man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Blue Hawaii - Untogether
Os Blue Hawaii são um projeto canadiano formado pelo enigmático casal Agor e Raph (na verdade chamam-se Alexander Cowan e Raphaelle Standell-Preston), uma dupla originária de Montreal e que se estreou nos discos em 2010 com Blooming Summer. O sucessor chama-se Untogether e viu a luz do dia na última semana por intermédio da Arbutus Records, a mesma etiqueta que deu a conhecer o excelente Visions, o segundo álbum dos Grimes e um dos discos fundamentais de 2012.
Visions foi um disco importante no panorama musical canadiano porque abriu uma espécie de caixa de pandora; Apesar de se fechar dentro de um universo próprio ao materializar musicalmente das estranhezas que habitam a mente de sua idealizadora, essa mistura entre o pop e a eletrónica abriu espaço para muitos outros artistas, como Blood Diamonds, Doldrums, Majical Cloudz, e outros amantes dos inventos eletrónicos, onde também se podem incluir os Blue Hawaii.
Estamos então na presença de uma dupla que usa sonoridades ambientais, onde a voz tem um papel preponderante, para inventar e criar canções pouco óbvias, que fogem à habitual formatação e que usam a eletrónica como principal estímulo. Untogether, o trabalho mais recente dos Blue Hawaii, está cheio de densas cargas de vozes, sendo um trabalho que prima essencialmente pelo minimalismo e estabelece um campo de atuação em que o detalhe e a sobreposição de elementos mínimos jamais abraçam o excesso.
Como a voz é o destaque maior deste álbum, Raphaelle (que também integra o projeto Braids) dança algo solitariamente enquanto o parceiro passeia em redor, a encaixar pequenas referências sintéticas de forma a adornar as suavizadas formas de som expressas pela artista. Acaba por haver uma homogeneidade ao longo do álbum e até à última música está fixado um encaminhamento de extrema proximidade entre os temas.
Apesar da primazia da voz, não se pode desprezar as referências instrumentais de que Alexander se serve para adornar os temas; A abertura, ao som de Follow, deixa fluir a estrutura abstrata da obra, Try To Be, apresentada logo em sequência, muda completamente essa proposta, transitando entre os Goldfrapp e Toro Y Moi. Até ao fim o casal ainda percorre as climatizações exóticas do trip-hop (Flammarion), a chamada ambient music (Reaction II) e até mesmo a eletrónica mais convencional, nomeadamente em In Two, o meu destaque deste trabalho. Depois, In Two II absorve de maneira particular as vozes e o ritmo próprio do R&B e Daisy e as batidas matemáticas que envolvem a composição, engrandecem o contibuto do músico e aproximam os Blue Hawaii da discografia dos Four Tet.
Obra que necessita de uma audição cuidada, Untogether abarca toda esta míriade de influências mas, como referi no início, raramente se desvia da proposta climática que tanto caracteriza o álbum. Não há variações bruscas ao longo da audição e encontra-se em cada nova composição assinada por Agor e Raph uma variedade rica de preferências sonoras que acomodam o disco num cenário algo distinto e dá continuidade a tudo o que de mais complexo, mas atrativo, tem sido editado recentemente. Espero que aprecies a sugestão...
01. Follow
02. Try To Be
03. In Two
04. In Two II
05. Sweet Tooth
06. Sierra Lift
07. Yours to Keep
08. Daisy
09. Flammarion
10. Reaction II
11. The Other Day