man on the moon

Quando o coração é paciente e sabe que na vida há momentos únicos pelos quais vale a pena esperar, mais claras são as boas sensações que nos preenchem quando os instantes pelos quais tanto esperámos estão ali, ao nosso lado e à nossa frente, ao mesmo tempo, no mesmo espaço físico e temporal.

Há quem vibre com um bom filme e chore quando determinadas imagens projectadas numa tela negra, reais ou cheias de ficção, mexem com todos os nossos sentidos, nos arrepiam e nos dão momentos momentâneos de pura felicidade! Isso acontece-me com frequência nas mais variadas salas de cinema deste país tão pequenino mas, até hoje, em nenhum outro local consegui encontrar a pura realização feliz e plena desse preenchimento interior, como encontro em frente a um palco onde toca uma das minhas bandas favoritas, ou junto a uma Denon de duas pistas, onde também, em alguns instantes, consigo fazer as outras pessoas momentaneamente felizes!

Naquelas quase duas horas encontrei-me comigo próprio, conheci muito mais de mim mesmo e ganhei coragem para fazer algo impensável, que nunca pensei ter algum dia coragem para realizar! A perfeição foi atingida e, durante cinco longos minutos que para mim se tornaram desde logo eternos, percebi com mais clareza de que massa sou feito, aquilo que sou hoje e como quero viver o resto dos meus dias! Inacreditável ter visto tanta luz e tanto brilho, ter sentido tanta alegria num espaço físico associado à morte e ao desrespeito pela vida animal... Pela primeira vez, num evento do género, consegui subir ao palco e ter a certeza que estava em comunhão perfeita comigo mesmo, como se a tal luz que a música nos oferece, me ofuscasse com um brilho tal, que me fez ver mesmo tudo o que tenho dentro de mim, com uma clareza inacreditável.

Finalmente voltei a sentir, naquele local, nesse instante, o que é realmente viver e não limitar-me a viver os meus dias alimentando somente os meus instintos mais básicos de sobrevivência!

No escuro e na intimidade do meu Kico, chorei, sorri, tremi, suspirei imenso, brilhei como nunca tinha brilhado antes, tive a certeza que sou mesmo uma pessoa boa, por me deixar envolver desta forma, por aquilo que via, ouvia e sentia!

Agora e aqui, neste preciso instante, a minha mão direita ainda está humedecida, devido ao empolgamento... era suor que queria ser cola, para que aquele instante se tornasse eterno e aquela união perfeita, nunca mais encontrasse um fim.

Tive mesmo a certeza absoluta que, um dia, não importa quando, onde ou como, vai ficar tudo bem comigo e com quem realmente mais importa neste mundo e mais merece!

Em "man on the moon" está escrita a essência daquilo que sempre fui, sou e serei mas, "hoppipolla" será sempre a síntese perfeita do que me faz vibrar e de como é bom acreditar nos meus sonhos e sentir que eles se podem tornar realidade! Foi ao som dessa bela melodia que concretizei um dos maiores sonhos da minha vida e fui realmente feliz, como já não era há mesmo muito tempo!

É esta a única crítica plausível, sincera, única e verdadeira que consigo fazer ao concerto dos Sigur Rós, no Campo Pequeno, dia 11 de Novembro de 2008.

Algumas das músicas ouvidas:

Svefn-g-englar

Ný Batterí

Fljótavik

Við spilum endalaust

Hoppipolla

Með Blóðnasir

Inní mér syngur vitleysingur

E-Bow

Sæglópur

Festival

Hafsól

Gobbledigook

All Alright

(encore)

Glósoli

Popplagið

 "Music Provides Me The Light I Cannot Resist!"