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Old Jerusalem - A rose is a rose is a rose

Terça-feira, 22.03.16

Com uma carreira já cimentada de praticamente quinze anos, o projeto Old Jerusalem está de regresso aos discos com a rose is a rose is a rose, um novo tomo de uma já extensa e riquíssima discografia, após um interregno de quatro anos. Esta é uma incrível jornada, batizada com uma música do mítico Will Oldham, da autoria de Francisco Silva e este trabalho um jogo de palavras muito curioso que sustenta, na minha opinião, dez canções ambiciosas, impecavelmente produzidas e com um brilho raro e inédito no panorama nacional.

A rose is a rose is a rose, ao contrário do que costuma suceder nos discos de Old Jerusalem, conta com algumas participações especiais, nomeadamente Filipe Melo no piano, Nelson Cascais no contrabaixo, Petra Pais e Luís Ferreira, dos Nobody’s Bizness, na voz e guitarras, respetivamente, o quarteto de cordas de Ana Pereira, Ana Filipa Serrão, Joana Cipriano e Ana Cláudia Serrão, tendo sido misturado por Nelson Carvalho e gravado com o apoio de Luís Candeias e João Ornelas.

Confesso que o que mais me agradou na audição deste álbum foi uma certa bipolaridade entre a riqueza dos arranjos e a subtileza com que eles surgiam nas músicas, muitos de forma quase impercetível, conferindo à sonoridade geral de a rose is a rose is a rose uma clara sensação de riqueza e bom gosto. Canções do calibre de One for Dusty Light ou a lindíssima A Charm, o meu tema predileto do disco, abracam uma enorme riqueza instrumental, nomeadamente das cordas, sem dúvida o maior trunfo do arsenal instrumental de Old Jerusalem que, com um pé na folk e outro na pop e com a mente também a convergir para um certo experimentalismo, típico de quem não acredita em qualquer regra na busca pela perfeição, prima pela constante sobreposição de texturas, sopros e composições contemplativas, que criaram, neste alinhamento, uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades.

A rose is a rose is a rose acaba por ser um refúgio bucólico dentro da amálgama sonora que sustenta a música nacional atual e, já agora, tem também como um dos seus trunfos uma escrita maravilhosa, em canções que, na minha modesta opinião, são uma tentativa, mesmo que pouco consciente, como se percebe na maravilhosa entrevista que o Francisco me concedeu e que podes conferir abaixo, de desmontar o amor enquanto sentimento e torná-lo mais acessível e menos místico. Não posso também deixar de realçar a expressividade do piano do Filipe Melo, o suave charme da bateria e dos restantes elementos percussivos e a criatividade com que Old Jerusalem selecionou os arranjos, o que resultou, no geral, num cenário melódico particularmente bonito.

A rose is a rose is a rose balança um pouco ali, entre o milagre maior que é o amor e que tantas vezes apresenta uma ténue fronteira entre magia e ilusão, como se a explicação desse sentimento quebrasse de algum modo o encanto que aquilo que não podemos explicar racionalmente geralmente nos provoca. Seja como for, estas canções permitem-nos aceder a um universo único, enquanrto experimentamos a simultaneamente implacável e sedutora sensação de introspeção e melancolia mitológica que transmitem. Espero que aprecies a sugestão...

 A Charm

Airs Of Probity

A Rose Is A Rose Is A Rose

All The While

One For Dusty Light

Florentine Course

Summer Storm

Tribal Joys

Dayspring

Twenties

Com uma carreira já cimentada de praticamente quinze anos, o projeto Old Jerusalem está prestes a ver um novo tomo de uma já extensa e riquíssima discografia a tomar finalmente forma, ainda por cima após um interregno de quatro anos. Como tem sido para si, Francisco, esta incrível jornada, batizada com uma  música do mítico Will Oldham?

Tem sido globalmente interessante e enriquecedor, a momentos mais, noutros menos, como tudo na vida.

a rose is a rose is a rose é, então, o título do álbum. Um jogo de palavras muito curioso que sustenta, na minha opinião, dez canções ambiciosas, impecavelmente produzidas e com um brilho raro e inédito no panorama nacional. Começo com uma questão cliché… Quais são, antes de mais, as tuas expetativas para este novo trabalho?

Não tenho expectativa que o disco venha a ter uma vida muito diferente da dos anteriores trabalhos de Old Jerusalem, seja em termos da abrangência do público que segue o projecto, seja em termos de vendas ou de concertos. Devo se calhar acrescentar que ao dizer isto se calhar estarei a ser optimista, de tal forma o mercado da música se tem modificado nos últimos tempos! Claro que desejaria que este disco fosse apreciado por mais gente e representasse uma evolução no trabalho e na notoriedade do projecto, mas todos esses aspectos são uma incógnita.

A rose is a rose is a rose, ao contrário do que costuma suceder nos discos de Old Jerusalem, conta com algumas participações especiais, nomeadamente Filipe Melo no piano, Nelson Cascais no contrabaixo, Petra Pais e Luís Ferreira, dos Nobody’s Bizness, na voz e guitarras, respetivamente, o quarteto de cordas de Ana Pereira, Ana Filipa Serrão, Joana Cipriano e Ana Cláudia Serrão, tendo sido misturado por Nelson Carvalho e gravado com o apoio de Luís Candeias e João Ornelas. Como foi selecionar e agregar nomes tão ilustres à tua volta? Eram pessoas com quem quiseste desde logo, à partida, trabalhar neste disco, ou foram surgindo e sendo convidadas à medida que as canções iam tomando forma no teu âmago?

O trabalho neste disco começou nos moldes tradicionais para Old Jerusalem, mas sofreu uma “reviravolta” quando decidi que ia dar-lhe continuidade contando com a colaboração do Filipe Melo. Foi por intermédio dele que depois viemos a contar com o contributo do Nelson Cascais, com o quarteto de cordas da Ana Cláudia, da Ana Filipa, da Joana e da Ana, e mesmo mais tarde, indirectamente, foi o Filipe que propiciou o contacto com o Nelson Carvalho para as misturas. Com este leque de colaboradores era natural que o trabalho se estendesse também a outros estúdios além da “casa” de Old Jerusalem no AMP do Paulo Miranda.

Confesso que o que mais me agradou na audição deste álbum foi uma certa bipolaridade entre a riqueza dos arranjos e a subtileza com que eles surgiam nas músicas, muitos de forma quase impercetível, conferindo à sonoridade geral de a rose is a rose is a rose uma clara sensação de riqueza e bom gosto. Em termos de ambiente sonoro, o que idealizaste para o álbum inicialmente correspondeu ao resultado final ou houve alterações de fundo ao longo do processo?

O contributo dos músicos envolvidos levou efectivamente a essa característica de forte afirmaçao dos arranjos sem que percam subtileza e elegância. Isso é mérito dos vários intervenientes, sejam músicos, sejam técnicos, e confesso que o disco acabou por se aproximar muito do que de melhor gostaria que fosse, e nesse aspecto suplantou até as minhas expectativas iniciais.

Além de ter apreciado a riqueza instrumental, nomeadamente das cordas, sem dúvida o maior trunfo da tua música, não posso deixar de realçar a expressividade do piano do Filipe Melo, o suave charme da bateria e dos restantes elementos percussivos e a criatividade com que selecionaste os arranjos, o que resultou, no geral, num cenário melódico particularmente bonito. Em que te inspiras para criar estas melodias que nos parecem sempre tão próximas e que cativam com tanta intensidade? Acontece tudo naturalmente e de forma espontânea, ou são criadas individualmente, ou quase nota a nota e depois existe um processo de agregação?

Eu costumava dizer que o meu método para começar a escrever uma canção era tentar soar a um qualquer tema do Van Morrison e depois trabalhar com o tipo de falhanço que resultasse daí. Digo-o em tom de piada mas em parte é o que na prática fazemos: inspiramo-nos em coisas que outros fizeram e que nos soam suficientemente próximas para achar que conseguimos replicá-las e suficientemente distantes para manter a nossa admiração; fazemos jogos com palavras, tentamos abordar temas de sempre de forma diferente do usual (pensamos “lateralmente”, portanto), testamos padrões técnicos diferentes no instrumento que usamos para escrever, experimentamos novas afinações, etc, etc… Em termos processuais, no meu caso, é mais espontâneo do que trabalhado de forma exaustiva e consciente, embora na fase final da escrita possa focar-me em detalhes com essa perspectiva mais técnica.

A rose is a rose is a rose balança, quanto a mim, um pouco ali, entre o milagre maior que é o amor e que tantas vezes apresenta uma ténue fronteira entre magia e ilusão, como se a explicação desse sentimento quebrasse de algum modo o encanto que aquilo que não podemos explicar racionalmente geralmente nos provoca, a rose is a rose is a rose é também uma tentativa de desmontar o amor enquanto sentimento e torná-lo mais acessível e menos místico? Qual é, no fundo, a grande mensagem que querem transmitir neste disco?

O disco não tem intenção de transmitir qualquer grande mensagem, estou mesmo em crer que isso seria uma pretensão falhada à partida se o tentasse fazer. No entanto, essa referência à tentativa de desmontar o amor enquanto sentimento e torna-lo mais acessível e menos místico é seguramente uma parte considerável do que faço enquanto autor e dificilmente o poria em melhores palavras.

Adoro a canção A Charm. O Francisco tem um tema preferido em a rose is a rose is a rose?

Não sinto uma preferência vincada por nenhum dos temas deste disco, embora tenha trechos preferidos em vários deles – continuo a orgulhar-me bastante das guitarras eléctricas no final do tema Summer Storm, por exemplo.

Não sou um purista e acho que há imensos projetos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem em inglês. Há alguma razão especial para cantarem em inglês e a opção será para se manter?

A preferência pelo inglês não se deve a nenhuma intenção deliberada de marcar uma qualquer posição. Simplesmente para o tipo de canções que decidi escrever enquanto Old Jerusalem pareceu-me sempre muito mais “certo” usar o inglês, uma vez que a própria matriz musical, abordagem de produção, etc, seguem uma linha marcadamente anglo-saxónica. Em projectos anteriores e colaborações pontuais escrevi em português (em geral com resultados mais fracos do que em inglês, é certo) e não posso dizer que não o tente fazer de novo, mas certamente não sob a designação de Old Jerusalem.

O que vai mover Old Jerusalem será sempre esta folk vibrante, com pitadas de jazzblues, ou gostarias ainda de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico deste projeto?

Estou em crer que a matriz estética fundamental de Old Jerusalem está definida, embora a paleta de opções específicas em termos de arranjos, instrumentação, interpretação, etc, seja tão ampla que acaba por haver muito ainda por onde explorar. Gostava de experimentar outras sonoridades mais distintas enquanto “Francisco Silva-músico” mas essas não têm de entrar no “Francisco Silva-Old Jerusalem”. Quanto ao futuro discográfico do projecto, o campo de possibilidades é enorme: pode vir a surgir um disco novo dentro de relativamente pouco tempo, podemos vir a tardar os mesmos 4-5 anos ou mais a fazer alguma coisa, ou pode mesmo não vir a haver outro disco de Old Jerusalem. Não sei mesmo neste momento o que é mais adequado fazer, há muitas coisas a considerar e várias não têm sequer que ver com a música. O tempo, como costuma dizer-se, dirá.

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publicado por stipe07 às 21:18






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