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The Flaming Lips - Oczy Mlody

Domingo, 15.01.17

Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto. Oczy Mlody é o nome do novo trabalho deste coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne e mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror).

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Foi no passado dia treze que chegou aos escaparates esta nova coleção de canções dos The Flaming Lips, por intermédio da Warner, uma verdadeira orgia lisérgica de sons e ruídos etéreos que, por incrível que pareça, direcionam, em simultâneo, esta banda para duas direções aparentemente opostas. Assim, se canções como o single The Castle e, de modo ainda mais incisivo, os samples e as distorções vocais de Listening To The Frogs With Demon Eyes nos proporcionam a audição de um extraordinário tratado de indie pop etérea e psicadélica, de natureza hermética, que aproxima este projeto da melhor fase da sua carreira, no ocaso do século passado e início deste, já as batidas sintetizadas de Nigdy Nie (Never No) e o efeito do baixo de Do Glowy colocam os The Flaming Lips na linha da frente de alguns dos grupos que se assumem como bandas de rock alternativo mas que não se coibem de colocar toda a sua criatividade também em prol da construção de canções que obedecem a algumas das permissas mais contemporâneas da eletrónica ambiental.

Décimo quarto disco da carreira dos The Flaming Lips, Oczy Mlody posiciona o grupo no olho do furacão de uma encruzilhada sonora. se tem momentos que não deixam de funcionar como um quase aditamento às experimentações de Embryonic, a participação especial de Miley Cyrus no belíssimo tema We A Famly é mais uma prova da abrangência anteriormente descrita e solidifica a habitual estratégia da banda nos últimos discos de construir alinhamentos de vários temas que funcionem como uma espécie de tratado de natureza hermética, onde esse bloco de composições não é mais do partes de uma só canção de enormes proporções. Podemos, sem receio, olhar para Oczy Mlody como uma grande composição que se assume num veículo pronto a conduzir-nos numa espécie de viagem apocalíptica, onde Coyne, forte oppositor de Trump, disserta sobre alguns dos maiores dilemas e perigos dos dias de hoje; O fim do mundo descrito copiosamente em There Should Be Unicorns e o verdadeiro muro das lamentações que é Almost Home (Blisko Domu), revelam-nos essa rota e apresentam a já habitual faceta fortemente humanista e impressiva da escrita deste músico de Oklahoma, mas que também é capaz de nos fazer acreditar numa posterior redenção e na esperança num mundo melhor e que pode ainda renascer, nem que seja com todos nós montados no belíssimo piano que conduz Sunrise (Eyes Of The Young), ou a relaxar ao som da suavidade fluorescente da já referida We A Famly.

No fundo, conscientes das transformações que abastecem a musica psicadélica atual, os The Flaming Lips revelam neste novo trabalho composições atmosféricas com marcas sonoras relacionadas com vozes convertidas em sons e letras que praticamente atuam de forma instrumental e tudo é dissolvido de forma tão aproximada e homogénea que Oczy Mlody, como todos os discos deste grupo, está longe de revelar todos os seus segredos logo na primeira audição. Sonoramente, a habitual onda expressiva relacionada com o espaço sideral, oscila, desta vez, entre efeitos etéreos e nuvens doces de sons que parecem flutuar no céu azul, com guitarras experimentais, com enorme travo lisérgico. Se em How?? parece que os The Flaming Lips enlouqueceram de vez no modo como mostram perplexidade perante tudo aquilo que hoje os inquieta, já Galaxy, I Sink revela-se um bom tema para desesperar mentes ressacadas, enquanto que a convincente e sombria percussão de One Night While Hunting For Faeries And Witches And Wizards To Kill subjuga momentaneamente qualquer atribulação que nesse instante nos apoquente.

Uma das virtudes e encantos dos The Flaming Lips foi sempre a capacidade de criarem discos algo desfasados do tempo real em que foram lançados, quase sempre relacionados com um tempo futuro, cenários imaginados e universos paralelos. Oczy Mlody segue esta permissa temporal, agora numa espécie de futuro pós apocalítico mas, tematicamente, parece ser um trabalho muito terreno, digamos assim, porque fala imenso de todas as atribulações normais da existência comum, especialmente, como já enfatizei, na algo desregulada sociedade norte americana de hoje. A poesia dos The Flaming Lips é sempre metafórica, o que faz deles um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade, capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-los para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas e que só eles conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...

The Flaming Lips - Oczy Mlody

01. Oczy Mlody
02. How??
03. There Should Be Unicorns
04. Sunrise (Eyes Of The Young)
05. Nigdy Nie (Never No)
06. Galaxy I Sink
07. One Night While Hunting For Faeries And Witches And Wizards To Kill
08. Do Glowy
09. Listening To The Frogs With Demon Eyes
10. The Castle
11. Almost Home (Blisko Domu)
12. We A Famly

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publicado por stipe07 às 21:45






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