man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Albert Camus - O Avesso e o Direito.
Albert Camus, escritor e filósofo, nasceu em Mondovi, na Argélia a 7 de Novembro de 1913 e faleceu subitamente em Villeblevin, França a 4 de Janeiro de 1960, num acidente de viação. Escreveu O Avesso e o Direito quando tinha 22 anos, livro que acabei há poucos dias de ler.
Em 1957 Camus obtém o Prémio Nobel da Literatura e um ano mais tarde são publicados Os Discursos da Suécia e reeditado o O Avesso e o Direito. A edição que li e que foi uma bela prenda de Natal, junta estas duas obras, ou seja, inclui também o Discurso que Camus proferiu em Dezembro de 1957, em Estocolmo, durante a cerimónia em que lhe foi entregue o prémio Nobel. É um texto que resume bem a sua concepção do ofício de escritor; Este não pode hoje pôr-se ao serviço daqueles que fazem a história; tem antes de servir aqueles que a sofrem.
Em 1959 Camus começa a redacção de O Primeiro Homem, obra que permanecerá inacabada em virtude do seu abrupto falecimento.
O Avesso e Direito é um livro pequeno, mas não é de fácil leitura o que, neste caso, funciona como um enorme elogio! Tem só cento e nove páginas, contando com vinte de prefácio. E torna-se incrível perceber como é possível que Camus tenha escrito esta obra só com vinte e dois anos. O livro contém cinco ensaios literários, onde o autor se ocupa de sua maior obsessão, o estudo da condição humana. Assim, fala sobre a solidão, a ausência de Deus, o amor, a morte e o absurdo da condição humana.
O primeiro ensaio literário da obra intitula-se A Ironia. É uma reflexão sobre a morte e o abandono, onde o autor fala ao mesmo tempo da juventude e da velhice. Uma mulher velha e carente, que clama pela atenção de seus próximos, é trocada por uma sessão de cinema e um velho convive com jovens, vivendo a ilusão de que recuperará a juventude perdida com eles.
Entre o Sim e o Não é um ensaio de raízes autobiográficas no qual Camus volta à sua infância e fala sobre a necessidade da simplicidade. Entre a solidão e o passado, é necessário um desapego: Num certo grau de despojamento, nada mais leva a mais nada, nem a esperança nem o desespero parecem justos, e a vida inteira resume-se a uma imagem. Camus defende que se viva com realismo e sinceridade e se os homens tornam o mundo difícil, é nossa missão restaurar a sua simplicidade original.
Em a Morte na Alma o autor trata do tema do exílio e da solidão da viagem. Em Praga, entregue a momentos de tédio e de rotina, Camus pondera sobre o sentimento de distância e as saudades de casa. Como viver, como encontrar paz, quando tudo o que há são rostos estranhos e placas cujo significado se desconhece?
Amor pela Vida também fala sobre viagens, mas de um ponto de vista mais estético. Camus fala de esculturas, de claustros góticos, do verde da tarde e de colinas que deslizam para o mar. Há um certo amor perdido em tudo isso; o amor que habita na arte e que também se pode encontrar na natureza. Depende da disposição da alma ser capaz de encontrá-lo, desvendá-lo e alcançá-lo.
Por fim, o ensaio que dá nome à obra. O Avesso e o Direito fala sobre uma mulher que se apega de tal modo ao seu próprio túmulo que acaba por morrer aos olhos do mundo. Nada mais comum; vivemos numa sociedade de mortos que, por orgulho ou egocentrismo, são incapazes de desviar os olhos de si mesmos para contemplar a vida. A vida é curta, e é um pecado perder tempo, diz Camus. O que conta é ser humano e simples. E acrescenta: Não há amor de viver sem desespero de viver. Que assim seja!