Julian e o Albert Hammond jr. foram-me relembrando que a música vai para além do jazz...

 Quando somos mais novos, vivemos as coisas de uma maneira diferente, parece que há uma despreocupação maior e acabamos por fazer as coisas de uma forma mais pura. Absorvemos tudo mais naturalmente, e as primeiras coisas que aprendemos acabam por ser as que nos definem. É muito raro eu tocar em algum projecto onde sinta aquilo que sentia na altura, aquela energia... Foi essa energia que me entusiasmou para começar a estudar música e fazer vida disso. O problema é que é muito fácil ao longo desse percurso esquecermo-nos daquilo que nos motivou a começar. Quando se decide estudar música é comum ficarmos obcecados com o ser o melhor a tocar o nosso instrumento, perder muito tempo a estudar teoria, etc... Não digo que isso não seja importante, mas não podemos deixar que se torne prioritário.

Quis formar “O Martim” para poder voltar a escrever as canções que me saem naturalmente, despreocupado com tudo o resto, regressar às origens. E as minhas origens são essas mesmo, canções simples que se tiverem um toque rockeiro e uma distorção aqui e ali só se tornam melhor ainda.

 

Há quem te considere a nova coqueluche da pop nacional. O que tens a dizer em tua defesa?

Deixem-me lá gravar mais um disco ou dois antes de se porem com essas coisas...

 

O vídeo do single Banho Maria é muito simples, mas extraordinário e cheio de participações e personagens, digamos assim. Ficou muito caro?

Não, a bandeja de cocaína que se vê no vídeo não é a sério, por isso não gastámos muito dinheiro. Acho que posso com alguma certeza dizer que não terá sido a produção mais cara do ano .... Conseguimos fazer as coisas com um orçamento muito pequeno. Arranjámos maneira de transformar um pequeno estúdio numa casa de banho de paredes vermelhas com papel de parede da loja dos chineses e filmar a coisa em dois dias. Acho que onde gastámos mais dinheiro foi no aluguer da banheira, mas que valeu bem a pena. Sempre imaginei o clip com uma banheira como aquela que havia em casa da minha avó onde eu tomava banho quando era pequenino, e esta era igualzinha! Tenho a sorte de ter muitos amigos actores que tiveram gosto em fazer parte do video e proporcionar umas risadas boas. E claro, quando se trabalha com pessoas competentes e criativas como os senhores Filipe Casimiro e Francisco Steinwall da Pipoca filmes tudo isto se torna num processo organizado e divertido. (gostaram do props?)

 

A propósito da tua predileção pelo baixo, quando comecei a ouvir os primeiros segundos do single Banho Maria, o primeiro click que tive foi… Parece mesmo aquele baixo dos Joy Division. Mas não tem nada a ver, pois não?

Sou grande fã de Joy Division. Sabes que há coisa de uns meses atrás pus-me a ouvir assim de rajada alguns discos deles. Talvez até tenha sido perto da altura em que estava a escrever a banho Maria. Eu já nem me lembrava, mas é na verdade bem possível que tenha muito a ver com isso. Eles são incríveis, a simplicidade e som daquelas linhas de baixo ficam na cabeça de qualquer um...

 

Tens uma canção preferida neste álbum?

Talvez  Cais do Sodré, gosto da linha de bateria que o David compôs. A canção representa uma fase interessante da minha vida, na qual eu só pensava em não pensar. É uma fase que não é necessáriamente bonita, mas que faz parte de mim e eu gosto de me lembrar dela. Deu aso a muitos desenvolvimentos interessantes. Costuma-se dizer que de decisões erradas podem surgir as coisas certas (ou qualquer coisa assim), pois eu também acho.

 

Sei que tocas com ele. Por isso, o que surgiu primeiro… As idas à casa do B Fachada ou a última canção do disco?

Tocava. Antes de ele comprar uma mpc e perceber que dá pra fazer concertos grandes sem banda... maldita mpc!!

 Se bem me lembro, as primeiras idas não eram minhas a casa dele, mas sim dele à minha, que era onde ensaiávamos. Eu conheci o Fachada por acaso numa noite de bairro alto como outra qualquer. Estavamos sentados na mesma mesa sem nos conhecermos e pusemo-nos a falar. Ele queria começar a tocar com um contrabaixista, e eu tive a sorte de estar no sítio certo à hora certa. Nessa altura ele ainda morava em Cascais.

Uns tempos mais tarde, comecei também a escrever umas coisas, e assim que tive um primeiro esboço de disco apresentável comecei a ir eu a casa dele (que agora tinha passado a ser lá para os lados de Sintra) para ele me ajudar a dar uns toques naquilo.

A última canção do disco fala justamente de uma das minhas desventuras em que o nome do senhor Fachada veio à baila. Sem querer entrar em muitos pormenores levei a tampa mais engraçada da minha vida quando me disseram “desculpa, mas tu não és o B Fachada”.

 

Como tem corrido a promoção ao disco? Fala-nos de locais e datas futuras…

Tem sido bom. Muito graças ao fortíssimo trabalho da gigante Raquel Lains, e do mestre Pedro Valente. Mas também a todos os meus amigos e fans que não se cansam de me dar apoio e acreditar no projecto. Especialmente o meu caro amigo Nilton, que apostou n´O Martim desde o  primeiro dia.

O próximo concerto grande, aquele que ninguém pode falhar, vai ser no Ritz Clube na sexta feira dia 8 de Fevereiro. É o concerto oficial de lançamento do Em banho Maria e vai contar com a participação de alguns músicos convidados do altíssimo gabarito. E mais! No preço do bilhete está incluída uma cópia do disco.

Antes disso ainda vai haver um mini-concerto na casa de banho mais sexy do mundo da Renova, a “world´s sexiest WC” que fica ali no terreiro do paço. Quinta feira dia 17 de Fevereiro. Para quem puder, acho que não deve perder a oportunidade. Não é todos os dias que temos a possibilidade de ouvir um concerto numa casa de banho. Ainda por cima, uma com este nível.

 

O que podemos esperar do futuro discográfico de O Martim?

Mais discos, claro! Ainda estamos muito no princípio. Quando eu me sentei a mesa pela primeira vez com a Raquel Lains (let´s start a fire) para falar do disco e de como iam ser as coisas estava cheio de moral a dizer que queria lançar dois discos por ano. Ela com muita calma, olhou para mim e disse uma frase que já me era familiar, “Martim, tu não és o B Fachada...”. Então decidi relaxar e pensar em qualidade, em vez de quantidade. Um disco de cada vez.

Agora que a banda cresceu, vamos começar a trabalhar as músicas em conjunto. Já andamos a carburar no segundo disco, ainda sem título, no qual queremos ter alguns convidados, para além de uma secção de sopros. Não sei se sabes, mas o senhor António Quintino (baixista da banda) não só é um dos melhores contrabaixistas nacionais, como é também um soberdo compositor. Temos passado os primeiros dias de 2013 a fazer sessões para preparar os arranjos, por isso em breve podem contar com novidades.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 21:16






mais sobre mim

foto do autor


Parceria - Portal FB Headliner

HeadLiner

Man On The Moon - Paivense FM (99.5)



Disco da semana 194#


Em escuta...


pesquisar

Pesquisar no Blog  

links

as minhas bandas

My Town

eu...

Outros Planetas...

Isto interessa-me...

Rádio

Na Escola

Free MP3 Downloads

Cinema

Editoras

Records Stream


calendário

Fevereiro 2013

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
2425262728

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.