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Palace - Bleach

Quinta-feira, 01.02.24

Sedeados em Londres, os Palace deram-nos, em dois mil e vinte e dois, um grande momento discográfico encarnado em Shoals, um espetacular alinhamento de doze canções consumidas na esfera de um indie alt-rock expansivo e encharcado em emotividade, que encontrava fortes reminiscências no catálogo de nomes tão credenciados como os DIIV, Alt-J ou os Local Natives e que acabou por fazer parte, com toda a naturalidade, da nossa lista dos melhores álbuns desse ano.

Palace: Life After review – indie trio find new force | Indie | The Guardian

Já em dois mil e vinte e três, no início do verão e depois de uma aclamada digressão por terras de Sua Majestade, a banda londrina, que tem no centro das suas criações sonoras o inconfundível falsete de Leo Wyndham, o vocalista de um projeto ao qual se juntam Rupert Turner e Matt Hodges, divulgou um EP intitulado Part I - When Everything Was Lost, quatro canções que catapultaram os Palace para territórios sonoros orquestralmente ainda mais ricos e intensos do que Shoals, o já referido registo de estreia.

No início do último outono, a banda britânica voltou à carga com o anúncio de mais um novo EP intitulado Part II – Nightmares & Ice Cream, e agora, no início de dois mil e vinte e quatro, chega finalmente a confirmação de um novo longa duração dos Palace, o quarto do trio. É um trabalho intitulado Ultrasound e conta nos créditos da produção com Adam Jaffrey, que já tinha trabalhado com os Palace no disco de estreia So Long Forever, de dois mil e dezasseis.

Bleach é o primeiro single divulgado do alinhamento de Ultrasound, um efusiante tratado de indie rock carregado de guitarras repletas de reverb, exemplarmente acompanhadas por um vigoroso piano que, de mãos dadas com o baixo, acama um registo melódico bastante inspirado, com o remate final a ser conferido por diversas sintetizações que ajudam a acentuar uma tonalidade épica que não deixa o ouvinte indiferente. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:55

The KVB – Labyrinths

Quarta-feira, 31.01.24

Os londrinos The KVB construiram na última meia década um firme reputação que permite afirmar, com toda a segurança, que são, atualmente, uma das melhores bandas a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Formados pela dupla Nicholas Wood e Kat Day, os The KVB deram nas vistas em dois mil e dezoito com o registo Only Now Forever, criaram semelhante impacto no ano seguinte com o EP Submersion e, em dois mil e vinte e um com o disco Unity e no verão do ano passado enriqueceram ainda mais o seu catálogo à custa de Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era), um disco que chegou aos escaparates a doze de maio com a chancela da Cleopatra Records, uma etiqueta independente sedeada em Los Angeles. Agora, quase um ano após esse registo, a dupla prepara-se para regressar aos discos com Tremors, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a cinco de abril, com a chancela da Invada Records.

Gravado entre Bristol e Manchester com a ajuda do produtor James Trevascus, Tremors deverá, de acordo com o próprio projeto, aprofundar os conceitos de distopia e apocalipse, que estiveram sempre presentes no ideário lírico dos The KVB, mas de um modo mais pessimista e profundo, abordando também os conceitos de perda, resistência, lamento e aceitação de mudanças inevitáveis.

Labyrinths é o primeiro single revelado do alinhamento de Tremors. É um verdadeiro tratado de indie punk rock progressivo, enérgico e abrasivo, com um travo geral denso, agressivo e sujo, que encontra o seu principal sustento em guitarras encharcadas em distorções vigorosas, na impetuosidade da bateria e na cosmicidade dos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de uma canção que espreita perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura lisergia. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:19

Marika Hackman – Big Sigh

Sexta-feira, 12.01.24

Já está nos escaparates Big Sigh, o novo registo de originais da britânica Marika Hackman, um impressivo alinhamento de dez canções que sucede ao extraordinário álbum Any Human Friend que a artista natural de Hampshire e a residir atualmente em Londres, lançou em dois mil e dezanove e que, na altura, foi o terceiro longa duração da sua carreira.

Marika Hackman 'Big Sigh' Review: A Resurgence of Self

Big Sigh tem a chancela da Chrysalis Records e foi produzido pela própria Marika Hackman, com a ajuda de Sam Petts-Davies e Charlie Andrew. Teclas, metais, outros detalhes percurssivos minuciosos e uma sintetização enleante, introduzem-nos em Big Sigh, à boleia de Ground, uma composição sentimentalmente tocante, cinematográfica e com um travo classicista intenso, ficando, desde logo, apresentado o modus operandi do registo. Logo a seguir, em No Caffeine, enquanto é abordada a temática da ansiedade, uma sensação que muitas vezes se materializa em ataques de pânico, percebemos que, sonoramente, Marika Hackman é exemplar no modo como cria delicadas melodias utilizando o piano como instrumento de suporte privilegiado, mas depois permite que as canções tenham espaço para evoluir para territórios muitas vezes buliçosos e inebriantes, sustentados por vários arranjos de sopros, guitarras eletrificadas com mestria, sintetizações insinuantes e uma bateria e um baixo sempre corpulentos.

Se o tema homónimo mostra uma faceta experimentalista, que vai ao encontro ao habitual pendor orgânico de cariz eminentemente acústico que é, também, muito do agrado da britânica, o modo como a canção se vai revelando, na sua complexidade e estrutura, obriga-nos, na verdade, a um aturado exercício de percepção de todas as suas nuances. E essa riqueza interpretativa e diversidade estilística são, sem dúvida, caraterísticas essenciais de Big Sigh. Depois, Blood mantém intacta a possibilidade de audição, numa mesma canção, do amplo referencial de elementos típicos dos universos sonoros em que Marika se move, a eletrónica ambiental e o rock alternativo, catálogos que se vão entrelaçando entre si de forma particularmente romântica e até, diria eu, objetivamente sensual, também muito por causa da performance vocal da autora. 

Até ao final de Big Sigh e num resultado final que, como de certo modo já foi descrito, está repleto de charme e com um intenso travo classicista, em canções como Hanging, tema que reflete sobre o fim de uma relação e a dificuldade que muitas pessoas sentem de seguir em frente, caso a rutura tenha sido algo traumática, ou Slime, composição que evoca os primeiros momentos de intensidade e deslumbramento que todos vivemos quando se inicia uma nova relação e que inicia com a voz doce de Marika e um dedilhar de uma viola a convidar-nos a mergulhar num universo muito peculiar que, no caso deste tema, encontra fortes reminiscências no adn do melhor rock alternativo noventista, somos completamente absorvidos por um disco com instantes minimalistas e contemplativos, mas também repleto de refrões que atiçam e explodem no nosso âmago.

Em suma, o quarto trabalho desta artista, que merece, claramente, maior destaque, cativa pela sua riqueza e profundidade emotiva, mas também pelo modo como se mostra exuberante e bastante cinematográfico, obrigando, no bom sentido da palavra, o ouvinte a sentir-se tocado pela sua intensidade. Os seus pouco mais de trinta e cinco minutos mostram o modo eficaz como Marika se tem dedicado de forma mais democrática à expansão do seu cardápio sonoro, sempre com uma dose algo arriscada de experimentalismo, mas bem sucedida, já que, nestas dez belíssimas canções, é feita de imensos detalhes e com uma elevada subtileza. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 18:49

OS Melhores Discos de 2023 (20-11)

Quinta-feira, 28.12.23

Man On The Moon EP1 - YouTube

20 - Sigur Rós - ÁTTA

ÁTTA é um novo marco e um passo em frente, seguro e maduro, na discografia dos Sigur Rós. Em quase uma hora, o trio avança, talvez definitivamente, rumo à musica de cariz mais clássico e erudito, deixado para trás as guitarras inflamadas em agrestes distorções e uma imponência percurssiva, tantas vezes inigualável, que só o baterista Orri Páll Dýrason sabia como replicar, para se deleitar com um manuseamento tremendamente delicado, despudoradamente calculado e indisfarçadamente belo, do sintético, mesmo se trombones, violinos, harpas ou trompetes continuem a fazer parte da equação. No entanto, é curioso o modo como mesmo através desta guinada conceptual e interpretativa, os Sigur Rós continuam a manter intacto aquele adn muito próprio e único que nos transporta sempre para a típica paisagem vulcânica islandesa, fria e inóspita, já que, à semelhança da restante discografia do trio, este alinhamento é para ser escutado como um único bloco de som, compacto, hermético e aparentemente minimalista, mas rico em detalhes, experiências, nuances e paisagens, como é, num obrigatório e feliz paralelismo, um país tão belo, intrigante e rico como a Islândia.

19 - Dignan Porch - Electric Threads

Noções como crueza, simplicidade, imediatismo, rudeza e aspereza, mas também nostalgia e melancolia, assaltam facilmente a mente de quem escuta, pacientemente, Electric Threads, disponibilizando-se, assim, a embarcar numa viagem contundente rumo aquela indie lo fi e psicadélica do último meio século, que não descura, para se espraiar plena de luz e cor, um travo surf que é sempre tão apelativo. Aparentemente sem grandes pretensões mas, na verdade, de forma claramente calculada, Electric Threads volta a colocar os holofotes sobre os Dignan Porch, já mestres a recriar um som ligeiro, agradável, divertido e simples, mas verdadeiramente capaz de nos empolgar, tendo o louvável intuíto de nos fazer regressar ao passado.

18 - The New Pornographers - Continue As A Guest

Continue As A Guest é um intrincado jogo de luzes e reflexos em forma de música, um disco cheio de brilho e cor em movimento, que tem um alinhamento alegre e festivo e que parece querer exaltar, acima de tudo, o lado bom da existência humana. É, no seu busílis, uma trama orquestral complexa, um festim intrumental em que percussão, sintetizadores, sopros e guitarras, assim como as vozes de Newman e Case, se alternam e se sobrepôem em camadas, à medida que dez composições fluem naturalmente, sem se acomodarem ao ponto de se sufocarem entre si, num caldeirão sonoro criado por um elenco de extraordinários músicos e artistas, que sabem melhor do que ninguém como recortar, picotar e colar o que de melhor existe neste universo sonoro ao qual dão vida e que deve estar sempre pronto para projetar inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte, assentes num misto de power pop psicadélica e rock progressivo.

17 - Ulrika Spacek – Compact Trauma

Compact Trauma volta a colocar os Ulrika Spacek na órbitra da sua já habitual sonoridade punk, feita com fortes reminiscências naquela faceta sessentista ácida e psicotrópica, burilada, como sempre, com um timbre metálico de guitarra rugoso, acompanhado, quase sempre, por uma bateria em contínua contradição. A filosofia de composição musical destes Ulrika Spacek baliza-se através de um assomo de crueza, tingido com uma impressiva frontalidade, quer lírica quer sonora. Compact Trauma é mais um contínuo exercício insinuante de tornar aquilo que é descrito habitualmente, na música, como algo aparentemente desconexo e texturalmente incómodo, em algo que, quer ritmíca, quer melodicamente, é grandioso, sedutor e instigador, enquanto expressa, com nota máxima, um modo bastante textural, orgânico e imediato de criar música e de fazer dela uma forma artística privilegiada na transmissão de sensações que não deixam ninguém indiferente. De facto, Compact Trauma atesta a segurança, o vigor e o modo criativamente superior como este grupo britânico entra em estúdio para compôr e criar um shoegaze progressivo que se firma com um arquétipo sonoro sem qualquer paralelo no universo indie e alternativo atual.

16 - Teenage Fanclub - Nothing Lasts Forever

A ideia de luz é o foco central de um portentoso alinhamento de dez canções que, no seu todo, encarnam um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. De facto, Nothing Lasts Forever, um álbum encharcado em positividade, sorridente melancolia, inocente intimismo e ponderado pendor reflexivo, é um caminho seguro, retílineo e consistente rumo aquele indie rock que provoca instantaneamente sorrisos de orelha a orelha, independentemente do estado de espírito inicial. É um disco cheio de canções leves, melodicamente sagazes e, se forem analisadas tendo em conta o catálogo já vasto do projeto, são imperiosas no modo como, com uma intensidade nunca vista no quinteto, desbravam caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da indie folk, a britpop e o melhor rock oitocentista. Nothing Lasts Forever é calor e luz, mas ouve-se em qualquer altura do ano. Intenso, poético e cheio de alma, exala um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera sempre amável e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Aliás, para os Teenage Fanclub nunca foi.

15 - Jonathan Wilson - Eat The Worm

Eat The Worm é uma obra criativa única e indispensável, incubada por um autor que gosta de cantar e contar na primeira pessoa e assumir, ele próprio, o protagonismo das histórias que nos relata, enquanto prova ao mundo inteiro, mais uma vez, que é imcomparável a recriar diferentes personagens, cenas e acontecimentos, geralmente sempre dentro de um mesmo território criativo, neste caso o cinema. Sonoramente, é uma paleta sonora pintada com rock sinfónico de primeira água, um fabuloso tratado sonoro, tremendamente cinematográfico, que materializa uma espécie de colagem de vários trechos díspares num único alinhamento, enquanto abraça um elevado leque de influências que vão do jazz à folk, passando pelo rock psicadélico e progressivo.

14 - GUM - Saturnia

Nas dez canções de Saturnia Jay Watson executa, com elevada mestria, um exercicio criativo de mescla de diferentes influências, que abraçam todo um arco sonoro que vai do rock progressivo com adn setentista, à pop sinfónica de década seguinte, passando por alguns dos detalhes essenciais do jazz, da folk, do R&B e da própria eletrónica. Existe uma vibe psicadélica incomum, mas prodigiosa, em toda esta amálgama repleta de guinadas, interseções, detalhes inesperados, trechos de puro experimentalismo e, acima de tudo, preenchida com um travo de fragilidade e inocência incomuns.

13 - Woods - Perennial

Perennial é mais uma guinada no percurso sonoro dos Woods. Mantendo o perfil eminentemente indie folk, trespassado por algumas das principais nuances do rock alternativo contemporâneo, é um disco que coloca elevado ênfase num indisfarçável clima jazzístico. O registo coloca a nú a cada vez mais elaborada e eficazmente arriscada filosofia experimental interpretativa de um grupo bastante seguro a manusear o arsenal instrumental de que se rodeia, apostando em composições com arranjos inéditos e que são melodicamente abordados e construídos através de uma perspetiva que se percebe ter resultado de um trabalho aturado de criação que, tendo pouco de intuitivo, diga-se, plasma, com notável impressionismo, a enorme qualidade musical dos Woods. Um dos traços que mais impressionam na audição de Perennial é a quase presunçosa segurança que os autores demonstram na criação e na interpretação de canções que, tendo claramente o adn Woods, não são assim tão óbvias para os ouvintes que conheçam com profundidade a carreira do grupo. Esta sagacidade e esta altivez servem para aumentar ainda mais a pontuação de um trabalho que, sendo eminentemente crú e envolvido por um doce travo psicadélico, passeia por diferentes universos musicais sempre com superior encanto interpretativo e sugestivo pendor pop, traves mestras que melodicamente colam-se com enorme mestria ao nosso ouvido e que justificam, no seu todo, que este seja um dos melhores registos do já impressionante catálogo de uma banda fundamental do rock alternativo contemporâneo.

12 - King Creosote - I DES

Personalidade exímia no modo como retrata uma Escócia repleta de especificidades, com uma cultura milenar e uma história ímpar de sobrevivência, Kenny Anderson utiliza a música como forma de homenagear a terra onde nasceu e sempre viveu, conseguindo, em simultâneo, colocar-nos bem no epicentro de tudo aquilo que o define enquanto pessoa, artista e cidadão. I DES, o seu novo tomo de dez canções e o quinto de uma já notável carreira com a assinatura King Creosote, é um notável catálogo de indie folk majestosa, imponente e, melhor do que isso, melodicamente tocante. Todas as composições do registo têm uma faceta incrivelmente enleante, no modo como nos cativam e nos seduzem, porque mesmo que narrem histórias de angústia, luta contra adversidades, ou de esperança em melhores dias, deixam-nos boquiabertos e, de certo modo, hipnotizados, perante uma indisfarçável beleza melódica que, como é óbvio, só se explica perante a enorme detreza criativa e interpretativa do autor. Um registo percurssivo quase sempre arritmado e vigoroso, teclados hipnóticos e um vasto catálogo de sopros das mais diversas proveniências instrumentais, preenchem o catálogo instrumental de I DES, um álbum portentoso e em que angústia e libertação são sensações que se fundem, quase sem se dar por isso, um modus operandi que resulta num clímax onde não falta um invulgar travo psicadélico. 

11 - Local Natives - Time Will Wait For No One

Time Will Wait for No One é um álbum com uma atmosfera sonora enérgica, mas também com instantes de densidade algo inéditos no percurso discográfico dos Local Natives. É, claramente, um daqueles trabalhos em que uma banda resolve voltar a baralhar e a dar de novo, fazendo-o sem renegar, como é óbvio, o seu passado, mas querendo, com muita força e criatividade, explorar novos caminhos e possibilidades. Assim, neste registo impecavelmente produzido, o quinteto continua a caminhar dentro de uma atmosfera bem delineada e de uma constante proximidade entre as vertentes lírica e musical, algo que ficou logo bem patente logo em Gorilla Manor, a obra de estreia que alicerçou definitivamente o rumo sonoro dos Local Natives, mas o percurso é agora feito num ambiente mais efervescente, opção que demonstra, com objetividade, uma maior consciência musical e um modus operandi ainda mais renovado, emotivo e delicioso.

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publicado por stipe07 às 20:02

Bombay Bicycle Club – My Big Day

Quinta-feira, 14.12.23

Três anos depois de Everything Else Has Gone Wrong, os Bombay Bicycle Club de Jack Steadman, Jamye MacCol, Suren de Saram e Ed Nash, estão de regresso aos discos com My Big Day, o sexto registo de originais do quarteto, um alinhamento de onze canções que conta com as  participações especiais de nomes tão proeminentes como Damon Albarn, Jay Som, Nilüfer Yania, Holly Humberstone, entre outros.

Bombay Bicycle Club - 'My Big Day' review: indie heroes enlist Damon Albarn  and Chaka Khan

Produzido pelo próprio Jack Steadman, My Big Day plasma uma declarado esforço do quarteto em navegar por diferentes estilos, procurando encarnar o registo mais eclético e heterogéneo de uma banda marcante das últimas décadas no cenário indie britânico. O naipe de participações especiais encarna essa demanda, porque são personalidades ímpares e que provêm de diferentes espetros sonoros, que derivam entre o rock clássico e a melhor eletrónica contemporânea, com cada canção a ter impresso o carimbo do adn dessa presença externa aos Bombay Bicycle Club.

O resultado deste caldeirão são pouco mais de quarenta e três minutos em que o amor e a alegria são celebrados de modo expansivo e vibrante. Logo a abrir o registo, o travo sessentista psicadélico de Just A Little More Time dá o mote para um disco recheado de grandes instantes. I Want To Be Your Only Pet mantém o mote do tema inicial com o fuzz das guitarras a dar à composição um travo ainda mais progressivo. Depois, o registo vocal sempre incisivo de Jay Som oferece a Sleepless um carisma e uma intensidade inebriantes, num cruzamento feliz entre pop e r&b, apimentado por algumas nuances sintéticas bastante curiosas.

Esta introdução vigorosa e inspirada de My Big Day, confere-lhe, logo nos minutos iniciais, um lustro intenso, que o resto do álbum não faz destoar. Assim, na efervescência crescente do tema homónimo, na cosmicidade enletante de Turn The World On e no sinuoso tratado de indie pop contemporânea que nos oferece Diving, temos outros momentos altos de um trabalho que coloca este projeto natural de Crouch End, nos arredores da capital britânica, nos píncaros do território sonoro em que se insere e que tanto pode ser predominante festivo, como, sem perder esse cariz, simultaneamente reflexivo.

My Big Day versa sobre memórias únicas e inesquecíveis, dá primazia ao baixo e às guitarras na maior parte das canções, mas obtém todo o seu charme e sumo no modo como esses instrumentos essenciais e verdadeiros pilares do indie rock atual se deixam enredar pelo sintético sem reservas ou traumas, encarnando, desse modo, num álbum extraordinário e tremendamente festivo e descomprometido, sagazes interseções entre rock e eletrónica. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:44

Marika Hackman – Slime

Quarta-feira, 13.12.23

Big Sigh é o título do novo registo de originais que a britânica Marika Hackman tem na forja para colocar nos escaparates em dois mil e vinte e quatro, um trabalho que sucede ao extraordinário álbum Any Human Friend que a artista natural de Hampshire e a residir atualmente em Londres, lançou em dois mil e dezanove e que, na altura, foi o terceiro longa duração da sua carreira.

Marika Hackman releases new single 'Slime'

No Caffeine foi, como certamente os mais atentos se recordam, o primeiro single revelado do alinhamento de Big Sigh, um disco que terá a chancela da Chrysalis Records e que foi produzido pela própria Marika Hackman, com a ajuda de Sam Petts-Davies e Charlie Andrew. Era um tema que abordava a temática da ansiedade, uma sensação que muitas vezes se materializa em ataques de pânico e que sonoramente assentava numa delicada melodia incubada por um piano, que depois evoluia para territórios mais buliçosos e inebriantes, sustentados por vários arranjos de sopros, guitarras eletrificadas com mestria, sintetizações insinuantes e uma bateria e um baixo corpulentos, num resultado final repleto de charme e com um intenso travo classicista.

Alguns dias depois de termos revelado Caffeine, foi possível escutar um outro momento alto de Big Sigh intitulado Hanging, uma canção que refletia sobre o fim de uma relação e a dificuldade que muitas pessoas sentem de seguir em frente, caso a rutura tenha sido algo traumática. Agora, já em dezembro, podemos conferir Slime, o oitavo tema do alinhamento de Big Sigh. Este terceiro single retirado do disco oferece-nos o mesmo catálogo instrumental rico, charmoso e variado das duas composições anteriores, enquanto evoca os primeiros momentos de intensidade e deslumbramento que todos vivemos quando se inicia uma nova relação.

Sonoramente, Slime inicia com a voz doce de Marika e um dedilhar de uma viola a convidar-nos a mergulhar num universo muito peculiar que, no caso deste tema, encontra fortes reminiscências no adn do melhor rock alternativo noventista, nomeadamente no modo como o refrão atiça e explode, numa espiral eletrificada que, à medida que o tema avança, vai ficando cada vez mais rugosa e imponente. É, em suma, mais uma composição de Marika Hackman exuberante e bastante cinematográfica, obrigando o ouvinte a sentir-se tocado pela sua intensidade, não o deixando indiferente. Confere Slime e o vídeo do tema assinado pela própria Marika e por Anne-Sofie Lindgaard...

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publicado por stipe07 às 16:36

Marika Hackman – Hanging

Quinta-feira, 30.11.23

Big Sigh é o título do novo registo de originais que a britânica Marika Hackman tem na forja para colocar nos escaparates em dois mil e vinte e quatro, um trabalho que sucede ao extraordinário álbum Any Human Friend que a artista natural de Hampshire e a residir atualmente em Londres, lançou em dois mil e dezanove e que, na altura, foi o terceiro longa duração da sua carreira.

Marika Hackman has announced her new album 'Big Sigh' with teaser single ' Hanging' | Dork

No Caffeine foi, como certamente os mais atentos se recordam, o primeiro single revelado do alinhamento de Big Sigh, um disco que terá a chancela da Chrysalis Records e que foi produzido pela própria Marika Hackman, com a ajuda de Sam Petts-Davies e Charlie Andrew. Era um tema que abordava a temática da ansiedade, uma sensação que muitas vezes se materializa em ataques de pânico e que sonoramente assentava numa delicada melodia incubada por um piano, que depois evoluia para territórios mais buliçosos e inebriantes, sustentados por vários arranjos de sopros, guitarras eletrificadas com mestria, sintetizações insinuantes e uma bateria e um baixo corpulentos, num resultado final repleto de charme e com um intenso travo classicista.

Agora já é possível escutar um outro momento alto de Big Sigh. O novo single de Marika Hackman chama-se Hanging. É uma canção que reflete sobre o fim de uma relação e a dificuldade que muitas pessoas sentem de seguir em frente, caso a rutura tenha sido algo traumática. Hanging oferece-nos o mesmo catálogo instrumental rico, charmoso e variado de No Caffeine. No entanto, e ao contrário do que sucede com o primeiro single que foi destaque por cá a semana passada, Hanging inicia de modo algo melancólico, mas rapidamente atinge um perfil sonoro exuberante e bastante cinematográfico, num resultado final que obriga o ouvinte a sentir-se tocado pela sua intensidade, não o deixando indiferente. Confere Hanging e o artwork e a tracklist de Big Sigh...

The Ground
No Caffeine
Big Sigh
Blood
Hanging
The Lonely House
Vitamins
Slime
Please Don’t Be So Kind
The Yellow Mile

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publicado por stipe07 às 16:36

Marika Hackman – No Caffeine

Sábado, 25.11.23

Big Sigh é o título do novo registo de originais que a britânica Marika Hackman tem na forja para colocar nos escaparates em dois mil e vinte e quatro, um trabalho que sucede ao extraordinário álbum Any Human Friend que a artista natural de Hampshire e a residir atualmente em Londres, lançou em dois mil e dezanove e que, na altura, foi o terceiro longa duração da sua carreira.

Marika Hackman returns with first single in four years, 'No Caffeine'

No Caffeine é o primeiro single revelado do alinhamento de Big Sigh, um disco que terá a chancela da Chrysalis Records. É um tema que aborda a temática da ansiedade, uma sensação que muitas vezes se materializa em ataques de pânico. Sonoramente, No Caffeine assenta numa delicada melodia incubada por um piano, que depois evolui para territórios mais buliçosos e inebriantes, sustentados por vários arranjos de sopros, guitarras eletrificadas com mestria, sintetizações insinuantes e uma bateria e um baixo corpulentos, num resultado final repleto de charme e com um intenso travo classicista. Uma grande canção, já com direito a um curioso vídeo assinado pela própria Marika Hackman e por Natàlia Pagès Geli. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:22

There Will Be Fireworks – Summer Moon

Quinta-feira, 23.11.23

A Escócia está, claramente, na ordem do dia com bandas e projetos como King Creosote, Tiny Skulla, The Magnetic North, Frightened Rabbit, The Twilight Sad ou We Were Promised Jetpacks, a carimbarem relevância na contemporaneidade indie que nos vai invandindo, feita de boa música, mas também de algum excesso de fácil radiofonia e de exagerada popularidade. Os There Will Be Fireworks são mais um nome a juntar à listagem, uma banda escocesa, mas atualmente sedeada em Londres, que acaba de deixar em verdadeiro sentido a nossa redação devido a Summer Moon, o novo disco do projeto, que coloca fim a um hiato de uma década, já que sucede ao álbum The Dark, Dark Bright, que o grupo lançou em dois mil e treze.

There Will Be Fireworks announce their first album in ten years, Summer Moon  | The Line of Best Fit

Summer Moon é um extraordinário alinhamento de treze canções que tem a chancela da The Imaginary Kind, uma equena etiqueta escocesa detida por elementos dos There Will Be Fireworks, que se movem confortavelmente a calcorrear caminhos, mais ou menos sinuosos, que os levam do indie rock, ao rock progressivo, à folk e ao emo rock, uma curiosa amálgama que, no caso de Summer Moon, é também uma marca sonora que vinca, neste disco, a transição entre a juventude e a vida adulta dos membros do grupo, uma passagem que ocorreu durante o período que separa este álbum do antecessor. Summer Moon contém, portanto, esta marca de maturidade, com canções filosoficamente mais intrnicadas e profundas, mas sem colocarem em causa a habitual delicadeza e elevado sentimentalismo que os There Will Be Fireworks colocam, mesmo quando o manto sonoro é rugoso, imponente e ruidoso.

Como se percebe logo em Smoke Machines (Summer Moon), Summer Moon é um disco de guitarras, mas também um exemplo consistente de como as mesmas, eletrificadas, podem delinear interseções, junções e sobreposições com os sintetizadores. É um jogo entre o orgânico e o sintético feito com mestria e com enorme apuro melódico. Holding In The Dark, por exemplo, cativa logo ao primeiro instante, pelo modo como um trecho cósmico sintético acompanha, exemplarmente, uma repetitiva linha de guitarra hipnótica, durante quase seis minutos enleantes e vibrantes. Mesmo quando em Bedroom Door existe um apelo mais intenso por parte da acusticidade, não é colocada em causa uma riqueza e uma diversidade instrumental, uma permissa que ganha ainda maior ênfase, logo a seguir, em Love Comes Around, canção em que a bateria assume a linha da frente, enquanto aquela lágrima fácil no canto do nosso olho resolve deslizar face abaixo e sem qualquer hesitação.

Até ao final de Summer Moon, grandiosidade e consistência são termos que assaltam instintivamente a mente do ouvinte, enquanto se delicia, na impulsividade eletrizante de Our Lady Of Sorrows, ou no baixo embalador e na soul do timbre metálico da guitarra que se vai insinuando em Dream Song, até a canção explodir, quase no sentido literal do termo, com um naipe de canções abrigadas por alguns dos melhores pilares estilísticos e conceptuais que sustentam a nata do rock alternativo atual, um modus operandi que também não descura piscares de olhos descarados a ambientes eminentemente progressivos, mas sempre de um modo polido e orquestralmente rico. É uma trama que acaba por ajudar a puxar o ouvinte para um lado eminentemente reflexivo e sonhador, num disco que é um marco de preserverança e de exaltação, criado por uns There Will Be Fireworks que sempre conseguiram inflamar a sua música com uma quase incontrolada paixão. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 11:54

Palace – Make You Proud

Terça-feira, 14.11.23

Sedeados em Londres, os Palace deram-nos, no ano passado, um dos grandes momentos discográficos de dois mil e vinte e dois, encarnado em Shoals, um espetacular alinhamento de doze canções consumidas na esfera de um indie alt-rock expansivo e encharcado em emotividade, que encontrava fortes reminiscências no catálogo de nomes tão credenciados como os DIIV, Alt-J ou os Local Natives e que acabou por fazer parte, com toda a naturalidade, da nossa lista dos melhores álbuns desse ano.

Palace return with new release, "Make You Proud" | The Line of Best Fit

Já em dois mil e vinte e três, no início do verão e depois de uma aclamada digressão por terras de Sua Majestade, a banda londrina, que tem no centro das suas criações sonoras o inconfundível falsete de Leo Wyndham, o vocalista de um projeto ao qual se juntam Rupert Turner, Will Dorey e Matt Hodges, divulgou um EP intitulado Part I - When Everything Was Lost, quatro canções que catapultaram os Palace para territórios sonoros orquestralmente ainda mais ricos e intensos do que Shoals, o já referido registo de estreia.

No início do outono, a banda britânica voltou à carga com o anúncio de mais um novo EP intitulado Part II – Nightmares & Ice Cream, ao mesmo tempo que divulgou o conteúdo de Rabid Dog, a composição que vai abrir esse novo tomo de canções dos Palace. Poucas semanas depois, chega a vez de conferirmos Make You Proud, uma nova composição dos Palace que irá, certamente, também fazer parte do alinhamento de Part II – Nightmares & Ice Cream. Make You Proud versa sobre o amor e a insegurança, sendo sonoramente uma composição com um forte cariz climático e contemplativo, conduzida por uma guitarra embaladora e repleta de soul, uma parelha que sustenta um resultado final sereno e algo reluzente, com um charme tremendamente sofisticado.

Make You Proud é uma excelente adição a um EP que, de acordo com o próprio Wyndham, retrata alguns eventos que foram significativos para a banda no último ano, ao mesmo tempo que serve para exorcizar alguns anseios e receios que o sucesso inesperado que foi Shoals criou no seio dos Palace. Part II – Nightmares & Ice Cream foi produzido por Adam Jaffrey (Oh Wonder, Loyle Carner, Lucy Rose) nos estúdios Unwound Studios e vai ver a luz do dia a cinco de dezembro, com a chancela da Fictions Records. Confere... 

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publicado por stipe07 às 16:41






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