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Ride – Last Frontier

Terça-feira, 20.02.24

Cinco anos após This Is Not A Safe Place, os míticos Ride, uma banda britânica nascida em mil novecentos e oitenta e oito e formada por Andy Bell, Mark Gardener, Laurence "Loz" Colbert e Steve Queralt, estão de regresso aos discos à boleia de Interplay, o terceiro registo de originais após a segunda fase da vida do grupo, iniciada em dois mil e quinze, um alinhamento de onze canções que vai ver a luz do dia a vinte e nove de março, com a chancela do consórcio PIAS / Wichita Recordings.

Ride anuncia novo single 'Last Frontier' e detalhes do sétimo álbum  'Interplay'

Grandes mestres do indie fuzz rock, os Ride divulgaram há algumas semanas a primeira amostra de Interplay, uma imponente canção chamada Peace Sign, cheia de guitarras inebriantes e abrasivas, sintetizações cósmicas e um registo percurssivo fenético e algo hipnótico.

Agora, a meio de fevereiro, o grupo de Oxford oferece-nos para audição uma segunda amostra do disco. Trata-se de uma composição intitulada Last Frontier. Foi produzida por Richie Kennedy e impressiona pelo modo como a bateria e o baixo vão replicando diversas nuances rítmicas, à medida que uma melodia com um elevado travo nostálgico setentista é exemplarmente sustentada por uma vigorosa guitarra que mantém sempre um nível de distorção e de eletrificação exemplar. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:45

DIIV – Brown Paper Bag

Domingo, 18.02.24

Meia década depois de Deceiver, os DIIV de Zachary Cole-Smith, Andrew Bailey, Colin Caulfield e Ben Newman estão de regresso aos discos com Frog In Boiling Water, o quarto compêndio de originais da carreira da banda nova-iorquina que se estreou em dois mil e doze com o extraordinário álbum Doused. Com Chris Coady nos créditos da produção, Frog In Boiling Water terá dez canções e irá ver a luz do dia a vinte e quatro de maio, com a chancela da Fantasy.

DIIV: “Brown Paper Bag” - Música Instantânea

Brown Paper Bag é o primeiro single retirado do alinhamento de Frog In Boiling Water. Trata-se de uma composição imponente mas rugosa, que se vai arrastanto à boleia de um baixo encorpado que acama cascatas de guitarras intensas, abrasivas e sujas, que ampliam os decibeis no refrão, num resultado final simultaneamente ruidoso e melancólico, que encarna um amigável confronto entre o rock alternativo de cariz lo fi e o mais progressivo, feito com um travo shoegaze muito pronunciado. Confere Brown Paper Bag e o artwork e a tracklist de Frog In Boiling Water...

01 In Amber
02 Brown Paper Bag
03 Raining On Your Pillow
04 Frog In Boiling Water
05 Everyone Out
06 Reflected
07 Somber The Drums
08 Little Birds
09 Soul-net
10 Fender On The Freeway

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publicado por stipe07 às 21:01

Pond – Neon River

Domingo, 04.02.24

Pouco mais de dois anos após 9, um disco que colocou os Pond voltados para ambientes sonoros com elevado sentido melódico e uma certa essência pop, numa busca de uma maior acessibilidade e abrangência, a banda liderada por Nick Allbrook, baixista dos Tame Impala, está de regresso com um novo tema intitulado Neon River, que ainda não traz atrelado o anúncio de um novo disco do projeto australiano.

Pond share psychedelic new single 'Neon River' and announce world tour dates

Neon River é uma composição de forte cariz lisérgico, um oásis de luminosidade alimentado por cordas exuberantes, que tanto debitam uma sensibilidade acústica ímpar, como se deixam alimentar por um combustível eletrificado que inflama raios flamejantes que cortam a direito distorções inebriantes, plenas de fuzz e acidez, sendo depois trespassadas por sintetizações cósmicas efervescentes, num resultado final que, qual odisseia em tecnicolor, mistura com mestria synth pop com rock psicadélico. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:32

The KVB – Labyrinths

Quarta-feira, 31.01.24

Os londrinos The KVB construiram na última meia década um firme reputação que permite afirmar, com toda a segurança, que são, atualmente, uma das melhores bandas a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Formados pela dupla Nicholas Wood e Kat Day, os The KVB deram nas vistas em dois mil e dezoito com o registo Only Now Forever, criaram semelhante impacto no ano seguinte com o EP Submersion e, em dois mil e vinte e um com o disco Unity e no verão do ano passado enriqueceram ainda mais o seu catálogo à custa de Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era), um disco que chegou aos escaparates a doze de maio com a chancela da Cleopatra Records, uma etiqueta independente sedeada em Los Angeles. Agora, quase um ano após esse registo, a dupla prepara-se para regressar aos discos com Tremors, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a cinco de abril, com a chancela da Invada Records.

Gravado entre Bristol e Manchester com a ajuda do produtor James Trevascus, Tremors deverá, de acordo com o próprio projeto, aprofundar os conceitos de distopia e apocalipse, que estiveram sempre presentes no ideário lírico dos The KVB, mas de um modo mais pessimista e profundo, abordando também os conceitos de perda, resistência, lamento e aceitação de mudanças inevitáveis.

Labyrinths é o primeiro single revelado do alinhamento de Tremors. É um verdadeiro tratado de indie punk rock progressivo, enérgico e abrasivo, com um travo geral denso, agressivo e sujo, que encontra o seu principal sustento em guitarras encharcadas em distorções vigorosas, na impetuosidade da bateria e na cosmicidade dos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de uma canção que espreita perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura lisergia. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:19

The Smile – Wall Of Eyes

Terça-feira, 30.01.24

Cerca de ano e meio depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso com um novo álbum intitulado Wall Of Eyes, um alinhamento de oito canções que viu a luz do dia recentemente, com a chancela da XL Recordings.

The Smile 'Wall of Eyes' Review

Já em junho do ano passado tinha ficado a pairar no ar a ideia de que os The Smile teriam na forja um novo disco, quando divulgaram o single Bending Hectic, uma canção que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos de verão e que, contando com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, oferecia-nos, em pouco mais de oito minutos, uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado. Essa suspeita inicial acabou por se confirmar, materializando-se num disco que agrega nas suas oito composições um fabuloso conteúdo sonoro, lírico e conceptual.

De facto, Wall Of Eyes capitaliza todos os atributos intepretativos do trio que assina os seus créditos e que, partindo dessa base, soube rodear-se de outros músicos que, em momentos chave do álbum, como é o caso do clarinete e do saxofone de Robert Stillman em Read The Room e Friend Of A Friend, ou da flauta de Pete Warehan em Teleharmonic e também em Read The Room, só para citar dois exemplos, foram preponderantes para acentuar um charmoso e contemporâneo ecletismo que materializa uma fina e vigorosa interseção entre o melhor de dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado, tendo, na sua génese, o jazz como pedra de toque e uma mescla entre rock alternativo e eletrónica ambiental como traves mestras no adorno e na indução de cor e alma a um catálogo de canções de forte cariz intimista e que apenas revelam todos os seus segredos se a sua audição for dedicada.

Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um portento de acusticidade intimista, sem colocar em causa a personalidade eminentemente rugosa e jazzística do projeto. Cordas dedilhadas com vigor, exemplarmente acompanhadas por um baixo pulsante, sustentam a voz enleante e profundamente enigmática de Yorke, enquanto diversos efeitos se vão entalhando na melodia, ampliando o efeito cinematográfico da mesma. É uma canção repleta de nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, num resultado final indisfarçadamente labiríntico e que, mesmo não parecendo, guarda em si também algo de grandioso, comovente e catárquico. Depois, Teleharmonic parece querer imobilizar-nos definitivamente porque afunda-nos numa angulosa espiral cósmica hipnotizante, mas o travo progressivo de Read The Room, que paira no regaço de um carrocel psicadélico de sintetizações e distorções e efeitos, logo nos recorda novamente que estas são, acima de tudo, canções feitas para atiçar, inflamar zonas de conforto e deixar definhar apatias e desconsolos.

O disco prossegue e se a robótica guitarra que introduz Under Our Pillows nunca desarma no modo como nos inquieta, enquanto conduz uma abrasiva composição que em pouco mais de seis minutos nos inebria com um punk jazz rock de elevadíssimo calibre, já em Friend Of A Friend, os diversos entalhes sintéticos e alguns sopros, assim como o registo vocal ecoante de Yorke, dão asas a um tema que inicialmente cresce em arrojo e acalma repentinamente para, logo depois, numa espécie de jogo sonoro do toca e foge, deixar-nos, uma vez mais, irremediavelmente presos à escuta.

Até ao ocaso de Wall Of Eyes, a melancolia comovente de I Quit, o bucolismo etéreo e introspetivo de Bending Hectic que, curiosamente, fica ainda mais vincado e realista quando aos seis minutos explode numa majestosa espiral de imediatismo e de rugosidade labiríntica e a longínqua cândura do piano que se insinua em You Know Me!, rematam, com notável nível de destreza, bom gosto e requinte, a essência de Wall Of Eyes, um disco que disserta com gula sobre cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura, agrura, sonhos e esperança, enquanto se torna num portento de indie rock do mais contemporâneo, atual e sofisticado que é possível escutar nos dias de hoje.

De facto, Wall Of Eyes é um álbum excitante e obrigatório, não só para todos os seguidores dos Radiohead, mas também para quem procura ser feliz à sombra do melhor indie rock atual, independentemente do seu espetro ou proveniência estilística. O alinhamento do registo contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica, materializando a feliz junção de três músicos que acabaram por agregar, no seu processo de criação, o modus operandi que mais os seduz neste momento e que, em simultâneo, melhor marcou a sua carreira, quer nos Radiohead, quer nos Sons Of Kemet. É um disco experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 13:49

The Pineapple Thief – Every Trace Of Us

Terça-feira, 09.01.24

Os The Pineapple Thief, uma já mítica banda britânica natural de Sommerset, estão de regresso aos discos com It Leads To Us, oito canções que irão ver a luz do dia a nove de fevereiro do presente ano, por intermédio da Kscope. Este registo sucede a Nothing But The Truth, um extenso álbum que o grupo lançou em dois mil e vinte e um, sendo já o décimo quarto deste coletivo que nasceu em mil novecentos e noventa e nove pela iniciativa de Bruce Soord, ao qual se juntam atualmente Jon Sykes, Steve Kitch, Gavin Harrison e Beren Matthews.

The Pineapple Thief chegam a Portugal em março - LOOK mag

The Frost foi o primeiro single divulgado do alinhamento de It Leads To This, há algumas semanas atrás. Recentemente foi extraído do álbum, também em formato single, o tema Every Trace Of Us. Trata-se de uma composição que obedece à receita habitual em que assenta o processo criativo dos The Pineapple Thief, mestres a incubar canções feitas com guitarras exuberantes e repletas de distorções, acompanhadas por uma bateria e um baixo sempre encorpados e algumas nuances eletrónicas proporcionadas por sintetizadores e samplers, dando assim origem a um indie rock rugoso e fortemente épico, abrilhantado e sustentado por uma voz sempre imponente, o principal fio condutor deste single Every Trace Of Us. Pela amostra, certamente que It Leads To This será mais uma prova de maturidade e acuidade sonora dos The Pineapple Thief, ao mesmo tempo que renovará o arsenal de arranjos e tiques que compôem o já extenso e rico catálogo do projeto. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:41

The Polyphonic Spree – Salvage Enterprise

Sexta-feira, 01.12.23

Os texanos The Polyphonic Spree não são uma banda no sentido mais restrito do termo. São liderados por Tim Delaughter, antigo vocalista dos extintos Tripping Daisy, mas são, de facto, uma instituição, já que têm uma constituição inconstante, que consiste geralmente de uma secção coral, uma dupla de teclistas, um percussionista, um baterista, um baixista, um guitarrista, um flautista, um trompetista, um trombonista, um violinista, um harpista, um trompetista, um tocador de pedal steel e um técnico de efeitos eletrónicos.

Polyphonic Spree bandleader Tim DeLaughter poses ahead of the release of the band's eighth...

Ao longo de uma carreira com mais de duas décadas, os The Polyphonic Spree têm, desde o ano de dois mil, gravitado em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo trabalho reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto. Independentemente da fórmula, é sempre habitual nos seus álbuns, os The Polyphonic Spree oferecerem ao ouvinte verdadeiras orgias lisérgicas de sons e ruídos etéreos ou orquestrais e que os orientam muitas vezes, e a nós também, em simultâneo, para direções aparentemente opostas, geralmente da indie pop etérea e psicadélica, ao rock experimental.

Assim, dez anos depois de Psychphonic, o último longa duração da banda de Dallas, três do EP We Hope It Finds You Well, que continha um alinhamento de versões de temas selecionados por Delaughter e dois de Afflatus, uma coleção maior de covers, que incluia também as que faziam parte do alinhamento desse We Hope It Finds You Well e revisitações de originais dos The Rolling Stones, The Bee Gees, Daniel Johnston, ABBA, Rush, The Monkees, Barry Manilow, INXS e muitos outros, os The Polyphonic Spree estão de regresso ao formato álbum com Salvage Enterprise, um alinhamento de nove canções que viu a luz do dia com a chancela da Good Records e que, de acordo com Tim, personifica um verdadeiro renascer das cinzas.

Salvage Entreprise, é um portento de indie rock progressivo e experimental. É um disco ambivalente porque se a maioria das suas composições assentam, melodicamente, numa desarmante simplicidade, já que têm sempre como base o dedilhar de uma viola acústica ou a vibração das teclas de um piano, atingem, depois, quase sempre, picos de epicidade indiscritíveis, que transmitem sempre, a quem escuta, uma torrente de emocionalidade e sentimentalismo, a que é difícil ficar alheio e indiferente.

Logo a abrir o registo, Section 44: Galloping Seas é uma verdadeira alegoria a essa tal epicidade. À medida que o tema cresce afagado por cordas singelas, guitarras flashantes, sons nebulosos com ímpar cosmicidade, sinos e ondas do mar, flautas e violinos, conjuram entre si numa canção de enormes proporções. Fica assim dado o mote, com intensidade e robustez, acerca do conteúdo sonoro de quase quarenta e três minutos que têm, clara e descaradamente, a herança dos Pink Floyd como uma influência constante e que se saúda, diga-se.

Depois deste início galopante, mantendo-se as permissas conceptuais, Section 45: Wishful, Brave, And True, oferece-nos um instante de certo modo mais intimista e reflexivo, mas sem deixar de lado uma saudável complexidade, assente numa vastidão de recursos intrumentais orquestrais, que muitas vezes se manifestam quase de modo impercetível mas que, em conjunto, atiçam e envolvem o ouvinte sem nenhum despudor. O modo como um coro de vozes e o violoncelo dão as mãos quase no ocaso do tema, fazem cerrar qualquer punho mais empedernido.

Section 46: Give Me Everything é, de seguida, outro exemplo espetacular do modo como uma simples viola consegue carregar nos braços o peso de uma orquestra inteira sem vacilar nem por um segundo. Ela nunca se deixa abafar e mantém-se sempre firme até ao final de uma canção que rasga o peito e incendeia a alma, como se não houvesse amanhã. Depois, se as flautas, os arranjos percurssivos metálicos e o slide da guitarra de Section 49: Hop Off The Fence sustentam uma espécie de banda sonora perfeita para um conto animado infantil que nos coloca bem no centro de um éden infinitamente primaveril, se a cosmicidade estelar de Section 50: Open The Shores materializa uma das mais bonitas canções de embalar criadas neste milénio, ou se  Section 51: Winds Of Summer, é a banda sonora perfeita para abrir os portões do purgatório no dia do juízo final, Section 48 (Shadows On The Hillside) é, em suma, a apoteose de Salvage Enterprise, uma composição que exala uma ímpar e desconcertante melancolia, materializada num permanente slide das guitarras e no modo como essas cordas encaixam no piano, assim como nas já habituais flautas e violinos.

Salvage Enterprise pode ser rock coral, rock sinfónico, rock experimental, rock progressivo, pouco importa. O que toca no âmago do ouvinte, que dedicadamente se deixa absorver sem receio pelo seu conteúdo, é o modo como o seu alinhamento ilustra na perfeição o cariz poético de um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade e sempre capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-lo para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas, que só os The Polyphonic Spree conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:45

Horsebeach – In The Shadow Of Her

Terça-feira, 28.11.23

Uma das boas surpresas sonoras de dois mil e dezanove para a nossa redação foi The Unforgiving Current, um alinhamento de dez canções assinado pelos britânicos Horsebeach, um projeto natural de Manchester e formado por Ryan Kennedy (voz) Matt Booth (bateria), Tom Featherstone (guitarra) e Tom Critchley (baixo). Os Horsebeach estrearam-se nos discos há quase uma década com um homónimo, ao qual sucedeu, em dois mil e quinze, Beauty & Sadness, um álbum que, na altura, reforçou a aposta da banda em sonoridades eminentemente etéreas e melancólicas, dentro de um catálogo indie virtuoso, com uma atmosfera particularmente íntima e envolvente, um modus operandi que se vem aprimorando com cada vez maior mestria.

INTERVIEW: Horsebeach - GigslutzGigslutz

Quase no ocaso de dois mil e vinte e três, os Horsebeach estão de regresso aos nosso radar porque têm na forja um novo álbum intitulado Things to Keep Alive, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a vinte e quatro de março do próximo ano e já disponível para reserva no bandcamp do grupo exemplarmente liderado por Ryan Kennedy.

In The Shadow Of Her é o primeiro single divulgado do alinhamento de Things To Keep Alive. É uma composição que assenta num balanço inspirado entre uma rugosidade bastante vincada e uma espécie de pueril majestosidade lo fi, sensações criadas por uma guitarra com um fuzz particularmente vibrante, acompanhada por um registo vocal ecoante e uma bateria multifacetada e bastante omnipresente.

In The Shadow Of Her é o segundo tema do alinhamento de um disco que, de acordo com o próprio Ryan, tem um forte conteúdo autobiográfico porque, à semelhança dos quatro registos anteriores do grupo, reflete sobre a sua própria existência, debruçando-se, neste caso concreto, sobre a luta que o músico travou, nos últimos anos, com alguns problemas relacionados com a sua saúde mental. Confere In The Shadow Of Her e o artwork e a tracklist de Things To Keep Alive...

A Friend By The Lake
In The Shadow Of Her
A Fault In All Of Us
Things to Keep Alive
Let Me Stay In Tonight
Until You
Cinnamon Challenge
Pure Shores
Colourless
Tradition

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publicado por stipe07 às 16:39

There Will Be Fireworks – Summer Moon

Quinta-feira, 23.11.23

A Escócia está, claramente, na ordem do dia com bandas e projetos como King Creosote, Tiny Skulla, The Magnetic North, Frightened Rabbit, The Twilight Sad ou We Were Promised Jetpacks, a carimbarem relevância na contemporaneidade indie que nos vai invandindo, feita de boa música, mas também de algum excesso de fácil radiofonia e de exagerada popularidade. Os There Will Be Fireworks são mais um nome a juntar à listagem, uma banda escocesa, mas atualmente sedeada em Londres, que acaba de deixar em verdadeiro sentido a nossa redação devido a Summer Moon, o novo disco do projeto, que coloca fim a um hiato de uma década, já que sucede ao álbum The Dark, Dark Bright, que o grupo lançou em dois mil e treze.

There Will Be Fireworks announce their first album in ten years, Summer Moon  | The Line of Best Fit

Summer Moon é um extraordinário alinhamento de treze canções que tem a chancela da The Imaginary Kind, uma equena etiqueta escocesa detida por elementos dos There Will Be Fireworks, que se movem confortavelmente a calcorrear caminhos, mais ou menos sinuosos, que os levam do indie rock, ao rock progressivo, à folk e ao emo rock, uma curiosa amálgama que, no caso de Summer Moon, é também uma marca sonora que vinca, neste disco, a transição entre a juventude e a vida adulta dos membros do grupo, uma passagem que ocorreu durante o período que separa este álbum do antecessor. Summer Moon contém, portanto, esta marca de maturidade, com canções filosoficamente mais intrnicadas e profundas, mas sem colocarem em causa a habitual delicadeza e elevado sentimentalismo que os There Will Be Fireworks colocam, mesmo quando o manto sonoro é rugoso, imponente e ruidoso.

Como se percebe logo em Smoke Machines (Summer Moon), Summer Moon é um disco de guitarras, mas também um exemplo consistente de como as mesmas, eletrificadas, podem delinear interseções, junções e sobreposições com os sintetizadores. É um jogo entre o orgânico e o sintético feito com mestria e com enorme apuro melódico. Holding In The Dark, por exemplo, cativa logo ao primeiro instante, pelo modo como um trecho cósmico sintético acompanha, exemplarmente, uma repetitiva linha de guitarra hipnótica, durante quase seis minutos enleantes e vibrantes. Mesmo quando em Bedroom Door existe um apelo mais intenso por parte da acusticidade, não é colocada em causa uma riqueza e uma diversidade instrumental, uma permissa que ganha ainda maior ênfase, logo a seguir, em Love Comes Around, canção em que a bateria assume a linha da frente, enquanto aquela lágrima fácil no canto do nosso olho resolve deslizar face abaixo e sem qualquer hesitação.

Até ao final de Summer Moon, grandiosidade e consistência são termos que assaltam instintivamente a mente do ouvinte, enquanto se delicia, na impulsividade eletrizante de Our Lady Of Sorrows, ou no baixo embalador e na soul do timbre metálico da guitarra que se vai insinuando em Dream Song, até a canção explodir, quase no sentido literal do termo, com um naipe de canções abrigadas por alguns dos melhores pilares estilísticos e conceptuais que sustentam a nata do rock alternativo atual, um modus operandi que também não descura piscares de olhos descarados a ambientes eminentemente progressivos, mas sempre de um modo polido e orquestralmente rico. É uma trama que acaba por ajudar a puxar o ouvinte para um lado eminentemente reflexivo e sonhador, num disco que é um marco de preserverança e de exaltação, criado por uns There Will Be Fireworks que sempre conseguiram inflamar a sua música com uma quase incontrolada paixão. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 11:54

Tiny Skulls – Songs From Some Depressing Movie

Segunda-feira, 06.11.23

A Escócia está, claramente, na ordem do dia com bandas e projetos como King Creosote, The Magnetic North, Frightened Rabbit, The Twilight Sad, We Were Promised Jetpacks ou There Will Be Fireworks, a carimbarem relevância na contemporaneidade indie que nos vai invandindo, feita de boa música, mas também de algum excesso de fácil radiofonia e de exagerada popularidade. Os Tiny Skulls são mais um nome a juntar à listagem, uma banda escocesa, mas atualmente sedeada em Londres, formada por Stuart Dobbie, Gibran Farrah, Dave Thomson, Marshall Craigmyle e Rachel Craigmyle, que acaba de deixar em verdadeiro sentido a nossa redação devido a Songs From Some Depressing Movie, o disco de estreia do projeto, um extraordinário alinhamento de treze canções que tem a chancela da The Imaginary Kind, uma equena etiqueta escocesa detida por elementos dos There Will Be Fireworks que, curiosamente, ou talvez não, têm também um disco novo espetacular e igualmente em alta rotação por cá.

Inquietantes, tocantes e retemperadoras, as treze composições de Songs From Some Depressing Movies, que foram, na sua maioria, gravadas entre dois mil e onze e dois mil e catorze e estiveram praticamente uma década à espera do momento certo para ganharem protagonismo, estão abrigadas por alguns dos melhores pilares estilísticos e conceptuais que sustentam a nata do rock alternativo atual, um modus operandi que tem também na folk uma pedra basilar e que não descura piscares de olhos descarados a ambientes eminentemente clássicos, polidos e orquestralmente ricos e que pretendem puxar o ouvinte para um lado eminentemente reflexivo e sonhador.

Songs From Some Depressing Movie brinca com o nosso eu mais nostálgico, pelo modo como nos transporta para universos tão díspares como a herança de uns Low ou de uns Talk Talk. As suas canções estão interligadas entre si, numa sequêcia de pouco mais de cinquenta minutos praticamente ininterrupta e, por isso, a contemplação deste disco vale pelo todo e a audição individual de uma única canção, descontextualiza-o, acabando, essa opção redutora, por fazer com que esta obra perca muito do seu brilho, porque este é, claramente, um daqueles registos que se definem como uma peça única que merece idêntica devoção, numa escuta feita de fio a pavio.

Logo a abrir o álbum, Brilliant Things, uma comovente e maravilhosa cascata de cordas singelas, teclas impulsivas, vozes num harmonioso uníssono e um baixo insinuante, induzem-nos numa trama que nos provoca um efeito algo agridoce e indiossincrático, que depois, em Bright, nos faz sorrir, naquela que é, talvez, a composição mais vigorosa do disco, com guitarras frenéticas, um bateria contundente e um teclado hipnótico a darem vida a uma filosofia lírica arrebatadora, ampliada por esse andamento melódico único e fortemente inebriante.

Com um início tão prometedor, Songs From Some Depressing Movie nunca vacila, principalmente, e como o título indica, no modo como induz no ouvinte uma capacidade quase espontânea de criar no seu âmago narrativas visuais relacionadas com aquilo que escuta. Acaba por ser, por exemplo e como o titulo indica, ironicamente diga-se, uma espécie de banda sonora adequada para um enredo dramático, protagonizado por alguém que quer viver longe de tudo o que já conheceu e partir em busca de uma nova realidade existencial, até porque as canções falam muito sobre a transição da juventude para a vida aulta e a complexidade sentimental que essa fase das nossas vidas geralmente carrega consigo.

A imponência do piano que sustenta No One Ever Knows, o desfile rugoso de sintetizações que orquestram a musculada tonalidade sombria de Autumn '08 e, em oposição, a simplicidade desarmante de Go, o clímax rock verdadeiramente exposivo de Ghosts e o imediatismo incisivo da viola que acama Your Shy Heart, agarram-nos definitivamente pelos colarinhos e colocam-nos, mesmo que não se queira, a arrumar todas as prateleiras que andam algo esquecidas no recanto mais secreto da nossa mente e que guardam os nossos sonhos, desejos e fantasias mais inesperadas. De facto, estes Tiny Skulls são exímios a calcorrear diferentes estilos sem perderem o rumo e sem deixarem de ser superlativamente comunicativos, deixando-nos, tema após tema, presos naquela ténue fronteira entre o mundo dos sonhos e a vida real, naquela sensação que todos conhecemos e em que muitas vezes só o fenómeno físico da gravidade é que acaba por nos acordar para o óbvio.

Songs From Some Depressing Movie combina vulnerabilidade pessoal com capacidade de identificação quase universal, alojando diversos estilos musicais com coerência. No seu todo, este álbum encarna uma doce paleta de cores, muitas vezes a preto e branco, um oásis aconchegante de dor, loucura e perdição, um tormento de beleza e inspiração. É uma expressão sublime de contradições e a materialização assustadoramente real do modo como a sagacidade de algumas mentes inspiradas consegue feitos únicos e inolvidáveis, demonstrando que é possível a convivência saudável entre ordem e caos, amor e ódio, paz e guerra, presença e ausência. Este não é um disco para ser descrito no que diz respeito a géneros, influências, arsenais instrumentais, filosofias estilísticas ou intenções. Songs From Some Depressing Movie é para ser sentido como obra suprema que é e os Tiny Skulls são uma banda para ser apreciada, acima de tudo, por esse prisma espetacular. Um dos discos do ano. Espero que aprecies a sugestão...

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