music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Roberto Carlos, o grande mentor do projeto de eletrónica experimental Helado Negro, vai lançar, através da Asthmatic Kitty, um novo disco em 2013 e que se chamará Invisible Life. Entretanto já foi disponibilizado para download gratuito o primeiro single desse disco; O tema intitula-se Dance Ghost.
Recordo que Roberto tem uma outra banda, os Ombre, em parceria com Juliana Barwick. Editaram Believe You Me no passado mês de agosto, também através da Asthmatic Kitty.
O projeto Sweet Baboo também terá um novo álbum em 2013! O disco irá chamar-se Shipse verá a luz do dia em abril, por intermédio da Moshi Moshi Records. Let´s Go Swimming Wild é o single de avanço para Ships e podes efetuar o download do tema aqui, ou no Facebook do grupo.
Continuando com as novidades já conhecidas para 2013, os Phosphorescent, uma banda de Athens liderada pelo compositor Matthew Houck, já têm sucessor para o disco Here’s To Taking It Easy, de 2010. O novo álbum terá Muchacho como curioso título, mas compreensível porque Houck referiu recentemente que quase todas as canções foram escritas numa praia do México. O primeiro single já revelado de Muchacho é a belíssima Song For Zula. Confere...
Sonsick é o single que antecipa o disco homónimo do projeto San Fermin, um álbum que será lançado a doze de fevereiro de 2013. Os San Fermin são uma banda Brooklyn, Nova Iorque, liderada por Ellis Ludwig-Leone, uma compositora de apenas vinte e três anos que estudou composição musical em Yale e trabalhou como assistente de Nico Muhly, um nome importante nos arranjos de álbuns dos the National, Passion Pit, Sufjan Stevens e muitos outros.
Ellis escreveu este disco homónimo durante uma estadia de dois meses no Canadá e quando regressou a Nova Iorque juntou os restantes elementos dos San Fermin; Holly Laessig e Jess Wolfe, da banda indie Lucius, e Allen Tate. Para abrilhantar ainda mais esta equipa, Ellis serviu-se de músicos que já trabalharam com Bon Iver e com a Asphalt Orchestra, para a gravação de San Fermin.
Finalmente, Raj Dawson, aka Mystery Pills, acaba de lançar um novo single; Anti Patterntem como lado B Vital Signe ambos estão disponíveis no bandcamp do músico.
O single foi gravado nos estúdios Rabbit Hole, em Rapid City, misturado por Stuart Sikes nos Elmwood Recording, em Dallas, Texas e masterizado por Timothy Stollenwerk nos Stereophonic Mastering, em Portland. Confere...
Os pouquíssimos leitores de Man On The Moon e ouvintes do respetivo programa de rádio na Paivense FM terão certamente já notado na insistência com que são divulgados discos que procuram reviver o espírito instaurado nas composições e registros memoráveis lançados entre as décadas de 1970 e 1980. Faço-o não só por gosto pessoal, apesar de Man On The Moon também ter uma forte componente de serviço público, mas também porque 2012 tem sido um ano muito profícuo em álbuns que usam artifícios caseiros de gravação, métricas instrumentais similares e até mesmo temáticas bem relacionadas com o que definiu esse período. Assim, de repente, recordo-me de Ty Segall e de Yuck, e numa toada mais psicadélica os Sisters Of Your Sunshine Vapor ou os Moon Duo, tudo lançamentos que se baseiam numa simbiose entre garage rock, pós punk e rock clássico. Light Up Gold, dos Parquet Courts, um quarteto norte americano onde se inclui Andrew Savage do projeto Fergus & Geronimo, chegou aos escaparates através da Dull Tools e é mais um lançamento deste ano de um disco inserido nesta corrente que me deslumbrou e que partilho com enorme satisfação.
Light Up Goldincorpora uma sonoridade crua, rápida e típica da que tomou conta do tal cenário lo fi inaugurado há mais de três décadas. Em pouco mais de meia hora estes quatro músicos apresentam-nos uma sucessão incrível de canções que são potenciais sucessos e singles, canções que parecem ter viajado no tempo e amadurecido até se tornarem naquilo que são. É, pois, um disco rápido, concentrado no uso das guitarras, o grande ponto de acerto e movimento das diferentes composições. Essas guitarras têm o acompanhamento exemplar do baixo, nomeadamente em Yonder is Closer to the Heart, e no single Borrowed Time que consegue aproximar-se de uma sonoridade que mistura momentos mais luminosos de uns Joy Division, com uma faceta algo adolescente dos Sonic Youth.
A aproximação à psicadelia fica-se por aqui e o cariz lo fi mais típico da Califórnia prevalece apesar desses fogachos. Por exemplo, emYr No Stoneras guitarras aproximam-se do surf rock típico da década de sessenta e a canção consegue fazer-nos visualizar enormes pranchas de surf em pleno rodeo texano. Experimenta ouvir e irás perceber o que eu digo, acredita!
Nostálgico e ao mesmo tempo carregado de referências recentes, Light Up Goldrompe com as tais várias proposta de outros registos similares, porque usa letras simples e guitarras aditivas, sendo claro o compromisso assumido de não produzirem algo demsaiado sério, aceertado e maduro, mas canções que querem brincar com os nossos ouvidos, sujá-los com ruídos intermináveis e assim, proporcionarem uma audição leve e divertida. Assim como o touro enraivecido que tenta derrubar o toureiro na capa do disco, Light Up Goldquer derrubar o ouvinte de tanto o fazer dançar. Espero que aprecies a sugestão...
I used to hear the birch leaves rattle through my spine, canta Matthew Hines, o líder destes The Eastern Sea, em Plague, o extraordinário e épico tema de abertura de Plague, o disco de estreia desta banda de Austin, no Texas. Plague foi lançado no passado dia vinte e seis de junho pela WhiteLabBlackLab.
O verso transcrito acima carrega uma forte conotação metafórica e poética adequada ao restante conteúdo complexo de Plague. Os The Eastern Sea começaram por ser, em 2005, o esforço de um homem só (Matthew) e hoje abarcam sete músicos, uma míriade imensa e complexa de ideias e pensamentos, que fizeram o grupo, durante o processo de gravação, vaguear por diversos estúdios e casas do estado do Texas. Esta parcela territorial dos Estados Unidos não é propriamente conhecida por ser um local gélido e sombrio, mas há um certo ambiente glacial em Plague, certamente criado também pela criatividade de Jeff Lipton, um produtor que já trabalhou com Bon Iver e Andrew Bird, músicos de outras latitudes.
Existe uma densidade explícita na escrita das canções e nos próprios arranjos melódicos, algures entre os Explosions In The Sky e os Death Cab For Cutie. Ao longo da audição do álbum impressiona a ideia constante de transcendência, uma espécie de flutuar constante, de transposte para um mundo muito diferente do rico, mas tórrido, simples e linear universo geográfico texano. Isso é conseguido através de uma indie pop folk feita com enorme subtileza e uma interessante diversidade instrumental.
Se A Lieé um festim para todos os nossos sentidos, em Wasn't For Loveescutam-se sinos, xilofones e bateria, a mesma que sustenta Santa Rosa. Say Yesé um tema liderado por cordas e por um orgão que acompanha a voz na perfeição. No entanto, a música que mais me impressionou foi, sem qualquer dúvida, So Long, Either Way, um lindíssimo instante melódico meditativo, que faz qualquer coração navegar por ambientes soturnos e delicados e que me conveceu que Plague foi um dos melhores ábuns de indie folk que ouvi nos últimos tempos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Plague 02. Wasn’t For Love 03. So Long/Either Way 04. Santa Rosa 05. America 06. Say Yes 07. The Match 08. China Untitled, 1 09. Central Cemetary 10. There You Are 11. A Lie 12. The Line
Depois de no final de 2011 terem editado Nevers, os Indoor Voices de Jonathan Relph, Owen Davies, Ryan Gassi, Craig Hopgood e Kate Rogers estão de regresso com S/T um EP com quatro canções, editado no passado dia vinte e dois de outubro. Esta banda de Toronto, no Canadá, contou com a ajuda de Jason Finkel na mistura e de Jeff Elliot na produção.
O conteúdo desta nova coleção de quatro canções do grupo é algo de épico e, ao mesmo tempo, lo fi. Logo no início, em Still, canção que conta com a participação de Catherine Debard dos Sally Paradise na voz, isso fica bem patente, devido à melodia inicial da guitarra e à forma como os vários instrumentos são depois adicionados, numa toada que se mantém ao longo da canção. A voz é quase impercetível, mas essa melodia leva-nos para bem longe.
No resto, há leves pitadas de shoegaze e post rock, mas nada de muito barulhento ou demasiado experimental. Todos os temas têm uma toada eminentemente tranquila e algo de épico e sedutor. Como sucedia em Nevers, há uma uma sonoridade muito implícita em relação à eletrónica dos anos oitenta e para mim os grandes momentos do disco, são os belos instantes sonoros pop onde a voz é colocada em camadas, bem como as guitarras, criando uma atmosfera geral calma e contemplativa. Além da colaboração já referida em Still, S/T também conta com a participação especial de Casey Mecija, Sandra Vu e da francesa Anne Boutonnat.
Os Indoor Voices colocaram no seu bandcamp o EP a um preço bastante acessível e disponibilizaram-no para audição no soundcloud, com a possibilidade de download do tema So Smart. O EP também começou a ser distribuido pela Bleed Golding Records no passado dia cinco de novembro. Portanto, não faltam formas e motivos para descobrires estas quatro canções extraordinárias que deverão antecipar um grande álbum, algo que o próprio Jonathan já me confidenciou e a quem agradeço desde já, publicamente, o envio de um exemplar físico do extrordinário Nevers. Espero que aprecies a sugestão...
Os The Luyas são uma banda canadiana de Montreal liderada por Jessie Stein. Estrearam-se nos discos em 2007 com Faker Death, três anos depois lançaram Too Beautiful To Work e agora, em 2012, voltaram comAnimator, disco lançado no passado dia dezasseis de outubro pela Dead Oceans. Animator foi gravado e produzido ns estúdios Treatment Room por Pietro Amato, um dos elementos da banda e misturado por Jace Lasek, dos Besnard Lakes, nos seus Breakglass Studios, em Montreal.
Animator é uma catarse sofisticada, uma coleção de canções melodicamente competentes, artisticamente ricas e cheias de texturas, um disco intuitivo e sedutor. As canções captam facilmente a nossa atenção e existe um efeito quase hipnótico nessa adição do ouvinte ao conteúdo, algo que também acontece com a belíssima imagem de Loïe Fuller, que ilustra a capa do álbum.
A combinação entre os arranjos de cordas e alguns instrumentos de sopro fazem com que os temas flutuem de forma frágil e fugaz, com uma subtileza de difícil descrição. Há fluídos sonoros estranhos a pontuar o horizonte enquanto o nosso olhar se deixa perder, enfeitiçado pela sonoridade do disco que nos deixa quase em transe.
Uma das maiores curiosidades que descobri relativamente a Animator e que dá imensas pistas sobre uma certa ideia de conceito por detrás da sonoridade do disco prende-se com a base instrumental de Crime Machine; De acordo com os créditos, a melodia foi criada por um fantasma (The ghost wrote this one) e tal apropriação poderia estender-se ao resto do álbum, até porque parece que a morte de um amigo da banda serviu de inspiração para a composição de Animator. O álbum é, no bom sentido, difuso, profundo, sinuoso e repleto de dor e assombrações e engloba uma espécie de tensão sombria que está sempre latente e que nos permite o tal flutuar enigmático e involuntário.
Animator é um tratado espiritual que nos fala da natureza efémera da vida e da crueldade da morte, mas também transporta uma ideia de epifania, que se obtém na imaterialidade das melodias e nos prazeres transitórios que elas nos provocam. Espero que aprecies a sugestão...
01. Montuno 02. Fifty/Fifty 03. The Quiet Way 04. Face 05. Your Name’s Mostly Water 06. Earth Turner 07. Talking Mountains 08. Traces 09. Crime Machine 10. Channeling
Como já vem sendo habitual, a publicação Noise Trade acaba de disponibilizar, gratuitamente, o seu álbum de natal, uma compilação de vários temas cedidos por bandas e artistas do panorama índie e alternativo, relacionados com esta quadra festiva. A coleção deste ano conta com canções de Sufjan Stevens, Great Lake Swimmers, Hey Rosetta!, John Roderick e Jonathan Coulton entre outros. Fica esta dica de banda sonora para a ceia de natal. Confere e usufrui...
Os Interpol de Paul Banks estão a comemorar o décimo aniversário do lançamento de Turn On The Bright Lights, o álbum que os catapultou para a linha da frente do cenário musical internacional, com todo o mérito e um dos melhores discos da década passada. Fica a reedição especial comemorativa, que contém, além do alinhamento principal remasterizado, um disco bónus com várias demos, inéditos e raridades.
CD 1 (The Original Album, Remastered)
01. Untitled 02. Obstacle 1 03. NYC 04. PDA 05. Say Hello To The Angels 06. Hands Away 07. Obstacle 2 08. Stella Was A Diver And She Was Always Down 09. Roland 10. The New 11. Leif Erikson
CD 2 (The Bonus Material) 01. Interlude (iTunes single) 02. Specialist (Interpol EP) 03. PDA (First Demo, 1998) 04. Roland (First Demo, 1998) 05. Get The Girls (Song 5) (First Demo, 1998) 06. Precipitate (2nd Demo, 1999) 07. Song Seven (Original Version) (2nd Demo, 1999) 08. A Time To Be So Small (Orig Version) (2nd Demo,1999) 09. Untitled (Third Demo, 2001) 10. Stella (Third Demo, 2001) 11. NYC (Third Demo, 2001) 12. Leif Erikson (Third Demo, 2001) 13. Gavilan (Cubed) (Third Demo, 2001) 14. Obstacle 2 (Peel Session, 2001) 15. Hands Away (Peel Session, 2001) 16. The New (Peel Session, 2001) 17. NYC (Peel Session, 2001)
A paixão pela década de oitenta nunca foi um segredo muito guardado pelos Chromatics, que agora levaram ainda mais longe essa fixação ao aventurarem-se numa versão de Ceremony, um clássico dos New Order.
Ceremony foi lançada em 1981, poucos meses após a morte de Ian Curtis e já mereceu versões dos Radiohead e dos Galaxie 500, entre muitos outros. Esta versão dos Chromatics distingue-se pela delicadeza melódica e pela nuvem de letargia feita com sintetizadores que a cobre, fazendo com que o tema soe ainda mais obscuro que o original.
Donos de um disco de estreia bastante apreciado pela crítica e de um ótimo EP lançado em 2011, intitulado What A Pleasure, os Beach Fossils estão de regresso aos discos com Clash The Truth, trabalho que será editado em meados de fevereiro. Já é conhecido o tema Careless, o primeiro single retirado desse novo álbum, uma canção que prova que este grupo de Brooklyn, Nova iorque, está de regresso à boa forma, já que misturam, com coerência, as habituais guitarras típicas do rock de garagem com a leveza da surf music.
Dan Deacon tem tido um ano de 2012 bastante produtivo. Depois de ter lançado America, um dos melhores álbuns de 2012 para Man On The Moon, tem-se dedicado ultimamente a fazer remisturas e mashups, que compilou em Wish Book Volume 1, . Nesta primeira compilação de mixtapes do produtor canadiano ouve-se Grimes, Beach House e PSY, entre outros, em cerca de quarenta minutos de uma sequência de sobreposições curiosas e que unem rap, com hip hop, experimentalismo, eletrónica e toda uma variedade de colagens bastante divertidas.
Os Mando Diao são uma banda de rock alternativo formada em 2001 com origem em Borlänge, na Suécia e constituida por Björn Dixgård, Gustaf Norén, CJ Fogelklou e Mats Björke. A banda ganhou fama após o lançamento do segundo álbum Hurricane Bar, mas só os conheci em 2009 quando, em Give Me Fire, se podia ouvir Gloria e Dance With Somebody, dois temas que me fizeram querer saber mais sobre eles e que os colocaram definitivamente no meu radar. Agora, em 2012, regressaram aos discos, pela mão da Universal Music, com Infruset, um disco que, no imediato, impressiona por ser cantado integralmente em sueco.
Quem acompanha a carreira desta banda sueca fica deveras impressionado com a transformação sonora operada em Infruset. Os Mando Diaoestão a crescer e numa fase de profundo amadurecimento. Deixaram de ser uma banda fortemente influenciada pelo rock de garagem norte americano, para optarem agora por um som mais límpido e sensível, além de não renegarem mais as suas origens. E na verdade, esta viragem sonora é brilhante; É que além de explorarem novos territórios sonoros, liricamente inovaram e elevaram a ode ao seu país a um patamar elevadíssimo ao terem utilizado em todas as canções poemas de Gustaf Fröding (1860-1911), um conceituado poeta sueco. E os Mando Diao conseguiram captar a essência emocional de cada texto, com especial ênfase para Snigelns Visa, um texto cujo significado naturalmente não entendo, mas cuja imensa melancolia é bem notória nas vozes de Gustav Norén e Björn Dixgård.
Foi uma enorme surpresa para mim constatar e usufruir do brilhantismo destes novos Mando Diao, mais acústicos, serenos, luminosos e introspetivos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Den Självslagne 02. En Sångarsaga 03. Infruset 04. I Ungdomen 05. Snigelns Visa 06. Strövtåg I Hembygden 07. Men 08. En Ung Mor 09. Titania 10. Gråbergssång
Apelidado de mestre do assobio, multi-instrumentista e cantor, Andrew Bird é um dos maiores cantautores da atualidade e coleciona já uma mão cheia de álbuns que são pedaços de música intemporais. Este músico americano nascido em Chicago tem tido um 2012 bastante intenso; No início do ano, em meados de março, divulguei o excelente Break It Yourself, mas o ano não termina sem termos mais um álbum, Hands Of Glory, lançado no passado dia 30 de outubro pelo selo Mom + Pop Records e que serve para complementar o conteúdo desse primeiro trabalho do ano.
Hands Of Glorytem apenas oito canções e demora pouco mais de meia hora, temas e tempo suficientes para que Andrew destile muito do que de melhor escreveu e compôs até aos dias de hoje.
O disco começa com o baixo pulsante de Three White Horses, uma grande canção que poderia ter muito bem feito parte do alinhamento deBreak It Yourself. A seguir senti aquele clima típico do velho oeste em When That Helicopter Comese a deliciosa Spirograph, faz-nos viajar também no tempo, através das cordas que sustentam a música, sempre na medida certa, sem grandes exageros, como é habitual devido à mestria interpretativa de Andrew, um músico eminentemente folk, conhecido pela arte de tocar o violino, mas que sabe dosear os vários instrumentos que fazem parte do seu arsenal particular e onde também gosta de incluir a sua própria voz. Essa voz firma-se cada vez mais como uma das marcas identitárias da sua arte. Ela sabe tocar no mais fundo de nós, como em Railroad Bill, mas também partilhar o destaque com outros executantes, como em If I Needed You, ou ainda ser introspetiva, sem recorrer ao sussurro, como na belíssima Something Biblical, uma das mais bonitas e sinceras canções de Hands Of Glory.
Mas o meu grande destaqe deste disco ficou quase para o fim; A penúltima canção, Orpheo, é uma versão alternativa da Orpheo Looks Back de Break It Yourselfe se a original encontrava a sua beleza nos diversos momentos entre coro e cordas, esta nova música surge como um suspiro íntimo e pessoal que encontra o desabafo na figura mitológica do orfeu para expressar otimismo durante uma fase infernal da vida de alguém.
Em suma, a impressão que dá é que Break It Yourselffoi preparado meticulosamente pela mente, enquanto Hands of Gloryfoi pensado com o coração. Mesmo o final com a longa e instrumental Beyond the Valley of the Three White Horses, é algo de muito emocional e sensível. Hands Of Glory não é uma súmula de oito canções que ficaram de fora de Break It Yourself, mas a melhor expressão da metade direita do cérebro de Andrew, agora plasmada na sua já notável discografia. Espero que aprecies a sugestão...
01. Three White Horses 02. When That Helicopter Comes 03. Spirograph 04. Railroad Bill 05. Something Biblical 06. If I Needed You 07. Orpheo 08. Beyond The Valley Of The Three White Horses
Os Delay Trees são uma banda de dream pop dos arredores de Helsinquia, na Finlândia, formada por Rami Vierula (voz, guitarra), Lauri Järvinen (voz, guitarra, sintetizador), Onni Oikari (voz, bateria) e Sami Korhonen (baixo, sintetizador).
Estrearam-se em 2009 com o EP minimalista Soft Construction e no ano seguinte estrearam-se nos discos com um trabalho homónimo, muito bem recebido pela crítica e que lhes valeu uma extensa digressão. Em 2011 editaram o EP Before I Go Go(disponível para download abaixo) e agora, no final de 2012, estrearam-se nos discos com Doze, álbum editado no passado dia dezanove de outubro pela Soliti Records.
Este segundo disco dos Delay Trees é mais um excelente lançamento da Soliti Records. E quando comecei a escutar este trabalho, o primeiro pensamento que me surgiu foi que se os Beach Boys tivessem uma banda de shoegaze e dream pop, eles seriam os Delay Trees. Doze está carregado de belíssimas improvisações melódicas, que criam paisagens etéreas e melancólicas que nos ajudam a emergir às profundezas das nossas memórias. É um álbum perfeito para ser mais uma banda sonora para estas noites frias de introspeção e meditação, um disco excelente para ouvir nos headphones junto à lareira, apenas iluminados pela luz que ela e as canções deste álbum debitam.
O single HMLdestaca-se por ser a canção mais parecida com muitas das propostas pop atuais, tendo um cariz um pouco mais comercial, o que pressupôe que não terá sido inocente a tentativa de compôr uma espécie de canção chamariz, que depois fizesse chamar a atenção do público para o resto do álbum e para a música que os Delay Trees realmente gostam de fazer.
Seja como for, não há dúvida que em Dozeestes quatro rapazes finlandeses levantaram asas e subiram bem alto, rumo a paisagens sonoras brilhantes e etéreas. Espero que aprecies a sugestão...