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DEHD – Light On

Quinta-feira, 14.03.24

Dois anos depois do excelente registo Blue Skies, a banda norte-americana Dehd, formada por Emily Kempf, Jason Balla e Eric McGrady, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Poetry, um alinhamento de catorze canções, que irá ver a luz do dia a dez de maio com a chancela da insuspeita Fat Possum.

Aspereza melódica e sagacidade lo fi são dois conceitos transversais ao conteúdo de Light On, o mais recente single retirado, em jeito de antecipação, deste novo registo do trio de Chicago. Light On é uma canção enleante e de elevado pendor nostálgico, instrumentalmente assente numa guitarra insinuante, adornada por uma percussão hipnótica, nuances que enredilhadas numa embalagem algo caseira, intíma e imediatista, criam uma criativa e luminosa composição, recheada com uma combinação de referências, assentes num revigorante indie surf rock, que rapidamente nos fazem recordar o melhor catálogo de outros nomes dotados da mesma identidade, como os Wavves ou os Beach Fossils. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:39

Cassettes On Tape – Lost Filter vs Are You There

Quarta-feira, 28.02.24

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

Cinco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão desse ano, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono desse mesmo ano, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, há precisamente um ano, chegou à nossa redação Summer Ghost e Alright Already.

Agora, já em dois mil e vinte e quatro, e sem a confirmação de um novo álbum, os Cassettes On Tape, voltam a revelar uma dupla de composições, os temas Lost Filter e Are You There. São duas composições com um forte pendor nostálgico, que olham com gula para o melhor rock alternativo noventista. Guitarras com um delicioso travo lo fi, que tanto replicam um perfil sonoro quase acústico, no caso de Lost Filter, como debitam cascatas de distorções rugosas e impulsivas, imponentes em Are You There, uma produção crua e um perfil interpretativo melódico inspirado, são o modus operandi essencial destes dois temas, que exemplificam o modo vigoroso como este quarteto dá uma elevada primazia aos detalhes e, mesmo no meio do ruído, não descuram um considerável cariz etéreo. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:43

Horsebeach – Pure Shores

Segunda-feira, 26.02.24

Uma das boas surpresas sonoras de dois mil e dezanove para a nossa redação foi The Unforgiving Current, um alinhamento de dez canções assinado pelos britânicos Horsebeach, um projeto natural de Manchester e formado por Ryan Kennedy (voz) Matt Booth (bateria), Tom Featherstone (guitarra) e Tom Critchley (baixo). Os Horsebeach estrearam-se nos discos há quase uma década com um homónimo, ao qual sucedeu, em dois mil e quinze, Beauty & Sadness, um álbum que, na altura, reforçou a aposta da banda em sonoridades eminentemente etéreas e melancólicas, dentro de um catálogo indie virtuoso, com uma atmosfera particularmente íntima e envolvente, um modus operandi que se vem aprimorando com cada vez maior mestria.

New Blood: Horsebeach | Music Interview | The Skinny

Quase no ocaso do passado ano de dois mil e vinte e três, os Horsebeach regressaram ao nosso radar porque têm na forja um novo álbum intitulado Things to Keep Alive, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a vinte e quatro de março e já disponível para reserva no bandcamp do grupo exemplarmente liderado por Ryan Kennedy. Things To Keep Alive é um disco que, de acordo com o próprio Ryan, tem um forte conteúdo autobiográfico porque, à semelhança dos quatro registos anteriores do grupo, reflete sobre a sua própria existência, debruçando-se, neste caso concreto, sobre a luta que o músico travou, nos últimos anos, com alguns problemas relacionados com a sua saúde mental.

In The Shadow Of Her foi, nessa altura, o primeiro single divulgado do alinhamento de Things To Keep Alive. Depois, já no início deste mês de fevereiro, chegou a vez de conferirmos A Friend By The Lake, a canção que abre o alinhamento deste novo trabalho dos Horsebeach. Agora chega a vez de escutarmos Pure Shores, um tema luminoso, com uma tonalidade solarenga e que vai crescendo até nos prendar com uma explosão sónica intensa e vibrante. É um percurso sonoro com pouco mais de quatro minutos que sobrevive à sombra de uma bateria discreta, mas vigorosa e a já habitual guitarra com uma distorção abrasiva insinuante, que é, sem dúvida, a grande imagem de marca dos Horsebach. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:43

Horsebeach – A Friend By The Lake

Sexta-feira, 02.02.24

Uma das boas surpresas sonoras de dois mil e dezanove para a nossa redação foi The Unforgiving Current, um alinhamento de dez canções assinado pelos britânicos Horsebeach, um projeto natural de Manchester e formado por Ryan Kennedy (voz) Matt Booth (bateria), Tom Featherstone (guitarra) e Tom Critchley (baixo). Os Horsebeach estrearam-se nos discos há quase uma década com um homónimo, ao qual sucedeu, em dois mil e quinze, Beauty & Sadness, um álbum que, na altura, reforçou a aposta da banda em sonoridades eminentemente etéreas e melancólicas, dentro de um catálogo indie virtuoso, com uma atmosfera particularmente íntima e envolvente, um modus operandi que se vem aprimorando com cada vez maior mestria.

INTERVIEW: Horsebeach - GigslutzGigslutz

Quase no ocaso do passado ano de dois mil e vinte e três, os Horsebeach regressaram ao nosso radar porque têm na forja um novo álbum intitulado Things to Keep Alive, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a vinte e quatro de março e já disponível para reserva no bandcamp do grupo exemplarmente liderado por Ryan Kennedy. In The Shadow Of Her é um disco que, de acordo com o próprio Ryan, tem um forte conteúdo autobiográfico porque, à semelhança dos quatro registos anteriores do grupo, reflete sobre a sua própria existência, debruçando-se, neste caso concreto, sobre a luta que o músico travou, nos últimos anos, com alguns problemas relacionados com a sua saúde mental.

In The Shadow Of Her foi, nessa altura, o primeiro single divulgado do alinhamento de Things To Keep Alive. Agora chega a vez de conferirmos A Friend By The Lake, a canção que abre o alinhamento deste novo trabalho dos Horsebeach. É uma composição que assenta numa hpnótica batida sintética, que vai acamando diversas sintetizações cósmicas e uma linha de guitarra com uma distorção abrasiva insinuante. A canção evolui e vai crescendo em arrojo e intensidade e todas as nuances orgânicas e sintéticas que recebe carimbam, nos seus pouco mais de cinco minutos, um balanço inspirado entre uma rugosidade bastante vincada e uma espécie de pueril majestosidade lo fi. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:00

J Mascis – Set Me Down

Segunda-feira, 18.12.23

Pouco mais de meia década depois de Elastic Days, J Mascis, o líder dos míticos Dinosaur Jr, acaba de anunciar mais uma nova adição ao seu catálogo a solo. É um disco intitulado What Do We Do Now, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia em dois de fevereiro de dois mil e vinte e quatro, com a chancela da Sub Pop Records.

Set Me Down” é o novo single de J Mascis – Glam Magazine

Can’t Believe We’re Here, a canção que abre o alinhamento de What Do We Do Now, foi a primeira composição retirada do disco em formato single. Como certamente se recordam, porque ela foi dissecada neste espaço há quase um mês, era uma composição com uma deliciosa base acústica repleta de cor e luminosidade, que ia sendo adornada por guitarras eletrificadas, num resultado final com uma componente nostálgica ímpar, porque nos levou, num abrir e fechar de olhos, até à herança do melhor indie rock alternativo dos anos noventa do século passado.

Agora chega a vez de escutarmos o oitavo tema do alinhamento de What Do We Do Now, um registo que foi gravado nos estúdios Bisquiteen Studio, em Western Massachusetts e que, além de Mascis, conta com as contribuições instrumentais de Ken Mauri, teclista do B-52's e do músico canadiano, natural de Ontário, Matthew Doc Dunn. Este segundo single retirado de What We Do Now, mantém o mesmo perfil da composição anterior e, consequentemente, o habitual registo das criações do autor, com destaque, neste caso, para diversas nuances percurssivas, que vão sendo trespassadas por cordas dedilhadas sem auxílio de amplificação, exceto quando Mascis pega na guitarra elétrica e, quase no ocaso da canção, reproduz um solo rugoso e épico, sendo tudo moldado por uma produção com um perfil eminentemente crú e orgânico.

Em suma, e como seria de esperar, Set Me Down contém todas as marcas identitárias de um perfil interpretativo que foi sempre imagem de marca de um autor que nunca deixou de colocar na linha da frente uma indispensável radiofonia, sem deixar de tocar no âmago de quem o escuta com superior atenção e devoção. É uma coerência que não é sinónimo de redundância e que, nas asas deste novo single, faz adivinhar que What Do We Do Now será um disco animado, radioso e com todos os ingredientes para se tornar num verdadeiro clássico de rock puro e duro, pulsante e de superior quilate, do ano civil que se aproxima a passos largos. Confere... 

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publicado por stipe07 às 13:34

Hazel English – Real Life

Sábado, 09.12.23

Artista debaixo dos holofotes da crítica mais atenta desde que lançou há já meia década o EP Give In / Never Going Home, Hazel English estreou-se nos discos em dois mil e vinte com Wake Up!, um buliçoso alinhamento de dez composições que nos ofereceram uma bagagem nostálgica tremendamente impressiva, já que, ao escutarmos o registo, parecia que embarcávamos numa máquina do tempo rumo à melhor pop que se fazia há mais ou menos meio século e que ainda hoje influencia fortemente alguns dos melhores nomes da indie contemporânea.

Hazel English: “Real Life” - Música Instantânea

Na passada primavera, já neste ano dd dois mil e vinte e três, e já depois de no final de dois mil e vinte e um nos ter brindado com um inédito intitulado Nine Stories, que foi grande destaque de um EP chamado Summer Nights, lançado no verão do ano seguinte, a cantora australiana a residir atualmente em Oakland, nos Estados Unidos, voltou à carga com uma belíssima cover de Slide, um icónico tema dos anos noventa assinado pelos míticos Goo Goo Dolls de Johnny Rzeznik, Robby Takac, George Tutuska e Mike Malinin.

No outono, Hazel English deliciou-nos com uma novidade intitulada Heartbreaker, que ainda não trazia atrelado o anúncio de um novo disco da artista e que contava nos créditos de produção com Jackson Phillips aka Day Wave, seu colaborador de longa data. No entanto, parece que esse segundo registo de originais da cantora de Oakland será mesmo uma realidade em dois mil e vinte e quatro, porque ela continua bastante ativa e a revelar novas composições.

De facto, agora, quase no inverno, Hazel English brinda-nos com um tratado filosófico sobre desencontros amorosos e sobre a necessidade de saber seguir em frente quando uma relação termina, à boleia de Real Life, um tema luminoso e bastante melancólico, como se exige tendo em conta o seu conteúdo temático. Real Life assenta em guitarras ziguezagueantes, sintetizadores charmosos e um registo vocal ecoante e sentimentalmente intenso, nuances que materializam pouco mais de três minutos de puro deleite pop. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:53

Horsebeach – In The Shadow Of Her

Terça-feira, 28.11.23

Uma das boas surpresas sonoras de dois mil e dezanove para a nossa redação foi The Unforgiving Current, um alinhamento de dez canções assinado pelos britânicos Horsebeach, um projeto natural de Manchester e formado por Ryan Kennedy (voz) Matt Booth (bateria), Tom Featherstone (guitarra) e Tom Critchley (baixo). Os Horsebeach estrearam-se nos discos há quase uma década com um homónimo, ao qual sucedeu, em dois mil e quinze, Beauty & Sadness, um álbum que, na altura, reforçou a aposta da banda em sonoridades eminentemente etéreas e melancólicas, dentro de um catálogo indie virtuoso, com uma atmosfera particularmente íntima e envolvente, um modus operandi que se vem aprimorando com cada vez maior mestria.

INTERVIEW: Horsebeach - GigslutzGigslutz

Quase no ocaso de dois mil e vinte e três, os Horsebeach estão de regresso aos nosso radar porque têm na forja um novo álbum intitulado Things to Keep Alive, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a vinte e quatro de março do próximo ano e já disponível para reserva no bandcamp do grupo exemplarmente liderado por Ryan Kennedy.

In The Shadow Of Her é o primeiro single divulgado do alinhamento de Things To Keep Alive. É uma composição que assenta num balanço inspirado entre uma rugosidade bastante vincada e uma espécie de pueril majestosidade lo fi, sensações criadas por uma guitarra com um fuzz particularmente vibrante, acompanhada por um registo vocal ecoante e uma bateria multifacetada e bastante omnipresente.

In The Shadow Of Her é o segundo tema do alinhamento de um disco que, de acordo com o próprio Ryan, tem um forte conteúdo autobiográfico porque, à semelhança dos quatro registos anteriores do grupo, reflete sobre a sua própria existência, debruçando-se, neste caso concreto, sobre a luta que o músico travou, nos últimos anos, com alguns problemas relacionados com a sua saúde mental. Confere In The Shadow Of Her e o artwork e a tracklist de Things To Keep Alive...

A Friend By The Lake
In The Shadow Of Her
A Fault In All Of Us
Things to Keep Alive
Let Me Stay In Tonight
Until You
Cinnamon Challenge
Pure Shores
Colourless
Tradition

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publicado por stipe07 às 16:39

Dayzed – Wake Up The Sun

Quinta-feira, 09.11.23

Dayzed é o título de um projeto a solo encabeçado por Josh Prendergast, um músico natural de Melbourne e que se estreou em dois mil e dezassete com um promissor EP intitulado Haze. Agora, no início do verão australiano e do nosso inverno, Dayzed estreia-se no formato longa-duração à boleia de Wake Up The Sun, um belíssimo alinhamento de nove canções que estão estruturalmente balizadas num indie rock abrangente, um exercicio criativo de mescla de diferentes influências que abraçam todo um arco sonoro que vai do rock progressivo com adn setentista, à pop oitocentista e ao espírito alternativo da década seguinte, a última do século passado, sempre com um ímpar espírito shoegaze.

Logo a abrir o registo, o isntrumental que lhe dá nome, escancara o ouvinte num universo sonoro muito peculiar e que alimenta as ilusões de Josh, um claro romântico sonhador que, adivinha-se, vibra com a possibilidade de um mundo mais luminoso, otimista e prazeiroso e menos rotineiro, ruidoso e enevoado. O timbre estridente agudo ecoante da guitarra é, desde logo, uma imagem de marca, que se torna fulgurante na subtilmente arrastada introdução de Tidal Gaze, composição que apresenta, finalmente, o modo impositivo como o autor coloca a sua voz ao serviço de uma trama sonora que quer deixar uma marca indelével no ouvinte, proporcionando-lhe, inicialmente, um apenas aparente caos, mas que rapidamente se torna num exercício auditivo exultante e retemperador.

Como é habitual nos projetos australianos que nos vão chegando aos ouvidos, há algo de majestoso, épico e ecoante na música de Dayzed, certamente fruto da imensidão de um continente ímpar que parece inspirar particularmente a recriação de composições sonoras com uma vibe psicadélica incomum e sempre prodigiosa, diga-se. Mesmo o travo folk de Quicksand deixa-se envolver por cascatas quase incontroladas de sintetizações que, com uma toada crescente e progressiva, ampliam-se no modo como acamam diversos arranjos das mais variadas proveniências, acústicas, eletrificadas e sintéticas. Depois, o reverb da guitarra que sustenta, de modo despudorado, Sometimes, assenta num buliçoso travo grunge, que ajuda a ampliar a sensação de abrangência e de epicidade de um álbum que está, de facto, repleto de arranjos meticulosos e em que o detalhe é um aspeto essencial, mesmo que o ruído seja um fator preponderante na equação, ao longo dos quase quarenta minutos que a sua audição dura. Essa sensação mantém-se, logo a seguir, em Now You Know, uma canção que contém instantes que tanto agarram no tal efeito metálico agudo ecoante da guitarra pelas rédeas para indicar o caminho melódico que o tema deve seguir, como, logo a seguir, oferecem a outra guitarra plena de fuzz e a cascatas de sintetizações estridentes a primazia nessa demanda. Aliás, pouco depois, On The Run, repete esta curiosa impressão.

Want It All acaba por ser a cereja no topo do bolo Wake up The Sun, no modo como, através de um perfil simultaneamente dançante e garageiro, deixa a nu a elevadíssima perícia interpretativa de Josh com a guitarra, mas também com o baixo, evidência que o travo punk lo fi da hipnótica Tunnel Vision atesta com semelhante, ou até superior, mestria.

Banda sonora perfeita para um fim de tarde proolongado e com o sol de frente a dizer-nos adeus, mais do que o dealbar da manhã que o título do disco sugere, Wake Up The Sun quase que nos transporta rumo a essa rotineira jornada cósmica natural que encerra os dias. É um disco imponente, mas também repleto de fragilidades e emoções que consomem todos e cada um de nós, num resultado final repleto de guinadas, interseções, detalhes inesperados, trechos de puro experimentalismo e, acima de tudo, preenchido com um travo de fragilidade e inocência que é, sem dúvida, um dos grandes atributos de Wake Up The Sun. Uma grande estreia de um projeto sagaz, porque é numa espécie de jogo de aparentes contradições entre luz e rugosidade que o ouvinte é, ao longo da sua audição, instigado, seduzido e prendido a um alinhamento que vicia. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:05

bdrmm – Mud

Segunda-feira, 16.10.23

Os britânicos bdrmm de Ryan Smith, Jordan Smith, Joe Vickers, Danny Hull e Luke Irvin, regressaram no passado mês de junho aos discos, com um tomo de canções intitulado I Don't Know, que sucedeu ao extraordinário registo de estreia, intitulado Bedroom, que viu a luz do dia em dois mil e vinte. Cerca de quatro meses depois desse álbum, os bdrmm estão de regresso aos holofotes com Mud, uma nova canção do quinteto natural de Hull.

bdrmm share new single 'Mud' - Soundsphere magazine

Mud foi incubada durante o processo de gravação do conteúdo de I Don't Know e contou com a ajuda inestimável de Alex Greaves, habitual colaborador dos bdrmm, que também produziu toda a discografia da banda, incluindo o EP de estreia If Not, When?, que antecipou Bedroom. É uma composição que aborda o conceito de perda e como pode ser possível lidar com o fim de algo, mesmo antes de isso ter acontecido, de modo a que as memórias depois não tenham um peso tão dramático. Mud tem um forte cariz sintético, com uma bateria eletrónica e diversas sintetizações etéreas, que se vão entrelaçando e sobrepondo entre si, a criar um clima próximo do chamado trip hop, um subgénero sonoro que mescla rock e eletrónica e que nomes distintos como os Massive Attack, por exemplo, eternizaram há pouco mais de duas décadas. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:10

Slowdive – Everything Is Alive

Quarta-feira, 20.09.23

Foi com a chancela da Dead Oceans que chegou recentemente aos escaparates Everything Is Alive, o quinto e novo álbum dos britânicos Slowdive, verdadeiros mestres e pioneiros do shoegaze e uma referência ímpar do indie rock alternativo, desde que quase no final do século passado, lançaram o excelente registo Pygmalion.

Slowdive postpone 2023 Australian tour after drummer Simon Scott sustains  back injury

Everything Is Alive sucede ao belíssimo álbum homónimo que o projeto atualmente formado por Nick Chaplin, Rachel Goswell, Neil Halstead, Simon Scott e Christian Savill, lançou em dos mil e dezassete e encarna uma sentida dedicatória à mãe de Goswell e ao pai de Scott, ambos falecidos em dois mil e vinte. Essa realidade justifica o tom algo negro e pesado do registo, nuances que são, neste caso, notáveis atributos, porque os Slowdive conseguem conferir ao alinhamento do disco o necessário tom pesaroso, sem colocar em causa uma sempre indispensável faceta melódica e uma elevada carga de beleza, comprovando que isso também é possível no meio da dor e do aparente caos.

The Slab, por exemplo, é uma boa amostra dessa convivência aparentemente impossível. A canção que encerra o disco é, de facto, um tormento ruidoso quase incomodativo, mas também um oásis de grandeza e de psicadelia. São pouco mais de cinco minutos de contínuo hipnotismo, em que uma simples e repetiva melodia de uma guitarra, acompanhada por um baixo firme e hirto, recebem, sempre de braços abertos, diversas distorções e alguns efeitos planantes, criando, assim, uma laje sonora imponente onde, como é hábito, a voz sempre eficiente na transmissão de melancolia de Neil Halstead encaixa na perfeição. Já canções do calibre de Skin In The Game, um belo tratado de dream pop, calcorreiam territórios um pouco mais esotéricos e sintéticos, que também são do agrado dos Slowdive, já que, mantendo a filosofia adjacente ao registo, mas através de um ângulo diferente de The Slab, encarna um orgasmo soporífero de eletrónica, simultaneamente enevoada e minimalista, mas onde também não faltam camadas de cordas acústicas e elétricas.

De facto, esta simbiose quase impercetível entre o orgânico e o sintético parece ser o novo modus operandi preponderante deste projeto natural de Reading, no condado de Berkshire, que confessou recentemente sentir-se cada vez mais atraído por abordagens sonoras que dêem primazia aos sintetizadores, na definição do arquétipo instrumental das suas composições. Everything Is Alive é, por isso, um passo em frente seguro dos Slowdive rumo a uma abordagem sonora um pouco inédita, tendo em conta o catálogo do quinteto, mas sem deixar de respeitar o seu adn que tem sido pioneiro a provar que a segunda metade da segunda década deste novo século está a ser, pelas circunstâncias atuais e pelo estado algo angustiante deste mundo em que vivemos, perfeita para a assimilação de um indie rock mais contemplativo, melancólico e atmosférico, mas mesmo assim incisivo, não só porque é uma sonoridade que vai ao encontro daquilo que são hoje importantes premissas de quem acompanha as novidades deste espetro sonoro, mas também porque, num período de algum marasmo, esta tem sido uma estética que tem encontrado bom acolhimento junto do público.

Na verdade, na delicadeza percurssiva do teclado que nos hipnotiza em Chained To A Cloud, ou no travo nostálgico arrepiante do punk rock lo fi de Kisses, percebemos o tom multifacetado que é hoje imagem de marca deste projeto britânico que, querendo exalar dor e redenção, consegue também oferecer-nos uma revitalizante dose de esperança e redenção, à boleia de oito canções que, entrelaçando tristeza e gratidão, emergem-nos num universo muito próprio e no qual só penetra verdadeiramente quem se predispuser a se deixar absorver por esta peculiar cartilha. É um paradigma artístico que se firma num falso minimalismo, já que da criteriosa seleção de efeitos da guitarra, à densidade do baixo, passando por uma ímpar subtileza percussiva e um exemplar cariz lo fi na produção, são diversos os elementos que costuram e solidificam um som muito homogéneo e subtil e, também por isso, bastante intenso e catalizador. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:31






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