man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Monochrome Set - Maisieworld
Já com um percurso de quatro décadas, os The Monochrome Set liderados pelo cantor de origem indiana Bid (pseudónimo de Ganesh Seshadri), ao qual se juntam o guitarrista Lester Square e o baixista Andy Warren, são uma das bandas mais subestimadas da história da música britânica. Nasceram nos início dos anos setenta do século passado e começaram a ganhar fama no final da era punk, optando, sonoramente, por uma vertente eminentemente arty dentro daquele rock de cariz mais nostálgico e sombrio. O nome do grupo inspira-se nas pinturas monocromáticas de Yves Klein e alguns dos títulos das suas músicas mais emblemáticas, como Alphaville e Eine Symphonie des Grauens, sugerem uma ligação a grandes obras primas de Jean-Luc Godard e F. W. Murnau). Em mil novecentos e setenta e nove lançaram uma série de singles pela Rough Trade que são agora peças de colecionador, seguidos pelas primeiras obras primas, Strange Boutique (1980) e Love Zombies (1980). Três anos depois mudaram para a Cherryl Red Records onde lançaram Eligible Bachelors (1982) e “The Lost Weekend” (1985). Agora, mais de três décadas depois, editam uma súmula desse período intitulada 1979 – 1985: Complete Recordings, o documento perfeito do capítulo inicial da história dos The Monochrome Set, que teve sequência com mais quatro discos na década de noventa e outros dois já no novo século. Juntamente com essa súmula, o trio acaba também de editar, à boleia da Tapete Records, um novo registo de originais intitulado Maisieworld, sucessor de Platinum Coils (2012) e Super Plastic City (2013), um registo sobre o qual me debruçarei já de seguida.
Intemporais e merecedores de rasgados elogios, sendo fonte de inspiração para nomes como Graham Coxon, os Franz Ferdinand ou Edwin Collins, os The Monochrome Set continuam amostrar-se paicularmente incisivos no modo comose servem da clássic tríade guitarra, baixo e bateria para esculpir canções que mostram ser verdadeiras espirais sonoras ora rugosas e algo climáticas, ora dançantes e capazes de fazer sobressair o nosso lado mais festivo e exaltante. Assim, Maisieworld apresenta-se como um verdadeiro frenesim rock que encontra continuidade segura da melhor herança da banda no groove cósmico dos efeitos da guitarra e do ritmo intermitente da bateria de Shallow, na solenidade pop dos arranjos de sopros e das cordas distorcidas de Cyber Son, no punk vigoroso do baixo que abastece Mrs Robot e na toada new wave da guitarra e dos metais de Give Me Your Youth, só para citar alguns dos momentos mais inspirados e inebriantes de uma sucessão de músicas que, conforme descreve o press release do lançamento, destacam a natureza volátil, caprichosa e instável de The Monochrome Set. Novas portas conduzem a corredores até agora inexplorados com saxofones, trombones e trombetas, onde estranhos órgãos deslizam sobre nós, em que um grunhido baixo surge nos nossos tornozelos e um banjo deformado atravessa-se no nosso caminho. Vozes divertidas cantam a natureza orgânica frágil, os sonhos e esperança tristes que nos entretém e as sombrias decisões que tomamos. Cenas de uma imaginação diferente rasga-nos e refaz o nosso retrato na fantasia de outro. Espero que aprecies a sugestão...