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Black Rebel Motorcycle Club – Black Tape EP

Quarta-feira, 07.02.24

Cinco anos depois de Wrong Creatures, os norte americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, estão de regresso com novidades, um EP com quatro canções intitulado Black Tape, que ainda retira dividendos daquele que foi o oitavo disco da carreira de uma banda com mais de década e meia de carreira e que se estreou em dois mil e um com um extraordinário homónimo, cujo conteúdo fez destes músicos de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

El regreso de Black Rebel Motorcycle Club: escucha su nuevo EP «The Black  Tape» – Nación Rock

Wrong Creatures foi produzido por Nick Launay (Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, Nick Cave) e ofereceu-nos uns Black Rebel Motorcycle Club cientes não só do mundo em que vivem e das várias transformações que foram sucedendo nos últimos vinte e cinco anos, mas também das alterações estilísticas e de formação que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas. As quatro canções de Black Tape EP foram incubadas durante o processo de gravação do registo e, tendo ficado de fora do seu alinhamento, ganham agora protagonismo enquanto servem para nos recordar que os Black Rebel Motorcycle Club continuam bem vivos e em excelente forma.

De facto, logo com a toada lasciva e provocante de Bad Rabbit e o fuzz rugoso e cerrado de Bandung Hum, somos colocados bem no epicentro de um adn que também contém impressivos traços de post punk e blues e que, abraçando igualmente o noise rock, plasma uma simbiose perfeita entre a guitarra de Peter, o baixo de Robert e a forte percussão de Leah. São duas canções extraordinárias e que, reafirmando a interação brilhante entre estes três músicos, comprovam o indesmentível travo de diversidade e de perspicácia melódica e instrumental que sempre definiu o percurso dos Black Rebel Motorcycle Club, dentro dos limites bem definidos da filosofia sonora que os anima.

Depois do ruído incisivo e direto de Running In The Red (Messy) nos mostrar um perfil mais garageiro, Black Tape EP remata com uma versão longa e ainda mais experimental do tema DFF (For Those Who Can’t) que abria o alinhamento de Wrong Creatures. Recordo que DFF (For Those Who Can’t) era um típico tema introdutório, com um baixo firme e constante e uma percurssão com uma cadência crescente e neste EP acaba por se tornar numa excelente opção para o ocaso do alinhamento, na medida em que ajuda a sossegar os ânimos saudavelmente atiçados pelas três composições anteriores.

Black Tape EP é, em suma, um suplemento vitamínico bastante anguloso do conteúdo de Wrong Creatures que, fazendo-nos suspirar por um novo álbum do grupo, oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, preocupam-se, estilisticamente, em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 17:54

SPRINTS - Letter To Self

Segunda-feira, 08.01.24

Formados em dois mil e dezanove, os irlandeses SPRINTS de Karla Chubb (vocalista), Colm O’Reilly (guitarrista), Jack Callan (baterista) e Sam McCann (baixista), são uma das grandes sensações deste já vertiginoso início sonoro de dois mil e vinte e quatro. Sedeados em Dublin, apostam num indie rock incisivo, cru e imponente, à sombra de um catálogo interessante de influências que abraçam os cânones essenciais do grunge, do garage e do gótico, estilos que se cruzam e se mesclam sem receios nas suas criações sonoras, nomeadamente num alinhamento de onze canções intitulado Letter To Self, produzido por Daniel Fox e que viu a luz do dia por estes dias, com a chancela da City Slang.

Sprints: Letter to Self review — the explosive Irish band join a thriving  scene

Cada vez é mais difícil escutar um disco e sermos, no imediato, trespassados pelo seu conteúdo e tal suceder sem apelo nem agravo. Letter To Self é um forte, seco e contundente murro no estômago, um registo que nos recorda que a música ainda consegue surpreender e que ainda há esperança para quem já não acredita que é possível agitar as águas com algo de sustancialmente diferente do que o habitual e, melhor do que isso, inovador. Os SPRINTS não inventaram nenhuma fórmula nova, não descobriram a pólvora, como se costuma dizer, mas constate-se, em abono da verdade, que foram tremendamente eficazes no modo como sugaram para o seu âmago um leque de influências bem delineado e, dando-lhe um cunho pessoal que se transformou rapidamente em adn indistinto, criaram, logo na estreia, uma verdadeira obra-prima, porque é disso que Letter To Self se trata.

Logo a abrir o disco, na guitarra abrasiva e no modo como a bateria cresce em Ticking até à explosão eufórica rebarbada que é depois afagada pela voz de Karla, fica explícita a cartilha destes SPRINTS. Depois, em Heavy, com um ímpeto de imediatismo e de urgência indisfarçáveis e nos braços de uma melodia algo hipnótica e sombria, torna-se ainda mais óbvio o receituário que nos é aplicado, atingindo terrenos algo progressivos em Cathedrals, um festim punk que racha de alto a baixo qualquer convenção ou alicerce. Shaking Their Hands ainda tenta, sem sucesso felizmente, afagar um pouco a toada, através de um clima mais íntimo e clemente, mas o hino de estádio Can't Get Enough Of It, o travo psicadélico de Adore Adore Adore e, principalmente, o modo principesco como em A Wreck (A Mess) e Up And Comer o ruído torna-se sinónimo de coerência, enquanto estabelece uma relação íntima conosco que preenche, esclarecem-nos que este naipe de composições foi pensado para satisfazer até à exaustão a ânsia de todos aqueles que procuram projetos sonoros que fujam ao apelo radiofónico e que, simultaneamente, ofereçam ao rock novos fôlegos e heróis.

Neste disco ímpar, fabuloso, potente e visceral, o modus operandi é, portanto, coerente, claro, incisivo e explicito; Canção após canção é a guitarra que dá o mote, depois a bateria vai ao encontro dela, chocando os dois, muitas vezes, de frente e o baixo faz depois o trabalho sujo de contrabalançar e impôr ordem nessa luta satânica, mas que nunca se mostra desigual, entre cordas e baquetas. Em resultado disso, crueza, vigor, monumentalidade e destreza interpretativa andam sempre de mãos dadas, em quase quarenta minutos que se escutam, como tem que ser, com os punhos cerrados, o queixo altivo e as ancas desgovernadas. A energia e a vibração são constantes e enquanto isso sucede, exorcizamos demónios, enfrentamos os nossos medos e atiramos para trás das costas as nossas hesitações, gritando letras que falam das agruras típicas de quem entra na vida adulta e nem sempre sabe como lidar com os dilemas do amor, o peso da desilusão, as angústias do amanhã ou as marcas que o ontem nos deixou e que teimam em não passar.

Letter To Self é um disco que seduz, instiga e maravilha pela crueza e pela espontaneidade do rock que exala e que contendo aspetos identitários deslumbrantes de todo o espetro sonoro acima identificado, agrega-os com enorme mestria, ao mesmo tempo que define o adn de uma banda que vai ser, apostamos, referência e inspiração para outras. E quando esse patamar se atinge, um pódio ao alcance de poucos, mas que os SPRINTS já ocupam, estamos, obviamente, na presença de uma referência incontornável do indie rock atual. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:01

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020)

Sexta-feira, 15.12.23

Quase dois anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo acharam que era altura de voltar a fazer um novo balanço da sua discografia, materializado em EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), um alinhamento de vinte canções que, conforme o título indica, em pouco mais de setenta minutos revisita alguns dos momentos maiores dos oito discos que o grupo lançou entre dois mil e sete e dois mil e vinte.

Eels: Eels So Good - Essential Eels Vol. 2 (2007-2020) | SOUNDS & BOOKS

O hiato temporal a que se refere EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), justifica-se porque os Eels já tinham lançado um tomo semelhante de canções em 2007, intitulado EELS So Good: Essential EELS, Vol. 1 (1996-2006), compilação que sumariou os destaques dos primeiros seis discos do grupo californiano.

Se o período inicial dos Eels foi, talvez, o mais interessante e criativo do grupo, a segunda fase da carreira da banda também teve vários momentos altos, com discos como Extreme Witchcraft e, a espaços, Earth To Dora, a abordarem aquele punk rock direto, abrasivo e contundente que, na primeira fase da banda, teve em Souljacker o momento maior, mas também com álbuns do calibre de End Times, a oferecerem-nos aquela folk intimista e melancólica, que só está ao alcance dos melhores cantuatores.

De facto, um dos grandes trunfos dos Eels, liderados por um Mr. E sempre enigmático, reflexivo, abrasivo e disposto a mostrar porque tem nos Beatles a sua inspiração maior, é, realmente, o elevado grau de ecletismo e a capacidade que este projeto com três décadas de existência sempre teve de se reinventar e de lançar, em cada álbum, mais achas para uma fogueira sonora que, da alt-pop, ao folk, passando pelo punk e o melhor rock alternativo, sempre sobreviveu, no seu âmago, à sombra das superiores capacidades interpretativas dos músicos que abraçaram Mr. E e fizeram desta banda um projeto sempre fresco e atual e, em cada trabalho, com a mala cheia de novas canções impecáveis para sobressairem em mais um punhado de grandes concertos, uma das faces essenciais do sucesso deste grupo.

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020) é, em suma, um documento fundamental para todos os amantes de uma banda que acaba por ser, diga-se, o tubo de escape de uma existência conturbada e inusitada de Mark Everett, um músico que usa óculos desde que foi atingido por um laser num concerto dos The Who nos anos oitenta e que viveu a sua vida sempre habituado a conviver com a tragédia na sua vida pessoal e a superar eventos nefastos. Tudo começou em mil novecentos e oitenta e dois com a morte por ataque cardíaco do pai, o famoso físico Hugh Everett, na altura profundamente deprimido por nunca ter conseguido que a sua teoria sobre física quântica fosse aceite no meio científico. Década e meia depois aconteceu o suícidio da irmã Elizabeth em mil novecentos e noventa e seis e a partida da sua mãe, Nancy Everett, devido a um cancro, meses antes do lançamento do espetacular registo Electro-Shock Blues, (1998), disco que se debruça de modo particularmente impressivo sobre esta espiral de eventos marcantes da vida de Mr E., que ainda teve mais um capítulo no onze de setembro de dois mil e um, quando num dos aviões que foi desviado contra o Pentágono seguia a sua prima Jennifer Lewis Gore. Mesmo que muitas destas canções tenham sido incubadas na ressaca de mais algum revés na vida pessoal de Everett, com algumas chagas do seu segundo divórcio ainda muito vivas nesta segunda fase da carreira dos Eels, a maior parte destes vinte temas são, claramente, composições felizes e empolgantes e que mantêm bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 18:42

Cloud Nothings – Final Summer

Sexta-feira, 10.11.23

Dois anos e meio depois de The Shadow I Remember, o sétimo disco da carreira do grupo de Cleveland, no Ohio, os Cloud Nothings de Dylan Baldi, Jayson Gerycz e Chris Brown e um dos expoentes do punk, emo e hardcore norte-americanos, estão de regresso com um novo tema intitulado Final Summer, composição que marca a estreia do trio no catálogo da etiqueta Pure Noise Records.

Cloud Nothings: “Final Summer” - Música Instantânea

Final Summer tem todos os ingredientes que caraterizam o adn dos Cloud Nothings. É uma canção conduzida por guitarras cruas e com um forte pendor imediatista e orgânico, mas também imbebidas numa indesmentível destreza melódica, que rapidamente resvala para um turbilhão de visceralidade e imponência únicos. É um hardcore efusiante e visceral, gravado em parceria com Jeff Zeigler, misturado por Sarah Tudzin  e masterizado por Jack Callahan. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:33

The Drums – Jonny

Sábado, 28.10.23

Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que foi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que chegou ao fim recentemente com Jonny, o novo álbum do projeto, dezasseis canções que contam com a chancela da ANTI-Records.

The Drums Drop 'I Want It All,' Announce Summer Tour

Conforme o título do registo indica, Jonny mergulha a fundo na intimidade de Pierce. Ao sexto disco e servindo-se da camuflagem The Drums, este músico nova iorquino resolve embarcar num faustoso exercício de introspeção, que vai do elogio à auto flagelação e à revisão, com um propósito claramente exorcizador, inclusive de diversos traumas. E começa logo, em Isolette, com o seu próprio nascimento, à boleia de uma canção que versa sobre o nascimento de Pierce, um evento algo traumático porque, segundo o músico, o médico que assistia a sua mãe rompeu a bolsa sem o consentimento da mesma, provocando um parto doloroso e um nascimento prematuro. Por causa disso, Pierce afirma sentir muitas vezes que nunca saiu realmente da incubadora (Isolette).

Jonny é, portanto, uma tela sonora liricamente adornada com um arco de influências pessoais, de eventos, de desejos, emoções e receios que, muitas vezes num ápice, é percorrido pelo músico, sem filtros e de forma intensa e até apaixonada, como se Pierce olhasse para si próprio e se contemplasse, algumas vezes com deleite, outras com uma certa compaixão, mas nunca, diga-se em abono da verdade, com vergonha.

Enquanto o autor executa este exercício, que deverá ter tido, certamente, um enorme efeito terapêutico sobre si próprio, Jonny aproveita a deixa para também nos deixar alguns conselhos, nomeadamente em Flowers, neste caso sobre o modo como os sentimentos que nutrimos por outra pessoa podem ter diferentes graus de intensidade, de acordo com o momento e as circunstâncias e a alegria que esse tipo de conexão com alguém pode provocar em cada um de nós.

Sonoramente, os The Drums também mantêm uma bitola sonora bem definida e homogénea, mas que, mesmo assim, não deixa de conter algumas nuances e particularidades, até porque não seria sensato esticar o mesmo estilo performativo num alinhamento tão extenso. Assim, tanto temos a oportunidade de conferir sequências sonoras que apostam no habitual registo acelerado e contundente do adn The Drums, com o efeito metálico da guitarra e uma bateria arritmada a encarnarem uma curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, cm uma tonalidade dançante irresistível, como podemos contemplar instantes mais intimistas, uma diferença que tem na bateria um papel preponderante, já que, no que concerne às cordas, são diminutas as concessões que Pierce faz relativamente ao modo como as replica. A cereja no topo do bolo acaba por ser a postura vocal de Pierce, mais madura e suculenta do que nunca e particularmente tocante e emocionada em alguns momentos. Obvious ou Plastic Envelope são as composições em que melhor se pode apreciar esta sua formatação vocal algo nostálgica e amiúde feita com uma quase pueril simplicidade.

Registo bem balizado em termos de referências, Jonny merece dedicação e nota positiva, não só pelo exercício filosófico que encarna, mas também por, na minha opinião, mostrar que Pierce é cada vez mais capaz de agarrar em fórmulas bem sucedidas e, procurando nunca se colar demasiado a essa zona de conforto, conseguir criar algo único e genuíno e que, no seu todo, represente a relevância deste projeto nova iorquino no universo indie atual. De facto, Jonny é uma prova evidente que o autor não desiste de ser uma referência e que procura fazê-lo com contemporaneidade, consistência e excelência, mesmo que isso implique entregar-se a quem o quiser sem qualquer despudor. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:11

The Vaccines – Heartbreak Kid

Terça-feira, 03.10.23

Os britânicos The Vaccines de Justin Young, Freddie Cowan, Pete Robertson e Árni Árnason, já têm sucessor para o registo Back In Love City, que lançaram em dois mil e vinte e um, um alinhamento de treze canções que consolidou uma estética sonora que, numa esfera indie rock, nunca deixou de olhar quer para alguns detalhes do punk, como para certos tiques e arranjos que sobrevivem à sombra da eletrónica, inaugurada em dois mil e onze com o aclamado álbum What Did You Expect from The Vaccines?.

THE VACCINES | HEARTBREAK KID

Pick-Up Full of Pink Carnations, expressão retirada da canção de mil novecentos e setenta e um American Pie de Don McLean e que simboliza o fim da inocência e do sonho americano, é o título do sexto registo de originais dos The Vaccines, um compêndio de dez canções que irá chegar aos escaparates a doze de janeiro do próximo ano, com a chancela da Thirty Tigers. O álbum foi produzido por Andrew Wells e, de acordo com Heartbreak Kid, o segundo tema do alinhamento do disco e o primeiro retirado em formato single, o disco irá aprimorar ainda mais a essência sonora dos The Vaccines, enquanto se debruça sobre a mudança de Justin Young para Los Angeles e a diferença entre as expetativas que criou relativamente a essa mudança e a realidade que encontrou.

Heartbreak Kid é uma canção frenética e com um ritmo bastante acelarado, apostando numa toada simultaneamente vibrante e nostálgica, assente num punk rock contundente e encorpado, com a distorção abrasiva da guitarra e uma multiplicidade de efeitos em seu redor a serem as grandes imagens de marca de um tema incisivo e que se debruça sobre o fim de um relacionamento. Confere Heartbreak Kid e o artwork e a tracklist de Pick-Up Full of Pink Carnations...

 Sometimes, I Swear
Heartbreak Kid
Lunar Eclipse
Discount De Kooning (Last One Standing)
Primitive Man
Sunkissed
Another Nightmare
Love To Walk Away
The Dreamer
Anonymous in Los Feliz

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publicado por stipe07 às 13:10

The Drums – The Flowers

Segunda-feira, 02.10.23

Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que foi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que chegou ao fim recentemente com a divulgação das canções Plastic EnvelopeProtect Him AlwaysI Want It AllObviousBetter e Isolette, que, como seria expetável, antecipam um novo disco da banda, chamado Jonny, que irá ver a luz do dia no próximo outono.

The drums vuelven a México en Octubre: Todos los detalles - 24 Horas

Esta saga de divulgação de novas composições levada a cabo por Jason Pierce tem mais um capítulo intitulado The Flowers, o décimo terceiro tema do alinhamento de Jonny. Este novo single retirado do novo registo dos The Drums versa sobre o modo como os sentimentos que nutrimos por outra pessoa podem ter diferentes graus de intensidade, de acordo com o momento e as circunstâncias e a alegria que esse tipo de conexão com alguém pode provocar em cada um de nós. Sonoramente é uma canção um pouco mais intimista do que as restantes, mas mantém-se naquele registo que tipifica o adn The Drums, com o efeito metálico da guitarra e uma bateria arritmada a encarnarem uma curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, com uma tonalidade dançante irresistível. Confere..

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publicado por stipe07 às 13:48

Cave Story - Wide Wall, Tree Tall

Quinta-feira, 20.07.23

Depois de West (2016), Punk Academics (2018) e dos EPs Spider Tracks (2015) e The Town (2021), os Cave Story estão de regresso aos discos com Wide Wall, Tree Tall, um virtuoso alinhamento de onze canções assinado por uma das bandas fundamentais do cenário indie e alternativo nacional atual e que surge como um tratado de afirmação da identidade estética e geográfica deste grupo natural das Caldas da Rainha, assim como uma celebração dos modos de fazer, da paixão e da curiosidade deste quarteto.

Cave Story dão a conhecer o novo disco “Wide Wall, Tree Tall” – Glam  Magazine

Wide Wall, Tree Tall bem poderia ser a caracterização da envergadura da parede sonora que unifica os ramos post punk e art rock que sustentam a música dos Cave Story. E, no fundo, é mesmo isso porque, ao longo dos seus pouco mais de trinta minutos, o disco tanto deambula pelo garage, selvaticamente cerrado em Aching for A Rebel, como pelo rock clássico, este bulicosamente impressivo em Dead And Fermeting e até mesmo quando este afaga climas algo psicadélicos, nomeadamente na enleante This Is Academy. Depois há também laivos de forte cariz noventista, em canções como I Called You Already ou, num prisma mais elétrico, em Ice Sandwich e até por ambientes progressivos, bem patentes em Sing Something For Us Now e, principalmente, Critical Mass, um imponente esgar elétrico, onde orgânico e sintético se entrecruzam com superior deleite.

Seja como e onde for que os Cave Story calcorreiem sonoramente, Wide Wall, Tree Tall terá de ser sempre descrito como um álbum com uma filosofia interpretativa que esteve, na sua génese criativa, claramente confortável a explorar os recantos mais obscuros de uma relação que se deseja que não seja sempre pacífica entre a mágica tríade instrumental que compôe o arsenal de grande parte dos projetos inseridos nesta miríade sonora, o baixo, a guitarra e a bateria, sempre dentro dos abrangentes limites definidos por um post punk pop experimental de elevado calibre.

Resumindo, ao longo do alinhamento de Wide Wall, Tree Tall, são muitos os playgrounds sonoros explorados por Gonçalo Formiga, José Sousa, Bia Diniz e Ricardo Mendes, que reafirmam assim o seu amplo expectro de referências. Baladas introspectivas, sintetizadores quentes e peganhentos, batidas mais ou menos assertivas que não deixam de nos puxar, em momentos, para o mosh pit, guitarras que nos levam em viagens instrumentais constantes. , são caraterísticas indeléveis de um disco assinado por um projeto cada vez mais vanguardista devido ao modo como consegue assimilar todas as heranças que aprecia e criar um mapa sonoro que nos conquista e seduz, e que acaba por ser tremendamente atual, exatamente por experimentar também tantas referências antigas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:45

Silversun Pickups – I’m The Man

Quarta-feira, 12.07.23

Depois de terem colocado o ano passado nos escaparates Physical Thrills, o sexto registo da carreira, os Silversun Pickups, de Brian Aubert, Nikki Monninger, Christopher Guanlao e Joe Lester, estão de regresso com uma versão que criaram para I’m The Man, um clássico de mil novecentos e setenta e nove, assinado por Joe Jackson.

Silversun Pickups Blaze Through 'The Pit' – Premiere – Rolling Stone

Esta versão que os Silversun Pickups conceberam para I'm The Man, faz parte da nova temporada da série exclusiva da Netflix The Lincoln Lawyer e nela, a banda de de Los Angeles, na Califórnia, mantendo o frenesim intuito e de elevado travo punk da bateria e das guitarras do original, não belisca a grandiosidade e o vigor de um extraordinário clássico, fazendo-o sem descurar o compromisso que sempre teve com uma estética e um adn muito próprios e que nunca deixa de conter a contemporaneidade e o ideal de inovação que os Silversun Pickups sempre procuram e que geralmente se baseia na mistura de uma dose equilibrada de experimentalismo e nebulosidade, com a inserção de alguns detalhes sintetizados, exemplarmente emparelhados entre a percussão. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:09

Birds Are Indie - Ones & Zeros

Segunda-feira, 10.07.23

Exatamente três anos depois do excelente registo Migrations – The Travel Diaries #1, já chegou aos escaparates Ones & Zeros, o sexto álbum dos conimbricenses Birds Are Indie de Joana Corker, Ricardo Jerónimo e Henrique Toscano. É um registo de dez canções abrigadas pela Lux Records, assumidamente conceptual e onde o trio explora, sem medos, novas temáticas e novas sonoridades., sem deixar de transmitir um rol de emoções e sensações únicas, com intensidade e minúcia, mas também misticismo e argúcia e com uma serenidade extraordinariamente melancólica e bastante contemplativa, mesmo que as guitarras elétricas, tocadas com frenesim, estejam na linha da frente do processo de criação sonora do disco, como se percebe logo no extraordinário tema Empty Screen e no devaneio punk particularmente anguloso One Last Book Into The Fire, já para não falar da curiosa abordagem que é feita ao melhor rock progressivo de raízes setentistas, em It Doesn't Sound Real.

Birds Are Indie lançam sexto álbum 'Ones & Zeros' que marca um novo ciclo

Ones & Zeros versa sobre a distopia, a inteligência artificial e a alienação . É este o ponto de partida de um disco que, como o código binário que o inspirou, é também ele feito de contrastes, de sombras e de clarões, revelando um novo capítulo, mais abrasivo, roqueiro e contundente de uma banda que foi sempre afoita, nesta dúzida de anos que leva de existência, a tentar inflexões e salutares piscares de olho ao rock, ao blues e ao jazz, mostrando atenção às novas tendências e disposta a manipulá-las em proveito próprio, geralmente dentro daquela indie folk assente em cordas exuberantes, melodias aditivas e arranjos inspirados, uma fórmula que criou sempre um ambiente emotivo e honesto e que nunca descurou um elevado espírito nostálgico e sentimental, duas caraterísticas bastante presentes na escrita e na composição deste grupo. Em Ones & Zeros não se pode dizer que todas estas permissas foram renegadas, mas é um facto evidente que o chamado indie punk rock é agora a nova menina dos olhos do projeto. Até em Living In The Trenches, canção em que algumas cordas acústicas são dedilhadas com indisfarçável luminosidade, existe o vigor do baixo para conferir ao tema este novo cunho identitário assente num rock enérgico, direto e incisivo que, curiosamente, não deixa de piscar o olho, em instantes como So Many Ways e The Rabbit Hole, a um cruzamento libidinoso entre a típica eletrónica underground nova iorquina e o colorido neon pop dos anos oitenta, além das saudáveis influências já referidas.

Em suma, e como é tão bem descrito no press release de lançamento do disco, em Ones & Zeros a banda de Coimbra, sem perder a essência pop, faz co-habitar audazes guitarras distorcidas, caixas de ritmos dançantes, sintetizadores de calor analógico, bateria e baixo pujantes, assim como letras urgentes cantadas com tons a condizer. As histórias estão carregadinhas de ironia acutilante , feitas de personagens presas entre mundos, divididas nas suas vontades, cujos percursos levam a uma reflexão sobre os equilíbrios possíveis na relação com a tecnologia. Em Ones & Zeros experimentamos, hoje e agora, o futuro visto pelos Birds Are Indie, onde o forte e o delicado, o intenso e o harmónico, o real e o virtual, o rock e o pop, se relacionam livremente e abrem mil e uma possibilidades. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 11:22






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