man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Death Cab For Cutie- Codes and Keys
Um dos discos que tenho andado a ouvir no meu pouco tempo livre é Codes and Keys, o novo trabalho dos norte americanos Death Cab For Cutie, formados por Ben Gibbard, Chris Walla, Nick Harmer e Jason McGerr.
Já vai longe o tempo em que se ouvia falar dos Death Cab For Cutie como um grupo exclusivo de um reduto número de fãs e um dos pequenos ícones da música independente norte-americana. A popularidade crescente da banda, reforçada pelas suas participações em várias séries televisivas, os olhares dos média sob o casamento de Ben Gibbard e Zooey Deschanel e a enorme popularidade de algumas composições, apenas trouxeram maior visibilidade ao som do grupo de Bellingham. No entanto, esta massificação da imagem da banda, felizmente não prejudicou as suas composições, como comprova este Codes and Keys.
Há imenso tempo que a escrita e composição de Gibbard não se inspirava no panorama melancólico encontrado nos primeiros discos da banda, quando ela era uma espécie de projeto a solo, algo que em Transatlanticism (2003) teve o seu ponto máximo. Recordo que nesse disco houve uma grande quantidade de versos e sons que se guiavam por uma tristeza sem limites. Embora a temática depressiva ainda fosse o mote para algumas das obras recentes dos Death Cab For Cutie, como Plans (2005) e Narrow Stairs (2008), tanto as letras como a instrumentação deste novo disco mostram um novo caminho, algo que não apenas evita que o grupo caia em repetições, como torna as propostas da banda sempre inéditas.
Para este sétimo álbum, o grupo mais uma vez prima pela inovação, guiando as canções através de duas vertentes distintas, que fazem com que o som do quarteto se evidencie mais uma vez de forma nova e criativa. Salta logo ao ouvido o uso relevante de programações, efeitos, sintetizadores e o uso moderado da bateria eletrónica, o que dá ao registo uma maior aproximação ao que Gibbard faz no seu projeto paralelo, os The Postal Service. Porém, enquanto nesse projeto paralelo o som se inclina de forma expressiva para uma toada mais sintética, dentro de Codes and Keys tais elementos surgem como um complemento ao som da banda.
Esta descrição que acabo de fazer torna-se evidente logo na abertura do trabalho, através de Home Is a Fire, uma música enérgica, quase desprovida de batidas e teclados, mas com a voz carregada de efeitos. Em Some Boys ocorre o mesmo, porém de forma mais esparsa e com uma maior ligação entre a instrumentação sintética e outros sons mais orgânicos. Este cruzamento intensifica-se posteriormente em St. Peter’s Cathedral, com os toques de eletrónica a funcionarem como uma espécie de tempero às composições e inviabilizando que o som do álbum soe excessivamente similar aos registos anteriores do grupo.
A outra temática desenvolvida dentro do disco vem inserida no funcional uso das guitarras, algo que através do último álbum (Narrow Stairs) passou a contabilizar maior espaço dentro da sonoridade dos Death Cab For Cutie. Enquanto nos primeiros discos da banda as guitarras orientavam-se para uma sonoridade mais acústica, com as guitarras tocadas sem distorção, dando aos discos um caráter intimista, em Codes and Keys o som das guitarras é mais grandioso e elétrico. Neste novo álbum tudo parece melhor solucionado e os acordes soam de forma mais límpida e grandiosa, conduzindo a banda rumo a um som mais direto e eficaz.
A banda até aproveita ainda para experimentar instrumentos mais variados, como em Portable Television, uma música que soa de forma completamente distinta de algo que os Death Cab For Cutie já tenham feito antes, ou em Stay Young, Go Dancing, que mesmo guiada pela acústica, apresenta a banda de forma alegre e nada intimista, cheia de acordes ensolarados e totalmente distantes da tristeza de outras épocas.
Diferente dos demais álbuns do grupo, este sétimo disco parece-me um trabalho menos fechado, servindo quase como um ponto de partida para uma futura exploração de novas formas de fazer som. Não é o que pode ser visto como uma evolução, até porque, na minha opinião, tanto Transatlanticism quanto Plans prevalecem como os melhores registos do grupo e são discos instrumentalmente superiores a este, além de guardarem os mais belos versos já expostos pelo quarteto. Mas, Codes and Keys demonstra que um dos maiores atributos desta banda é terem o dom de se manterem fiéis à sua própria identidade sem serem repetitivos. São autênticos, mas pouco previsíveis! Cada álbum deles é uma experiência nova, e não a repetição da mesma receita. E é por isso que são, quanto a mim, uma grande banda.
Ben Gibbard e Nick Harmer poderiam muito bem deitar-se nos louros das glórias passadas, aproveitar a base de segura de fãs que a banda tem e embarcarem num disco de releitura deles próprios. Mas se tivessem tido ao longo da carreira esse tipo de atitude, provavelmente não teriam chegado a este sétimo disco.
- Home Is A Fire
- Codes And Keys
- Some Boys
- Doors Unlocked And Open
- You Are A Tourist
- Unobstructed Views
- Monday Morning
- Portable Television
- Underneath The Sycamore
- St. Peter's Cathedral
- Stay Young, Go Dancing
Death Cab for Cutie – You Are A Tourist
Death Cab for Cutie – Home Is A Fire
Death Cab for Cutie – Some Boys
Death Cab for Cutie – Underneath The Sycamore
Death Cab for Cutie – St. Peter’s Cathedral