man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
dEUS - Keep You Close
Há muitas bandas em relação às quais, devido à consistência e linearidade sonora da sua carreira, já não esperamos grandes novidades a cada novo disco. Em compensação, geralmente são grupos que apesar de não estarem dispostos a mudanças, conseguem agradar com discos medianos, bons e outras vezes excelentes, que acabam por se tornar em clássicos e referências.
Os belgas dEUS nunca mais fizeram outro álbum à altura de In A Bar, Under The Sea (1997), mas também não têm deixado de dar crédito aos seus últimos trabalhos. Keep You Close, o novo disco de originais do grupo de Tom Barman e um dos meus preferidos, obedece a este paradigma e tem o modus operandi do grupo para fazer música e que me agrada imenso.
O disco tem a típica pop rock que começa calma e amiúde transfigura-se numa viagem mais tensa e raivosa, quase sempre através da avidez vocal de Barman. Aos quarenta anos ele continua a ser o principal compositor e a escrever letras impressionantes, sendo o tempo um dos seus preferidos.
Sonoramente, uma das palavras chave em Keep you Close continua a ser a noção de atmosfera; As músicas são, em essência, simples canções rock, mas é dada particular atenção à estrutura musical e às camadas de som que saiem de todos os instrumentos. A guitarra tem, como sempre, o assento vip nas pistas da mesa de mistura, mas neste álbum em vez de centrarem a sua fúria em riffs e distorções, produzem acentos musicais, que combinados com o baixo e bateria constante, resulta num edifício sonoro muito groovy. Depois as buzinas adicionais, o piano, o sintetizador, o xilofone e o violino dão impulso às músicas e emitem em algumas delas um forte sentimento orquestral.
A faixa título e que abre o disco, procura marcar desde logo uma rutura porque parece-me ter uma sonoridade diferente de tudo o que estes belgas já fizeram; Mas também não deixa de ter aquele toque de dEUS reconhecível. É uma música com um começo muito suave e introvertido mas, mais à frente, a secção rítmica faz com que expluda, demonstrando que, na minha opinião, o álbum não poderia começar de melhor forma.
Ghosts tem um refrão encantador, dentro de uma composição suave e dançante. Constant Now é feita de guitarras bastante trabalhadas e um instrumental rico e melódico, tal como a linda Easy; Estas duas músicas comprovam que instrumentalmente os belgas sabem fazer músicas climáticas, estruturalmente bem arranjadas, com pianos e violinos e que no som deles nem tudo depende apenas do corpo baixo, guitarra, bateria. No entanto, o meu destaque do disco vai para The End Of Romance, uma canção com um início muito minimalista e a voz de Tom Barman a complementar perfeitamente as pancadas de uma guitarra suave, construindo assim uma das melhores canções pop que dEUS já fez.
Nota-se que estes belgas, juntos há quase vinte anos e apesar de terem atravessado alguns períodos caóticos no que diz respeito à solidez da formação, estão mais confiantes nos seus atributos e habilidades musicais. Se alguns críticos e fãs lamentam a ausência de experimentação nos álbuns mais recentes, pessoalmente penso que esta atitude traz consigo um crescimento no departamento de consistência.
Tal como acontece com todos os álbuns dos dEUS, em cada audição somos recompensados com a descoberta de detalhes subtis que surgem e tingem o nosso cérebro. Por cá, Em Keep You Close tem sido incrível o fluxo de descobertas sonoras em cada audição e por isso, não sendo o melhor álbum de sempre dos dEUS, é certamente um dos melhores discos que saíram este ano e um dos melhores na carreira da banda.
1. Keep You Close
2. The Final Blast
3. Dark Sets In
4. Twice We Survive
5. Ghosts
6. Constant Now
7. The End of Romance
8. Second Nature
9. Easy