man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Ganglians - Still Living
Os Ganglians são uma banda americana natural de Sacramento, Califórnia (EUA), formada por Ryan Grubbs (voz), Kyle Hoover (guitarra), Adrian Comenzind (baixo) e Alex Sowles (bateria). Fundados em 2007, fazem um som que viaja entre o rock e a pop, como comprova Still Living, disco lançado pela Lefse Records no passado dia 29 de agosto e produzido por Robby Moncrieff (Dirty Projectors), depois do aclamado Monster Head Room (2010).
As duas caracteristicas marcantes dos Ganglians, em Monster Head Room, eram a sonoridade lo-fi e as vocalizações pop a lembrar os Beach Boys. Em Still Living, temos um disco bem mais limpo e coeso e se antes a banda era catalogada como lo-fi pysch folk, agora parece mais um grupo de surf rock saído da década de 60. Esta reinvenção foi essencial para que os Ganglians conseguissem fazer algo bastante raro na música atual; conseguiram lançar um segundo disco melhor que a estreia, mais acessivel e ao mesmo tempo mais musical, mantendo a qualidade anterior.
Muito se diz sobre as vertentes musicais que poderão atestar o amadurecimento de uma banda; Os Ganglians melhoraram as suas habilidades nos instrumentos, nas letras e na sonoridade. E além de terem conseguido aprimorar estas três categorias em apenas dois anos, conseguiram também fazer um disco mais pop. E isso é, sem dúvida, impressionante. Espero que aprecies a sugestão...
01. Drop The Act
02. That’s What I Want
03. Evil Weave
04. Sleep
05. Jungle
06. Bradley
07. Things To Know
08. Good Times
09. The Toad
10. California Cousins
11. Faster
12. My House
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Wavves - Life Sux EP
Em pouco mais de três anos os Wavves de Nathan Williams saíram do completo desconhecimento para se transformarem numa das mais novas coqueluches do indie rock contemporâneo, algo que os californianos procuram solidificar em Life Sux o seu mais recente lançamento discográfico, um EP que chegou ao mercado no passado dia 20 deste mês, após o bastante aclamado King Of The Beach (2010).
Da esquizofrenia sonora quase inaudível do disco homónimo de estreia, em 2008, à pop de praia contagiante de King Of The Beach, os Wavves deixaram de ser um nicho para um público apenas interessado no chamado skate rock e acederam aos principais festivais de música norte-americana, conseguindo o amplo crescimento dos seus seguidores.
Este Life Sux segue o mesmo caminho já percorrido pelo grupo de San Diego, Califórnia, em King Of The Beach. No entanto, as guitarras tocam uma melodia mais pop e acessível, afastando-se também definitivamente do disco homónimo de estreia permeado por composições repletas de ruídos caóticos, massas sonoras totalmente instáveis e guitarras com um som nem sempre audível.
O EP começa com a dançante e ensolarada Bug e termina com a já conhecida Mickey Mouse. Pelo meio, Williams e os companheiros Stephen Pope e Jacob Cooper vão arremessando pequenas rajadas de versos bem humorados, guitarradas carregadas de distorção audível e uma energia pop refrescante, já típicamente Wavves. Aqui e ali vão bebendo do punk, passam pelo lo-fi, surfam nas ondas do surf rock e até piscam o olho ao hardcore. Assim, as oito composições do disco fluem com uma naturalidade ímpar, assente numa sonoridade que, apesar da míriade de influências, ligou o descomplicador sonoro e procura conquistar um público mais comercial, numa tentativa descarada de impôr os Wavves à escala global.
Neste Life Sux, que ao contrário dos discos anteriores lançados pela Fat Possum chega através da Ghost Ramp, outra diferença importante é a maior participação efetiva dos vários membros da banda. Nos registos anteriores Williams era a figura solitária que assumia cada detalhe; Agora o músico divide as vocalizações de algumas canções com outros parceiros e até convidados ilustres, nomeadamente a vocalista dos Best Coast e sua namorada, Bethany Cosentino em Nodding Off e Destroy, que conta com a participação destrutiva do líder dos canadianos Fucked Up, Damian Abraham. Uma das músicas mais interessantes e humoradas do ano é I Wanna Meet Dave Grohl, onde o músico assume querer conhecer ou mesmo ser o próprio líder do Foo Fighters, Dave Grohl. Outro destaque é Poor Lenore, uma canção que deixa a banda transparecer uma espécie de sofrimento irónico, sendo um dos poucos momentos calmos do EP.
Em suma, este EP é um conjunto de boas canções, com algumas participações especiais de relevo, mas que não deixa de parecer mais uma espécie de lado B do aclamado King Of The Beach do que propriamente o seu sucessor, que não deverá tardar muito, espera-se.
1. Bug
2. I Wanna Be Dave Grohl
3. Nodding Off (feat. Best Coast)
4. Poor Lenore
5. Destroy (feat. Fucked Up)
6. In The Sand (Live)
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Wild Flag - Wild Flag
Saiu no passado dia 13 de Setembro o homónimo álbum de estreia das Wild Flag, uma banda natural de Portland, EUA, formada por Carrie Brownstein (voz e guitarra), Mary Timony (voz e guitarra), Rebecca Cole (teclados) e Janet Weiss (bateria). Brownstein, além da sua recente carreira como actriz, e Weiss são sobejamente conhecidas por terem sido membros das Sleater-Kinney, Rebecca Cole foi membro dos The Minders e Mary Timony teve grande parte da sua vida ligada aos Helium. São as mais recentes meninas bonitas da cena indie norte americana e têm conquistado imenso público graças aos seus concertos explosivos.
Com dez músicas, Wild Flag foi editado pelo histórico selo Merge Records, casa dos Arcade Fire, She & Him, Crooked Fingers, Stephen Merritt, Superchunk, Archers Of Loaf e Dinosaur Jr, entre outros. Tenho andado a ouvi-lo com particular entusiasmo, até porque a sonoridade vai de encontro ao indie rock da década de noventa, passa pelo punk, tem doses de hardcore, vai até as bandas femininas dos anos 60/70 e por fim, nos arranjos, pinta-se de psicodelia, afastando-se do visual e da temática surf rock lo fi presente na maior parte das bandas femininas que surgiram no periodo mais recente. Aqui não há espaço para grande conversa ou acrobacias sonoras; O trio mágico guitarra, baixo e bateria dita as regras e não permite qualquer intromissão.
Tem-se popularizado a ideia de que as bandas de miúdas devem fazer música com uma sonoridade eminentemente pop, inundada por uma espécie de maresia lo fi e versos romanticamente construídos, transformando as suas intérpretes em criaturas frágeis, delicadas e ingénuas. Definitivamente, e ainda bem, este não é o caminho escolhido pelas Wild Flag, que têm neste seu primeiro álbum um registo cru e dominado, como já disse, pelas guitarras repletas de atitude. Portanto, neste Wild Flag esqueçam qualquer semelhança com o trabalho de bandas como as Dum Dum Girls, Best Coast ou Vivian Girls e mesmo outros grupos com influências mais eletrónicas como as CSS.
Alavancadas pelo estrondoso single Romance, o quarteto mantém a energia do álbum sempre no mais alto nível, no melhor estilo Pavement, The Kills ou outros grandes projetos que definiram os rumos do rock alternativo nos últimos anos. Todas as faixas presentes no álbum são potenciais hits e conseguem arrancar o ouvinte do chão em poucos segundos. Mesmo que pareça voltado para o público feminino, a maneira como as Wild Flag tocam, de forma sólida e bastante agressiva em boa parte das canções, acaba por resultar num projeto acessível a todos os públicos, sendo capaz de fazer com que qualquer roqueiro machão se curve perante elas. Espero que aprecies a sugestão...
01 – Romance
02 – Something Came Over Me
03 – Boom
04 – Glass Tambourine
05 – Endless Talk
06 – Short Version
07 – Electric Band
08 – Future Crimes
09 – Racehorse
10 – Black Tiles
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Bidibop - Be EP
Bidibop é o projeto a solo de Vincent Nicolas, músico multi instrumentista francês natural de Lyon e que já toca instrumentos desde os quatro anos, nomeadamente violino, piano, guitarra e bateria. Em 1998 fundou o grupo de post rock Un Automne À Lob-nem ao lado de Sébastien Roux e desde a separação da banda, dedicou-se ao projeto a solo, declarando desde logo ser seu único objetivo abordar a sonoridade pop. A estreia nos discos ocorreu em 2005, através da Carte Postale Records, uma editora conhecida em França por apostar em novos e promissores valores da cena musical underground, independentemente do seu estilo musical. O disco chamava-se Snapshot e de acordo com a crítica, impregnado com a dita pop etérea e desarmante.
Agora, no passado dia um de julho, lançou Be, através da Dying For Bad Music, um disco que tenho andado a ouvir e que mistura subtilmente a pop contaminada com a eletrónica e o rock, levando-nos ao longo de uma paisagem em constante mutação e com uma mistura única de melodias falsamente ingénuas, sons e texturas.
O músico brinca com sintetizadores antigos e amostras de sons eletrónicos, entrelaçando-os com a guitarra acústica, construindo assim um som brilhante, global e orgânico, ideal para, por exemplo, ajudar a limpar mentes mais inquietas num dia ensolarado na primavera. De certa forma Bidibop faz lembrar o ambiente sonoro harmonioso e relaxante de Brian Eno.
30 sundays
propaganda
water
grey paints
nightmare
lyrism
all the things
dumb call
heavy light
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REM, Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage, 1982 – 2011
Cinco dias após o anúncio oficial do fim da banda, os R.E.M. acabam de anunciar o Greatest Hits de despedida. REM, Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage, 1982 – 2011, será lançado no mercado a 14 de novembro e incluirá We All Go Back To Where We Belong, (será editado como single a 18 de Outubro), A Month of Saturdays e Hallelujah, três novas canções gravadas pela banda este verão, após o final do lançamento de Collapse Into Now, em Athens, Georgia, terra natal da banda e com o produtor Jacknife Lee.
Como todos sabemos, a carreira dos R.E.M. divide-se em dois grandes períodos; Numa primeira fase a banda lançou seis discos através da editora independente I.R.S. Label; Em 1987 assinam pela Warner Bros. Records, através da qual lançam a restante discografia. REM, Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage, 1982 – 2011 passará em revista os trinta e um anos de carreira, distribuidos por estas duas etiquetas que levaram o grupo da garagem até à lua.
Entretanto e ainda na ressaca da separação, o baixista Mike Mills revelou hoje à evista Rolling Stone algumas das razões que levaram ao fim. Há uma grande parte de tristeza, mas na realidade é celebratório, afirmou. Há tristeza porque nunca mais vou tocar no mesmo palco que o Peter (Buck) e que o Michael (Stipe), revelou Mills, que explicou a mistura de sentimentos: Estamos a fazer isto pelas razões certas e acabamos por olhar para trás, para a alegria e as oportunidades incríveis que tivemos. O baixista revelou ainda que não há zangas entre os membros da banda que tenham causado a separação: Não é porque temos que acabar ou porque não nos suportamos uns aos outros, nem mesmo porque não prestamos. Estamos felizes, mas acabámos.
Rob Cavallo da Warner Bros. Records revelou que o final dos R.E.M foi muito inesperado e que soube na mesma manhã que o comunicado foi publicado no site, através de um telefonema do manager da banda. Não consigo acreditar que eles vão acabar, mas compreendo. Eles são muito puros, muito respeitosos com aquilo que fazem, afirmou. Pelos vistos a decisão dos R.E.M. já estava tomada há alguns meses, antes de se encontrarem na Georgia para gravar os três novos temas para R.E.M. Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage 1982- 2011. A banda atrasou o anúncio do fim porque muitas pessoas foram afectadas de forma séria com esta decisão. Queríamos que corresse tudo como deve ser e estávamos entusiasmados por ter composto três músicas muito boas como despedida.
A banda já teria falado em terminar há muito mais tempo e embora Mills não saiba precisar quando começaram a pensar nisso, revela que depois de Around The Sun, editado em 2004, a banda achou que ainda tinha mais a provar: Precisavamos de provar, não só aos fãs e aos críticos, mas a nós próprios, que ainda podíamos fazer grandes álbums e fizemos dois (Accelerate, em 2008 e Collapse Into Now). Pensámos, conseguimos, agora vamos fazer uma coisa que banda nenhuma fez: Apertar as mãos e sair como amigos.
A tracklist de REM, Part Lies, Part Heart, Part Truth, Part Garbage, 1982 – 2011 será a seguinte:
Disco 1:
Gardening At Night
Radio Free Europe
Talk About The Passion
Sitting Still
So. Central Rain
(Don’t Go Back To) Rockville
Driver 8
Life And How To Live It
Begin The Begin
Fall On Me
Finest Worksong
It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
The One I Love
Stand
Pop Song 89
Get Up
Orange Crush
Losing My Religion
Country Feedback
Shiny Happy People
Disco 2:
The Sidewinder Sleeps Tonite
Everybody Hurts
Man On The Moon
Nightswimming
What’s The Frequency, Kenneth?
New Test Leper
Electrolite
At My Most Beautiful
The Great Beyond
Imitation Of Life
Bad Day
Leaving New York
Living Well Is The Best Revenge
Supernatural Superserious
Überlin
Oh My Heart
Alligator_Aviator_Autopilot_Antimatter
A Month of Saturdays
We All Go Back To Where We Belong
Hallelujah
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3 de rajada... XLV
No dia em que são editados os novos discos dos Death In Vegas, Wilco, Zola Jesus e Brett Anderson e é reeditado o Nevermind dos Nirvana, em Três De Rajada..., que parte da minha busca por novidades e pretende dar a conhecer música nova lançada no mercado discográfico, destaco All The Young, Skylar Grey e Viva Brother. Toca a ouvir e a tirar ilações...
All The Young – Quiet Night In
Skylar Grey – Invisible
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Nevermind - 20...
Nevermind, o segundo álbum dos Nirvana, foi lançado há exatamente vinte anos. Assim que foi lançado, conquistou de imediato a aclamação da crítica e o sucesso de público, vendendo mais de vinte milhões de álbuns, com a particularidade feliz de quatro meses depois, em janeiro de 1992, ter destronado Michal Jackson do top da tabela de vendas norte americana. Naquele instante Jackson caiu do pedestal e partiu o nariz... O resto da história já conhecem!
Os R.E.M. são a minha banda de eleição e à época eu andava bastante entretido com o Out Of Time. Seja como for, enquanto Michael Stipe & companhia, acabadinhos lançar o segundo disco ao abrigo do contrato pela Warner, conquistavam a MTV com Losing My Religion, admito que seria Smells Like Teen Spirit e o seu videoclip cheio de cheerleaders e maltrapilhos vestidos de calças rasgadas, a marcar para sempre a consagração definitiva do rock alternativo. O género alternativo, ou seja, tudo o que não vende milhões, passaria agora a viver no mundo oposto, a ser destaque da imprensa, a ter tempo de antena na televisão.
Este álbum consagrou os Nirvana no mundo inteiro, tornou-se famoso pela sua variada sonoridade que pegou no punk e mastigou-o, com um sabor açucarado e fez com que muitos confessassem gostar de metal na mesma medida em que se admiram as harmonias vocais dos Beach Boys. Nevermind também se destacou de imediato pela sua capa, eleita pela revista Rolling Stone como a melhor capa de todos os tempos e levou ao estrelato um bebé anónimo de L.A. chamado Spencer Eldon, que ainda hoje confessa sentir-se, devido aquela foto tirada por Kirk Weddle, a maior estrela pornográfica do mundo.
Por entre a névoa do seu cérebro, Cobain era um prodigioso arquiteto musical. Com o apoio primordial do produtor Butch Vig, idealizou todas as faixas de Nevermind ao milímetro; Os takes de voz foram repetidos nota a nota até Cobain não desafinar, apesar de ir buscar muitas notas às vísceras e as guitarras foram exploradas duas a duas, com a dupla Novoselic / Cobain a fazer um som lento - rápido, manso - violento, que na altura foi batizado de super grunge.
Cobain viveu os três últimos anos da sua vida atordoado com o êxito de Nevermind e ganhou uma legião de fãs que logo o viram como um profeta. Não se despediu do mundo sem deixar um disco ainda mais aterrador, In Utero, aquele que foi provavelmente o último disco do rock visceral.
Nevermind continua a ser um dos trabalhos mais influentes do cenário musical e sem este disco o mundo seria hoje, na minha opinião, muito mais pobre e aborrecido porque a pop e o rock alternativo, como os conhecemos não existiriam. Este disco passou a definir um antes e um depois e trocou as voltas às distribuidoras de discos e às suas politicas. Fez de todos nós, que na altura abraçavamos a juventude, tábua rasa e mudou-nos de alguma forma a vida. Hoje, a maioria de nós vivemos a recibos verdes, apesar da crise não planeamos fazer nehuma revolução e quando ouvimos falar em mais sacrifícios e impostos pensamos... Oh well, whatever, nevermind.
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Canon Blue - Rumspringa
Daniel James aka Canon Blue é um músico multi instrumentista norte americano natural de Nashville e que costuma colaborar com os dinamarqueses Efterklang e as islandesas Amiina, duas bandas que acompanho com realtiva devoção. Iniciou a sua carreria a solo, ainda em nome próprio, em 2007 com o EP Halcyon (2007) e com Colonies, um álbum feito a meias com Chris Taylor dos Grizzly Bear e que mistura, segundo a crítica que li, uma sonoridade pop com alguns elementos da eletrónica. Ambos os discos foram editados pela etiqueta dinamarquesa Rumraket, detida pelos Efterklang. No passado dia dezasseis de agosto lançou Rumspringa, o seu primeiro disco como Canon Blue e que tenho andado a ouvir com bastante interesse, graças à sugestão do amigo Salaberth.
Proclamado como um álbum de pop orquestrada, Rumspringa tem a particularidade de cada música ser, no título, precedida pelo nome de uma cidade dos EUA, apesar de a sonoridade derivar, quanto a mim, de um cruzamento entre a pop folk nórdica e alguns elementos tropicais. Canon Blue parece ter procurado criar um ambiente luxuoso, com uma produção rica e dramática e sem esquecer o verão, a estação em que o hemisfério norte se encontra no momento em que gravou o álbum. Indian Summer, o primeiro single, é um exemplo pradigmático desta ideia; A música tem um começo tropical repleto de elementos da percurssão, mas não demora muito até aparecer o lado orquestral da história. Violinos, diferentes camadas de percussão, clarinetes, guitarras e até um coral de fundo são alguns dos elementos que fazem jus ao título da música e que se repetem pelo alinhamento fora, que combinados e alternados formam algumas das músicas mais bonitas e alegres que descobri neste verão.
O álbum beneficia imenso das colaborações que James tem mantido com as bandas que citei anteriormente. Mas este conjunto de canções, devido à sua complexidade instrumental, criam um ambiente sonoro de profundidade e complexidade sonora, que me recorda também imediatamente alguns dos melhores momentos de Sufjan Stevens; Para isso também contribui decisivamente a presença do baterista Bjorn Heeboll na condução da bateria e dos restantes elementos da percussão.
A gradual introdução dos instrumentos ao longo das canções ou do alinhamento de um disco, é uma arte praticada por algumas bandas de renome, sendo os Radiohead e os Grizzly Bear dois exemplos que me saltam logo à memória e que percebe-se que James queira de alguma forma imitar. A primeira canção do álbum, Chicago (Chicago), começa com vocalizações suaves antes de adicionar vários tambores; Esta prática mantém-se ao longo do disco com diferentes posturas vocais, vários tipos detambores e linhas de sintetizadores incomuns a ressoar em cada música. Honeysuckle (Milwaukee) é dominada pela batida suave da bateria e pelo sintezador, indo ao encontro da mesma sonoridade pop da já citada Indian Summer (Des Moines). A repetição contínua do refrão It’s gonna be the last day of our lives e a conjugação das vozes, faz com que a canção cresça até atingir um climax. Lulls (Memphis), uma música completamente instrumental, começa suavemente e depois vai sofrendo um acrescento contínuo de cordas quase até quase ao fim da canção. A Native (Madison) trouxe-me logo à memória o casamento entre as cordas e a parelha vocal masculina e feminina tão típica dos Arcade Fire e Velveteenager (Minneapolis B) impressionou-me pela complexidade da bateria, com uma sonoridade a recordar Bed Of Nails dos Wild Beasts.
Em suma, Rumspringa é feita por uma míriade de influências que derivam das bandas com quem Canon Blue colabora directamente, assim como do fato de ser um músico que viaja imenso, ouve muita música e passa bastante tempo na Europa. As músicas são quase todas uma espécie de sinfonia onde se explora quase ao limite as possibilidades de harmonização e, em termos de escrita, as possibilidades líricas, resultando numa espécie de efervescência sonora extravagante infinita e intrincada; Pessoalmente, ao ouvi-las foi como se estivesse a fazer o roaming de um mundo sonoro onde nunca estive antes.
Tal como eu, os fãs de paisagem sonoras densas e épicas sob harmonias pop, vão certamente gostar de ouvir Rumspringa. Já agora, Canon Blue anda na estrada a abrir os concertos da digressão americana dos Foster The People. Espero que aprecies a sugestão...
01 - Chicago (Chicago)
02 - Autark (Nashville)
03 - Indian Summer (Des Moines) single
04 - Honeysuckle (Milwaukee)
05 - Velveteenager (Minneapolis B)
06 - Heavy Heart (Minneapolis A)
07 - Lulls (Memphis)
08 - Fading Colors (Bloomington)
09 - A Native (Madison)
10 - Bows & Arrows (Vegas)
11 - Andalusia (Davenport)
http://www.canonblue.com
http://www.facebook.com/pages/Canon-Blue/28455937447
http://twitter.com/#!/canonbluemusic
http://www.myspace.com/canonblue
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R.E.M. Gone Wrestling...
Ontem, dia 21 de setembro, os R.E.M. anunciaram ao mundo o fim de uma grande aventura com mais de 30 anos no site oficial da banda. Estava sentado no sofá de casa a ouvir a primeira faixa de Rumspringa, o disco mais recente do projeto Canon Blue, quando oportal Stereogum, através da rede social Facebook, surgiu-me perante o olhar com uma atualização onde se lia R.E.M. quits. Muito sinceramente, tenho uma dificuldade imensa em descrever o que senti naquele preciso momento, o enorme vazio que instantaneamente se apoderou de mim! Fiquei sem vontade nenhuma de abrir o link e ler o conteúdo e senti uma necessidade imensa de abrir bem os meus olhos e respirar fundo para não me deixar abater emocionalmente pelo que iria ler. Carreguei então no dito link que de imediato me remeteu para o comunicado oficial da banda e que ontem transcrevi neste blogue.
À medida que os anos vão passando, crescemos, a nossa vida evolui e avança, passamos por experiências boas e amargas e, se tudo for correndo bem, atingimos sonhos e objetivos. E ao longo dessa caminhada há sempre marcas, pessoas, circunstâncias e factos da nossa vida, ideias, sonhos e desejos que nos acompanham e marcam a nossa identidade, como se fossem um carimbo ou uma tatuagem invisivel, que não se vê, mas que nós e os que connosco convivem sabem que existe e que está lá. E os R.E.M. são, sem a mínima hesitação, uma marca na minha vida, um descritor essencial da minha identidade, algo indissociável da meu eu enquanto pessoa, doa a quem doer, como sabem todos aqueles que porventura me conhecem minimamente e possam estar a ler este texto.
Poderá haver quem me ache demasiado sentimental e lamechas (só eu sei o quanto algumas músicas dos R.E.M. contribuiram ao longo da minha vida para alimentar esta marca da minha personalidade) em determinados momentos e situações da minha existência; Neste facto concreto, o fim dos R.E.M. enquanto banda, tenho todo o direito de o ser e de extravasar a minha imensa mágoa, exatamente porque eles são, como referi, uma caraterística essencial da minha identidade!
Sei que pode haver quem ache um exagero falar assim, mas sinto que ontem perdi um bom amigo e que ele deixou um vazio cá dentro que ninguém (neste caso uma banda) poderá colmatar! Foi como se tivesse deixado de ter ao meu lado um ser que estava sempre ali, que me ouvia quando colocava um disco deles a tocar, com quem falava nos meus passeios e viagens, nos meus momentos de solidão e mais pessoais e por quem esperava avidamente por notícias e novidades! Agora ficam-me apenas as recordações desse amigo, na vasta discografia que guardo lá em casa, como se fossem cartas que me escreveu e me deixou para eu ler sempre que queira!
No comunicado oficial a banda refere que se despede com enorme sentido de gratidão e de deslumbramento por tudo o que conseguiram. Eu é que agradeço com enorme sentido de gratidão e deslumbramento por tudo o que consegui por vossa causa! Sem vocês não teria nunca feito Djing, não teria iniciado a coleção de discos que agora tenho, não teria criado este blogue, não teria convencido os extintos The Otherside a fazerem uma versão acústica de I've Been High, não me teria privado de bens que gosto para poder segui-los e adquirir a sua discografia e não teria feito tantas outras coisas que agora não me consigo recordar...
Obrigado R.E.M.
Deixo agora um vídeo da NASA que mostra como há alguns dias atrás Michal Stipe entrou em direto com alguns astronautas da última missão do Space Shuttle Atlantis para partilhar com eles Man On The Moon e (decisão difícil), por ordem cronológica, algumas das minhas mais...
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R.E.M - The End...
Os R.E.M. acabam de anunciar a separação...
Estou em choque, confesso! Custa a acreditar...
Fica a curta declaração oficial da banda e de cada um dos membros. Para já nada mais me ocorre dizer...
"To our Fans and Friends: As R.E.M., and as lifelong friends and co-conspirators, we have decided to call it a day as a band. We walk away with a great sense of gratitude, of finality, and of astonishment at all we have accomplished. To anyone who ever felt touched by our music, our deepest thanks for listening."

MIKE
"During our last tour, and while making Collapse Into Now and putting together this greatest hits retrospective, we started asking ourselves, 'what next'? Working through our music and memories from over three decades was a hell of a journey. We realized that these songs seemed to draw a natural line under the last 31 years of our working together.
"We have always been a band in the truest sense of the word. Brothers who truly love, and respect, each other. We feel kind of like pioneers in this--there's no disharmony here, no falling-outs, no lawyers squaring-off. We've made this decision together, amicably and with each other's best interests at heart. The time just feels right."
MICHAEL
"A wise man once said--'the skill in attending a party is knowing when it's time to leave.' We built something extraordinary together. We did this thing. And now we're going to walk away from it.
"I hope our fans realize this wasn't an easy decision; but all things must end, and we wanted to do it right, to do it our way.
"We have to thank all the people who helped us be R.E.M. for these 31 years; our deepest gratitude to those who allowed us to do this. It's been amazing."
PETER
"One of the things that was always so great about being in R.E.M. was the fact that the records and the songs we wrote meant as much to our fans as they did to us. It was, and still is, important to us to do right by you. Being a part of your lives has been an unbelievable gift. Thank you.
"Mike, Michael, Bill, Bertis, and I walk away as great friends. I know I will be seeing them in the future, just as I know I will be seeing everyone who has followed us and supported us through the years. Even if it's only in the vinyl aisle of your local record store, or standing at the back of the club: watching a group of 19 year olds trying to change the world."