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MGMT – Loss Of Life

Sábado, 16.03.24

Já viu a luz do dia Loss Of Life, o novo registo de originais da dupla MGMT e o quinto da carreira da banda natural de Middletown, no Connecticut e formada por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser. Sucessor do álbum Little Dark Age, de dois mil e dezoito, Loss Of Life foi produzido por Patrick Wimberly e os próprios MGMT, misturado por Dave Fridmann e chegou aos escaparates com a chancela da Mom+Pop.

MGMT Announce New Album Loss of Life, Share Video for New Song: Watch |  Pitchfork

Projeto fundamental no momento de enunciar algum do catálogo sonoro essencial da pop psicadélica das últimas duas décadas, os MGMT chegam ao quinto disco mantendo a já mítica salutar demanda pela quebra de expetativas do público relativamente às suas propostas e, ao mesmo tempo, tentando cimentar um adn que, no fundo, talvez se caraterize mesmo por essa curiosa teimosia e, consequentemente e de modo a praticá-la exuberantemente, pela apropriação de todo um vasto espetro sonoro e instrumental, que do rock progressivo setentista à folk contemporânea, não encontre fronteiras ou zonas cinzentas. No fundo, tudo serve para a dupla criar e este Loss Of Life espelha essa liberdade criativa que sempre caraterizou os MGMT e que continua a fazer deles um projeto único e de importância imcomparável. 

Assim, escuta-se Loss Of Life de mente aberta, um trabalho, já agora, filosoficamente encharcado nos ordinários dilemas existenciais dos dias de hoje, e somos brindados com um festim sonoro exuberante e repleto de nuances, detalhes e experimentações das mais diversas proveniências. Por exemplo, se a divertida canção Bubblegum Dog coloca, sem atalhos, os MGMT numa rota curvilínea que interseta nuances acústicas com guitarras distorcidas que exalam um clima experimental intenso, tudo rematado por uma vasta gama de efeitos cósmicos, materializando uma espécie de alt-rock psicadélico, de forte pendor psicotrópico, épico, majestoso e progressivo, já Nothing To Declare caminha num sentido algo oposto, colocando as fichas numa folk de cariz eminentemente acústico, com as cordas de uma viola a serem acompanhadas por uma bateria de elevado pendor jazzístico, um suporte orgânico trespassado por alguns detalhes e nuances sintéticas. Ao mesmo tempo, Mother Nature espelha uma sempre indispensável faceta radiofónica que, num misto de acessibilidade e primor técnico interpretativo, confere ao disco um trunfo comercial que nunca é de descurar, ainda por cima quando inaugura o catálogo da banda numa nova etiqueta.

Estas três canções, que são momentos altíssimos de Loss Of Life, mostrando a tal imprevisibilidade constante, acabam, curiosamente, ou talvez não, por subjugar todo o universo MGMT que cativou milhões de fãs no mundo inteiro, devido a esta charmosa falta de homonegeidade que, no fundo, só comprova a tremenda veia criativa dos autores, sempre prontos a imiscuir-se nos mais diversos territórios intrumentais. É como se através delas a dupla executasse um exercício simbiótico minuciosamente estruturado de toda a sua discografia anterior, com o perfume jazzístico intimista de People In The Streets, a exuberância das cordas que se arrastam com propósito pela planante Nothing Changes e o festim sintético que nos faz levitar em Wish I Was Joking, a servirem como armas de arremesso contra todos aqueles que ousem colocar em causa esta filosofia comprometida com aquele salutar vale tudo em que assente Loss Of Life.

Disco equilibrado, simultaneamente colorido e sagaz e melodicamente delicado, rico e intenso, Loss Of Life é mais um puro instante de lisergia sonora, um registo luminoso e que não deixa de conter um certo groove. Confirmando o já habitual cariz psicotrópico das criações sonoras dos MGMT, Loss Of Life tem aquele travo feminino que cai bem nos dias de hoje, sem descurar um lado mais contemplativo, misterioso e visceral que é imagem de marca do melhor pop rock psicadélico, mostrando, uma vez mais, que há sempre algo de festivo e, de certo modo, também descomprometido e descontraído neste subgénero do indie, eminentemente nostálgico. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:20

STRFKR – Parallel Realms

Terça-feira, 05.03.24

Já chegou aos escaparates Parallel Realms, o espetacular novo registo de originais dos STRFKR, mestres a transmitir boas vibrações e com uma inclinação para a beleza sonora que é, quanto a mim, inquestionável. O disco contém dezassete composições e em pouco menos de uma hora oferece-nos um faustoso banquete de contemporaneidade sonora charmosa, vibrante e luminosa, com a chancela da Polyvinyl Records.

STRFKR announce their forthcoming album, Parallel Realms | The Line of Best  Fit

Parallel Realms sucede ao excelente disco Future Past Life, que a banda de Josh Hodges lançou em dois mil e vinte e um e comprova a guinada que o projeto tem dado, na última meia década, rumo a um perfil criativo que, sem renegar as guitarras e o baixo, coloca os teclados e os sintetizadores em plano de destaque, procurando, com astúcia e bom gosto, animar e encher de êxtase as pistas de dança. Isso fica comprovado, desde logo, no tema de abertura, Always / Never, canção em que uma guitarra com um timbre setentista ímpar introduz-nos num cosmos de groove e de psicadelia efusiantes, em quase quatro minutos em que luz, cor e plumas se entrelaçam continuamente, enquanto o orgânico e o sintético trocam entre si, quase sem se dar por isso, o protagonismo intepretativo e instrumental, numa composição plena de cosmicidade e lisergia e em que rock e eletrónica conjuram entre si com elevada mestria e bom gosto.

Esta descrição minuciosa da canção que abre o disco, podia servir de resumo para a trama conceptual de todo o álbum. De facto, Parallel Realms é um disco animado, em que instantes como Armatron, uma composição sedutora, que começa por assentar numa batida com um groove delicioso, que vai sendo trespassada por diversos efeitos cósmicos e flashantes e um teclado insinuante e Under Water / In Air, tema melodicamente irrepreensível, afagado por uma guitarra com um timbre metálico aconchegante, um registo percurssivo vincado e diversas sintetizações enleantes, num resultado final festivo e tremendamente radiofónico e com uma ímpar luminosidade, assim como a bateria inebriante e o efeito metálico contundente da guitarra qe ciranda por Running Around, a serem exemplos de canções que se espraiam alegremente nos nossos ouvidos, sem pedir licença, algo que se saúda.

No entanto, Parallel Realms também proporciona instantes sonoros contemplativos, que escutados, por exemplo, numa estufa de plantas, tornam-se no adubo ideal para as fazer crescer. A cosmicidade planante de Holding On, o groove robótico minimal de Chizzlers e a pueril cândura de Carnival são belos exemplos deste modus operandi mais ambiental e que acentua um perfil também algo nostálgico de um disco que não deixa de encontrar fortes reminiscência naquela eletrónica que nomes como os Phoenix, Hot Chip ou Passion Pit começaram a cimentar no início deste século.

Parallel Realms está cheio de temas notáveis e extremamente belos, impregnados, como é habitual nos STRFKR, com letras de forte cariz introspetivo e de fácil identificação com as nossas agruras e recompensas diárias. No seu todo, o disco acaba por saber a uma espécie de devaneio psicadélico, que não deixa de mostrar uma acentuda vibe setentista, em que, como já foi referido, diversas texturas orgânicas, orientadas por uma guitarra ecoante e sintéticas, conduzidas por sintetizadores repletos de efeitos cósmicos, se entrecruzam entre si e dividem o protagonismo no andamento melódico e estilístico do alinhamento no seu todo. Parallel Realms eleva os STRFKR a um patamar ímpar de qualidade, mas também de percepção de uma visão sagaz não só daquilo que tem sido a suprema herança da pop das últimas quatro décadas, mas também daquilo que poderá ser o futuro próximo da melhor indie rock. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:38

Real Estate – Daniel

Sexta-feira, 01.03.24

Pouco mais de três anos após o registo The Main Thing, os Real Estate de Martin Courtney, Alex Bleeker, Matt Kallman, Julian Lynch e Sammi Niss, estão de regresso com Daniel, o seu quinto disco da carreira, um alinhamento de onze canções que foi produzido por Daniel Tashian (Kacey Musgraves, Demi Lovato) e que viu a luz do dia a vinte e três de fevereiro, com a chancela da Domino Records.

Watch Real Estate Cover Elton John's 'Daniel' at 'Daniel' Release Show

Declaradamente inspiradas no mítico álbum Automatic For The People que os R.E.M. lançaram em mil novecentos e noventa e dois, as doze canções de Daniel são um festim para todos os saudosistas desses tempos em que uma certa pureza, espontaneidade e sentido livre de descoberta sem constrangimentos comerciais incipientes, eram forças motrizes do processo criativo de algumas bandas que acabaram por se tornar ícones de uma geração que viveu um período de transição não só entre dois séculos, mas também entre duas formas de viver e de sentir a música. E isso acontece porque este é um disco encharcado com composições que exalam um salutar e acochegante polimento melódico, ampliado pelo modo com os efeitos das guitarras buscam, quase sempre, uma certa luminosidade efusiva, conduzidas por um baixo com um pulsar muito vincado e caraterístico, apontando, assim, a mira para os pilares fundamentais desse indie rock que, tendo nesse tal saudosismo de outras épocas a sua grande força motriz, também não descura a ambição de ser incluído no catálogo do melhor catálogo sonoro contemporâneo.

Logo a abrir o disco, a lúcida cadência épica de Somebody New coloca-nos, instintivamente, um largo sorriso no rosto, tal é a luminosidade que transparece de uma canção que parece querer forçar o ouvinte a deixar, nem que seja por breves instantes, tudo e todos para trás, rumo aquela luz chamada Daniel, que, a partir de agora, sempre que precisarmos, estará sempre à mão, física ou digital. Depois, temas como Water Underground, uma composição suave e aconchegante, em que intimidade e acessibilidade se confundem à boleia de cordas reluzentes e arranjos luminosos, num resultado final com um travo surf intenso e harmonioso, banhado pelo sol dos subúrbios e com um certo toque psicadélico, ou Haunted World, canção encharcada em guitarras vibrantes, ao mesmo tempo que aposta numa toada mais íntima e etérea, são dois belos exemplos do modo como este quinteto consegue, em Daniel, preservar um adn muito vincado, sempre leve e inspirado, enquanto nos seduzem e impressionam com um claro travo de inedetismo. De facto, durante a audição do disco nunca deixa de haver algo de distintivo e único, no modo como as canções seguem o seu percurso natural.

Mas há outros momentos altos neste disco; a rugosidade do baixo que conduz Flowers comprova a abrangência da fiosofia interpretativa que inspirou um alinhamento que, a espaços, também atinge laivos progressivos e depois, em Freeze Brain, temos uma curiosa guinada por territórios mais ambientais, com um certo pendor eletrónico, enquanto escutamos aquela que poderia muito bem ser a melhor canção que os Zero 7 compuseram na última década.

Daniel é, em suma, um alinhamento repleto de temas vibrantes, um disco que tanto contém uma atmosfera catárquica como um clima sonhador, com belos momentos que sabem aquela brisa quente e aconchegante que entra pela nossa janela naquelas convidativas noites de um verão que tarda em chegar. Os Real Estate sempre se puderam gabar de serem capazes de mostrar uma invulgar intensidade emocional na sua escrita, mas também já merecem ser caraterizados como uma banda possuidora dessa importante valência ao nível sonoro, porque mesmo que não se entenda o que cantam, é impossível não sentirmos algo profundo e intenso à boleia das suas canções. Daniel exala, por isso, uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:39

Warpaint – Common Blue

Quarta-feira, 21.02.24

A comemorar vinte anos de carreira, as Warpaint de Theresa Wayman, Emily Kokal, Jenny Lee Lindberg e Stella Mozgawa, resolveram marcar a efeméride com o lançamento de um single de sete polegadas, que contém duas novas composições do quarteto. O single estará disponível muito em breve, apenas em formato digital e em vinil, sendo a primeira amostra do projeto de Los Angeles em dois anos, depois do lançamento do excelente disco Radiate Like This, em dois mil e vinte e dois.

Warpaint tell us about their “psychedelic” 20 years together and new single  'Common Blue'

As duas canções deste novo single das Warpaint chamam-se Common Blue e Underneath. De ambas, já é possível escutar a primeira. Common Blue é uma canção luminosa, dançante e que exala uma ímpar psicadelia. Assenta num baixo vigoroso, numa bateria contundente e numa guitarra solarenga, um arsenal instrumental que replica a típica densidade orgânica, harmoniosa e vibrante do quarteto, ao mesmo tempo que executa um cruzamento feliz entre alguns dos detalhes fundamentais da dreampop e do chamado trip-hop que fez escola nos anos noventa, uma combinação que nestes quase quatro minutos que duram Common Blue, se inunda de nostalgia e contemporaneidade, com elevado groove e uma clara sapiência melódica. Confere Common Blue e o vídeo do tema assinado por Robin Laananen...

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publicado por stipe07 às 17:58

Lo Moon – Water

Quarta-feira, 14.02.24

Pouco mais de um ano depois do extraordinário álbum A Modern Life, a revigorante indie pop psicadélica dos norte-americanos Lo Moon de Matt Lowell está de regresso à boleia de mais uma amostra daquele que irá ser o terceiro registo de originais do projeto de Los Angeles, que se estreou em dois mil e dezoito com um disco homónimo. Assim, depois de em pleno outono último termos escutado Evidence, agora chega a vez de conferirmos Water, outra canção que vai fazer parte de I Wish You Way More Than Luck, um álbum misturado por Alan Moulder e que vai chegar aos escaparates a cinco de abril, com a chancela do consórcio Thirty Tigers / The Orchard.

Lo Moon Release Two New Tracks From Forthcoming Album 'Water' & 'Connecticut'

Evidence debruçava-se sobre a vontade que todos devemos ter de aprender com os nossos erros, começando por contemplar a inocência das primeiras relações amorosas e a jornada existencial que nesse instante das nossas vidas todos iniciamos e o modo como a mesma pode fazer de nós melhores companheiros e pessoas. Water, tema produzido por Mike Davis (Ratboys, Pool Kids, Great Grandpa), que tem como b side Connecticut, mantém esse cunho de intimidade e de busca de identificação por parte do ouvinte. Sonoramente assenta numa viola acústica que vai recebendo de braços abertos outras cordas eletrificadas repletas de distorções insinuantes, num resultado final majestoso, épico, nostálgico e vibrante. Confere Water e o vídeo do tema dirigido por Warren Fu, que também já tinha constado dos créditos do filme de Evidence...

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publicado por stipe07 às 17:19

Grandaddy – Long As I’m Not The One

Sexta-feira, 09.02.24

Seis anos depois do registo Last Place, os californianos Grandaddy, de Jason Lytle, preparam-se para regressar aos discos com Blu Wav, um alinhamento de treze canções que chegará aos escaparates a dezasseis de fevereiro, com a chancela da Dangerbird Records. É uma fantástica notícia que nos chega do lado de lá do Atlântico e que temos vindo a atualizar nos últimos dois meses, com a divulgação dos vários singles que têm sido extraídos daquele que será o oitavo disco da carreira deste projeto norte-americano natural de Modesto, na Califórnia.

Watercooler, uma canção que, de acordo com o próprio Jason Lytle, versa sobre o fim de um dos seus relacionamentos com alguém que trabalhava num escritório, foi o primeiro single revelado do alinhamento de Blu Wav, tema que, como certamente se recordam, foi dissecado por cá no início de novembro. Depois, no mês seguinte, debruçámo-nos no conteúdo de Cabin On My Mind, a segunda composição do alinhamento de Blu Wav, um tema que impressionou-nos a todos pelo seu cariz  eminentemente pop e pela sua invulgar cosmicidade.

Agora, a pouco mais de um mês do lançamento do disco, chega a vez de contemplarmos Long As I'm Not The One, mais um imersivo, hipnótico e etéreo catálogo de sintetizações planantes, vocalizações de forte cariz lo fi e guitarras com efeitos encharcados numa soul lisérgica intensa. À semelhança dos dois temas anteriores, mas destacando-se desses por ter um travo psicadélico superior, este modus operandi que deu origem a Long As I'm Not The One, é uma trama sonora que acaba por sustentar mais um curioso tratado de pop cósmica, comprovando que os Grandaddy mantêm-se em grande forma e na linha da frente na abordagem a um universo sonoro que encontra raízes no rock progressivo setentista do século passado, um género sonoro com caraterísticas muito próprias, mas que possibilita inúmeras abordagens e explorações. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:48

Pond – Neon River

Domingo, 04.02.24

Pouco mais de dois anos após 9, um disco que colocou os Pond voltados para ambientes sonoros com elevado sentido melódico e uma certa essência pop, numa busca de uma maior acessibilidade e abrangência, a banda liderada por Nick Allbrook, baixista dos Tame Impala, está de regresso com um novo tema intitulado Neon River, que ainda não traz atrelado o anúncio de um novo disco do projeto australiano.

Pond share psychedelic new single 'Neon River' and announce world tour dates

Neon River é uma composição de forte cariz lisérgico, um oásis de luminosidade alimentado por cordas exuberantes, que tanto debitam uma sensibilidade acústica ímpar, como se deixam alimentar por um combustível eletrificado que inflama raios flamejantes que cortam a direito distorções inebriantes, plenas de fuzz e acidez, sendo depois trespassadas por sintetizações cósmicas efervescentes, num resultado final que, qual odisseia em tecnicolor, mistura com mestria synth pop com rock psicadélico. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:32

The KVB – Labyrinths

Quarta-feira, 31.01.24

Os londrinos The KVB construiram na última meia década um firme reputação que permite afirmar, com toda a segurança, que são, atualmente, uma das melhores bandas a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Formados pela dupla Nicholas Wood e Kat Day, os The KVB deram nas vistas em dois mil e dezoito com o registo Only Now Forever, criaram semelhante impacto no ano seguinte com o EP Submersion e, em dois mil e vinte e um com o disco Unity e no verão do ano passado enriqueceram ainda mais o seu catálogo à custa de Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era), um disco que chegou aos escaparates a doze de maio com a chancela da Cleopatra Records, uma etiqueta independente sedeada em Los Angeles. Agora, quase um ano após esse registo, a dupla prepara-se para regressar aos discos com Tremors, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a cinco de abril, com a chancela da Invada Records.

Gravado entre Bristol e Manchester com a ajuda do produtor James Trevascus, Tremors deverá, de acordo com o próprio projeto, aprofundar os conceitos de distopia e apocalipse, que estiveram sempre presentes no ideário lírico dos The KVB, mas de um modo mais pessimista e profundo, abordando também os conceitos de perda, resistência, lamento e aceitação de mudanças inevitáveis.

Labyrinths é o primeiro single revelado do alinhamento de Tremors. É um verdadeiro tratado de indie punk rock progressivo, enérgico e abrasivo, com um travo geral denso, agressivo e sujo, que encontra o seu principal sustento em guitarras encharcadas em distorções vigorosas, na impetuosidade da bateria e na cosmicidade dos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de uma canção que espreita perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura lisergia. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:19

The Smile – Wall Of Eyes

Terça-feira, 30.01.24

Cerca de ano e meio depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso com um novo álbum intitulado Wall Of Eyes, um alinhamento de oito canções que viu a luz do dia recentemente, com a chancela da XL Recordings.

The Smile 'Wall of Eyes' Review

Já em junho do ano passado tinha ficado a pairar no ar a ideia de que os The Smile teriam na forja um novo disco, quando divulgaram o single Bending Hectic, uma canção que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos de verão e que, contando com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, oferecia-nos, em pouco mais de oito minutos, uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado. Essa suspeita inicial acabou por se confirmar, materializando-se num disco que agrega nas suas oito composições um fabuloso conteúdo sonoro, lírico e conceptual.

De facto, Wall Of Eyes capitaliza todos os atributos intepretativos do trio que assina os seus créditos e que, partindo dessa base, soube rodear-se de outros músicos que, em momentos chave do álbum, como é o caso do clarinete e do saxofone de Robert Stillman em Read The Room e Friend Of A Friend, ou da flauta de Pete Warehan em Teleharmonic e também em Read The Room, só para citar dois exemplos, foram preponderantes para acentuar um charmoso e contemporâneo ecletismo que materializa uma fina e vigorosa interseção entre o melhor de dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado, tendo, na sua génese, o jazz como pedra de toque e uma mescla entre rock alternativo e eletrónica ambiental como traves mestras no adorno e na indução de cor e alma a um catálogo de canções de forte cariz intimista e que apenas revelam todos os seus segredos se a sua audição for dedicada.

Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um portento de acusticidade intimista, sem colocar em causa a personalidade eminentemente rugosa e jazzística do projeto. Cordas dedilhadas com vigor, exemplarmente acompanhadas por um baixo pulsante, sustentam a voz enleante e profundamente enigmática de Yorke, enquanto diversos efeitos se vão entalhando na melodia, ampliando o efeito cinematográfico da mesma. É uma canção repleta de nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, num resultado final indisfarçadamente labiríntico e que, mesmo não parecendo, guarda em si também algo de grandioso, comovente e catárquico. Depois, Teleharmonic parece querer imobilizar-nos definitivamente porque afunda-nos numa angulosa espiral cósmica hipnotizante, mas o travo progressivo de Read The Room, que paira no regaço de um carrocel psicadélico de sintetizações e distorções e efeitos, logo nos recorda novamente que estas são, acima de tudo, canções feitas para atiçar, inflamar zonas de conforto e deixar definhar apatias e desconsolos.

O disco prossegue e se a robótica guitarra que introduz Under Our Pillows nunca desarma no modo como nos inquieta, enquanto conduz uma abrasiva composição que em pouco mais de seis minutos nos inebria com um punk jazz rock de elevadíssimo calibre, já em Friend Of A Friend, os diversos entalhes sintéticos e alguns sopros, assim como o registo vocal ecoante de Yorke, dão asas a um tema que inicialmente cresce em arrojo e acalma repentinamente para, logo depois, numa espécie de jogo sonoro do toca e foge, deixar-nos, uma vez mais, irremediavelmente presos à escuta.

Até ao ocaso de Wall Of Eyes, a melancolia comovente de I Quit, o bucolismo etéreo e introspetivo de Bending Hectic que, curiosamente, fica ainda mais vincado e realista quando aos seis minutos explode numa majestosa espiral de imediatismo e de rugosidade labiríntica e a longínqua cândura do piano que se insinua em You Know Me!, rematam, com notável nível de destreza, bom gosto e requinte, a essência de Wall Of Eyes, um disco que disserta com gula sobre cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura, agrura, sonhos e esperança, enquanto se torna num portento de indie rock do mais contemporâneo, atual e sofisticado que é possível escutar nos dias de hoje.

De facto, Wall Of Eyes é um álbum excitante e obrigatório, não só para todos os seguidores dos Radiohead, mas também para quem procura ser feliz à sombra do melhor indie rock atual, independentemente do seu espetro ou proveniência estilística. O alinhamento do registo contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica, materializando a feliz junção de três músicos que acabaram por agregar, no seu processo de criação, o modus operandi que mais os seduz neste momento e que, em simultâneo, melhor marcou a sua carreira, quer nos Radiohead, quer nos Sons Of Kemet. É um disco experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 13:49

Cage The Elephant – Neon Pill

Terça-feira, 23.01.24

Cinco anos depois de Social Cues, os norte americanos Cage The Elephant, de Matt Schultz (voz), Brad Schultz (guitarra), Jared Champion (bateria), Daniel Tichenor (baixo) e Lincoln Parish (guitarra), estão finalmente de regresso com um novo single intitulado Neon Pill. Esta nova canção do projeto natural de Bowling Green, no Kentucky, foi gravada nos Texas e produzida por John Hill.

Cage the Elephant Release New Song “Neon Pill”

Neon Pill ainda não traz atrelado o anúncio do sucessor de Social Cues, mas oferece-nos uns Cage The Elephant a manterem bastante firme a bitola que orientou o alinhamento desse disco de dois mil e dezanove e que balançava entre a típica rugosidade daquele rock feito sem adereços desnecessários e a calorosa e acústica pop, tudo misturado com um salutar experimentalismo psicadélico.

De facto, o refrão algo imprevisível e o clima constantemente rugoso, mas melodicamente aditivo de Neon Pill, e a forma como as cordas são  manuseadas e produzidas, são detalhes do tema que comprovam a firmeza dos Cage The Elephant no seu propósito de criar sem preocupações estilísticas ou de obediência cega a fronteiras sonoras, concebendo, ao mesmo tempo, canções plenas de originalidade e com uma elevada bitola qualitativa, ao mesmo tempo que brincam com os nossos sentimentos mais íntimos, uma faceta também essencial do adn deste grupo. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:21






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