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Fujiya And Miyagi – Slight Variations

Quinta-feira, 20.10.22

Três anos depois de Flashback, os britânicos Fujiya And Miyagi têm um novo disco nas lojas. Chama-se Slight Variations e viu a luz do dia recentemente com a cancela da Impossible Objects of Desire, a própria etiqueta da banda.

New Body Language' by Fujiya & Miyagi | New Album, 'Slight Variations' -  It's Psychedelic Baby Magazine

Slight Variations é um portentoso acrescento ao já valioso compêndio de um projeto com mais de década e meia de atividade e que se foi assumindo, à boleia desse vasto e riquíssimo catálogo discográfico, como um dos grupos mais relevantes do cenário indie britânico, pelo modo exímio como tem vindo a misturar alguns dos melhores aspetos do rock alternativo com a eletrónica de cariz mais progressivo.

A trama mantem-se em Slight Variations e nas suas dez composições, que têm uma tonalidade um pouco mais introspetiva que o habitual, como se os Fujiya And Miyagi quisessem fazer um disco de dança, mas para que não gosta propriamente de dançar. Os temas são, na generalidade, luminosos e animados, têm na performance vocal um elevado trunfo, mas o álbum também impressiona pela vertente rítmica, que é, sem sombra de dúvida, um dos atributos maiores dos Fujiya And Miyagi. Além destes dois aspetos vitais, o disco também é majestoso no modo como exexuta uma simbiose feliz entre elementos orgânicos e sintéticos, com cordas e sintetizações planantes a entrecuzar-se com elevada astúcia entre si.

Em suma, Slight Variations oferece-nos, com elevado grau de impressionismo, todo o ideário sonoro que tem guiado a carreira deste projeto britânico, através da simbiose entre as batidas graves e palmas, a voz sussurrada de Best e o groove de um teclado retro, ao qual se juntam amiúde efeitos metálicos percurssivos com uma declarada essência vintage. É uma filosofia interpretativa que, numa mescla entre electropop, disco e o clássico krautrock alemão setentista, nos proporciona um dos alinhamentos mais dançáveis do ano, mesmo que à primeira audição essa caraterística não pareça muito evidente. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 21:41

LNZNDRF – II

Terça-feira, 16.02.21

Depois de cerca de meia década de uma longa e penosa espera, já viu finalmente a luz do dia II, o novo registo de originais do super grupo LNZNDRF, que junta Ben Lanz e Aaron Arntz dos Beirut e Scott e Bryan Devendorf dos The National. Abrigado pela Rough Trade, II é um daqueles excelentes instantes sonoros que merecem figurar em lugar de destaque na indie contemporânea, criado por um quarteto que parece tocar submergido num mundo subterrâneo de onde debita música através de tunéis rochosos revestidos com placas metálicas que aprofundam o eco de composições que impressionam pelo forte cariz sensorial.

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II abre as hostilidades com um piano tocado em surdina, mas que rapidamente perde a vergonha e se deixa contagiar por uma incontida avidez que sobrevoa um baixo rugoso que vai rodando numa espiral continua e agregando cada vez mais detalhes sonoros, uns sinistros outros reluzentes, das mais diversas proveniências, sejam elas acústicas, percurssivas ou sintéticas. É The Xeric Steppe, uma indisfarçável busca por um clímax que por volta do quarto minuto se manifesta, através da bateria vigorosa de Bryan Devendorf, um baixo corpulento e uma tenebrosa guitarra, numa composição que acaba por nos esclarecer o estilo e marca de um disco que será, até ao seu ocaso, um verdadeiro orgasmo de rock com um cariz fortemente ambiental, mas também amplamente progressivo. Esta receita volta a deslumbrar-nos alguns minutos depois, de forma menos efusiva, mas igualmente burilada, em Cascade, um cenário idílico para os apreciadores do rock progressivo mais climático e lisérgico.

No entanto, o rock alternativo, na sua essência mais pura e imesiva, é um dos pontos mais fortes de II e um claro avanço relativamente ao antecessor homónimo, patente em algumas das melhores canções do registo. Por exemplo, em Brace Yourself debatemo-nos com um rock pleno de personalidade e força, onde é forte a dinâmica entre uma opção percurssiva arritmada exemplarmente acompanhada por um baixo que parece ser brotar da própria natureza e por um registo vocal efusivo, num encadeamento que nos obriga a um exercício exigente de percepção fortemente revelador e claramente recompensador. Uma receita mais nostálgica e na qual uma guitarra de forte cariz oitocentista assume relevância clara, mas mantendo a opção estilística por um registo sempre crescente, aprimora-se em You Still Rip, canção que rapidamente nos envolve numa espiral de sentimento e grandiosidade, patente também no modo como a voz também se assume como membro pleno do arsenal instrumental, não havendo, como se percebe, regras ou limites impostos para a inserção da mais variada miríade de arranjos, detalhes e ruídos. Finalmente, Chicxulub, um instumental que poderia muito bem ter tido a assinatura dos DIIV, é uma verdadeira trip deambulante proporcionada por um baixo pouco meigo no modo como incorpora doses indiscretas de uma pop suja e nostálgica e Ringwoodite ascende, nas asas de guitarras joviais e orgulhosamenre orgânicas, ao éden da melhor pop, que também se embrenha por todos os poros de Glaskiers, duas fabulosas composições que não se envergonham de dar as mãos a alguns dos pilares essenciais daquele krautrock de forte cariz sensorial.

Gravado em inspiradas jam sessions durante o outono de dois mil e dezanove, nos Estúdios Public Hi-Fi, em Austin, no Texas, II navega num universo fortemente cinematográfico e imersivo e aos seu conteúdo deve atribuir-se um claro nível de excelência, não só devido aos diferentes fragmentos que os LNZNDRF convocaram nos vários universos sonoros que os rodeiam e que da eletrónica, à pop, passando pelo rock progressivo criaram uma relação simbiótica bastante sedutora, mas também porque, embarcando nessa feliz demanda, também não deixaram de partir à descoberta de texturas sonoras que se expressaram com intensidade e requinte superiores, nomeadamente num transversal piscar de olhos objetivo aquela crueza orgânica que aqui faz questão de viver permanentemente de braço dado com o experimentalismo e em simbiose com a psicadelia. Para já, o momento discográfico maior de dois mil e vinte um. Espero que aprecies a sugestão...

LNZNDRF - II

01. The Xeric Steppe
02. Brace Yourself
03. You Still Rip
04. Cascade
05. Chicxulub
06. Ringwoodite
07. Glaskiers
08. Stowaway

 

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publicado por stipe07 às 16:27

I LIKE TRAINS – Kompromat

Terça-feira, 29.09.20

Já com um histórico de quase duas décadas, visto terem iniciado as lides musicais em dois mil e quatro, os I LIKE TRAINS de Guy Bannister, Alistair Bowis, Simon Fogal, David Martin e Ian Jarrold, têm um novo disco intitulado Kompromat, uma coleção de nove canções que sucedem ao excelente The Shallows, de dois mil e doze e que, uma vez mais, refletem sobre o estado atual do mundo em que vivemos, nomeadamente a conjuntura politica atual, uma imagem de marca sempre muito presente neste grupo natural de Leeds.

I LIKE TRAINS share new single & video "Dig In"- Album 'KOMPROMAT' out Aug  21st via Atlantic Curve - Circuit SweetCircuit Sweet

Se The Shallows versava sobre a relação do homem com as máquinas e, mais especificamente, o modo como a internet está a reescreve a realidade, Kompromat é a materialização de uma visão impressiva feroz relativamente a um mundo que, segundo este projeto, está cada vez mais perigoso, por causa da ascenção dos populismos de direita, com a figura de Trump à cabeça, mas com Boris Johnsson a ser também diretamente visado na crítica, assim como a suposta influência russa em diferentes atos eleitorais. Aliás, Kompromat é uma expressão russa que significa material comprometedor, no sentido de haver um propósito claro de fornecer informações sobre um político, empresário ou outra figura pública, de modo a criar publicidade negativa, chantagem e extorsão sobre ele. De acordo com o grupo, quer estas duas figuras politicas, quer alguns governos, são diretamente responsáveis por toda uma campanha de desinformação que está a tomar conta dos media a nível global e que visa a eliminação de qualquer tipo de crítica ou alternativa a uma forma de governar que protege cada vez mais o capitalismo, tornando as sociedades menos solidárias e quem as governa menos atentos aqueles que mais sofrem e que não têm acesso às benesses de uma sociedade de consumo que divide para reinar.

O single The Truth, uma majestosa canção feita com aquele rock que impressiona pela rebeldia com forte travo nostálgico e que contém uma sensação de espiral progressiva de sensações, que tantas vezes ferem porque atingem onde mais dói, é o âmago desta filosofia estética de Kompromat, porque é frequente imensas vezes já não se ter muito bem a noção de onde reside a verdade, tão voraz é o nosso consumo de informação nesta era digital, sendo possivel entender e interpretar de modo diferenciado as muitas narrativas que vão invadindo o nosso feed.

Sonoramente, Kompromat obedece ao ADN que tem tipificado a carreira dos I LIKE TRAINS, assente num punk rock de forte cariz progressivo, com uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, por procurar, em simultâneo, uma textura sonora aberta, melódica e expansiva, mas sem descurar o indispensável pendor lo fi e uma forte veia experimentalista, abertamente nebulosa e cinzenta. Essa atmosfera é percetivel no perfil detalhista das distorções das guitarras, no vigor do baixo, nos sintetizadores vibrantes e, principalmente, num registo percurssivo compacto, que funciona com a amplitude necessária para dar às canções uma sensação plena de epicidade e fulgor.

De facto, Kompromat é uma súmula rara de um pós punk anguloso, um passeio emocionante e encadeado, com cada tema a personificar um ataque bombástico aos nossos sentidos, um incómodo sadio audível logo no riff abrasivo de A Steady Hand e que se vai aprimorando num fluxo constante e paciente e onde não falta, imagine-se, um leve toque de graciosidade.

A sensibilidade do efeito metálico abrasivo de uma guitarra que corta fino e rebarba, em Desire Is A Mess, as reverberações ultra sónicas de Dig In e, principalmente, a rispidez visceral extremamente sedutora e apelativa de A Man Of Conviction e a arquitetura sonora variada e sempre crescente de The Truth, um longo tema, mas nada monótono, cheio de mudanças de ritmo, com a junção crescente de diversos agregados e que atinge o auge interpretativo numa bateria esquizofrénica e fortemente combativa, mas incrivelmente controlada, num resultado de proporções incirvelmente épicas, são outros momentos incríveis de um disco sarcástico, mas também atencioso e terno,  em que tudo resulta de forma coesa, inclusive o ruído abrasivo, que aqui em vez de magoar, fascina e seduz. Espero que aprecies a sugestão...

I LIKE TRAINS - Kompromat

01. A Steady Hand
02. Desire Is A Mess
03. Dig In
04. PRISM
05. Patience Is A Virtue
06. A Man Of Conviction
07. New Geography
08. The Truth
09. Eyes To The Left (Feat. Anika)

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publicado por stipe07 às 17:54

The Notwist - Ship EP

Quarta-feira, 26.08.20

Considerados por muitos como verdadeiros pais do indie rock, os The Notwist, liderados pelos irmãos Archer, estão de regresso aos lançamentos discográficos com Ship, um EP que acaba de ver a luz do dia à boleia da Morr Music, etiqueta alemã, sendo o primeiro sinal de vida do projeto em seis anos. Recordo que em dois mil e catorze este grupo alemão incrível lançou o disco Close to The Glass, um tomo de onze canções assentes numa eletrónica cheia de elementos do krautrock, mas que também passava pelo hip hop mais negro, o indie rock e o jazz progressivo, um verdadeiro caldeirão sonoro onde cada elemento foi cuidadosamente tratado e que estava minuciosamente carregado de vida.

The Notwist prep new EP & album, share “Ship” ft. Saya of Tenniscoats

Já com um novo longa duração prometido ainda este ano, os The Notwist afagam-nos, para já, um pouco a alma e acalmam as expetativas desse longa duração, com três excelentes novos temas em que, seja entre o processo dos primeiros arranjos, até à manipulação geral dos cerca de doze minutos do EP, tudo soa muito polido, notando-se a preocupação por cada mínimo detalhe, o que acaba por gerar num resultado muito homogéneo e bem conseguido.

Abrindo, como seria de esperar, com o single homónimo do registo, uma canção que conta com a participação vocal da japonesa Saya, vocalista da banda Tenniscoats e que impressiona pelo rigor percurssivo, percebe-se, logo à partida, que Ship EP será um registo tremendamente hipnótico. Nesta canção, a batida seca que lateja sem cessar, enquanto é constantemente rodeada por uma espiral sintetizada repetitiva e diversas aparições de uma guitarra que se insinua sempre à espreita do momento ideal para explodir em riffs e distorções incontroláveis, são nuances típicas de um grupo exímio a tricotar, sem receio do risco, os alicerces fundamentais de um rock que se entrega a toda o universo sonoro alternativo, sem se alimentar apenas da clássica tríade guitarra, baixo e bateria.

Depois, a incomensurável diversidade sónica que, entre luminosas cordas, efeitos cósmicos, uma bateria embaladora e guitarras metálicas, dá sentido e cor ao sublime experimentalismo de Loose Ends e, para rematar, o forte pendor espiritual e reflexivo do instrumental Avalanche, são mais duas canções que carimbam, de modo indelével, a sagacidade e a sensação catártica de um alinhamento curto mas impressivo, criado por uns The Notwist hábeis a convidar-nos a uma real libertação de sentimentos ou emoções reprimidas, ao som das suas canções. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 21:20

The Notwist – Ship

Quarta-feira, 05.08.20

The Notwist - Ship

Considerados por muitos como verdadeiros pais do indie rock, os The Notwist, liderados pelos irmãos Archer, estão de regresso aos lançamentos discográficos com Ship, um EP que irá ver a luz do dia ainda durante este mês de agosto, à boleia da Morr Music, etiqueta alemã, e que será o primeiro sinal de vida do projeto em seis anos. Recordo que em dois mil e catorze este projeto alemão único lançou o disco Close to The Glass, um tomo de onze canções assentes numa eletrónica cheia de elementos do krautrock, mas que também passava pelo hip hop mais negro, o indie rock e o jazz progressivo, um verdadeiro caldeirão sonoro onde cada elemento foi cuidadosamente tratado e que estava minuciosamente carregado de vida.

Para antecipar o lançamento deste EP, ao qual se seguirá, ainda de acordo com a banda, um novo longa duração ainda em 2020, os The Notwist acabam de divulgar o single homónimo do registo, uma canção que conta com a participação vocal da japonesa Saya, vocalista da banda Tenniscoats e que impressiona pelo rigor percurssivo, assente num registo tremendamente hipnótico, devido a uma batida seca que lateja sem cessar, enquanto é constantemente rodeada por uma espiral sintetizada repetitiva e diversas aparições de uma guitarra que se insinua sempre à espreita do momento ideal para explodir em riffs e distorções incontroláveis, algo que acaba por não acontecer. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:31

Psychic Markers – Psychic Markers

Sexta-feira, 29.05.20

Naturais de Londres e formados por Steven, Leon, Alannah, Lewis e Luke, os Psychic Markers são uma banda de indie rock que mistura a psicadelia e o punk com alguns dos melhores detalhes do rock experimental e do krautrock de raízes setentistas. Abrigados pela insuspeita Bella Union, acabam de editar um extraordinário registo homónimo, uma espécie de cápsula temporal que nos transporta com superior requinte e elevada dose de letargia até às fundações de praticamente tudo aquilo que define o melhor rock cósmico e lisérgico contemporâneo.

Psychic Markers's stream on SoundCloud - Hear the world's sounds

A peculiar e distinta receita de Psychic Markers é muito eficaz e quer a fórmula, quer as intenções conceptuais do disco, ficam claras, logo no modo progressivo como Where Is The Prize? se abastece de um vastíssimo arsenal de projeções sintéticas, amiúde anárquicas, mas de elevado pendor narcótico. Logo depois, em Silence In The Room, a batida hipnótica e o trespasse que ela sofre com teclas de forte cariz vintage, amplia a sensação de descolagem da realidade e de entrada numa espécie de universo paralelo, uma impressão firme e transversal às dez canções polidas do álbum que, no seu todo, assentam também em riffs de guitarra viscerais, nas batidas pulsantes, um baixo muitas vezes frenético e em sintetizadores muito direcionados para o krautrock.

Após tão desafiante início, ficamos definitivamente rendidos ao registo com Pulse, composição com uma atmosfera algo tenebrosa e, por isso, bastante desafiante, mas tabém com Enveloping Cycles, um instante de indie rock psicadélico verdadeiramente extraordinário, assente numa melodia grandiosa e espacial, envolvida em camadas de guitarras distorcidas e sintetizadores incisivos e luminosos. Logo a seguir, Sacred Geometry aponta para caminhos ainda mais experimentais e simultaneamente etéreos, com a primazia da percurssão e da acústica a mostrar uns Psychic Markers fortemente ecléticos e inspirados na criação de melodias que se entranham com invulgar mestria nos nossos ouvidos, mesmo quando, um pouco à frente, a guitarra elétrica distorce-as dando-lhes um teor ainda mais grandioso e épico. Até ao ocaso do disco, não há como não deixar de exaltar também Clouds, um segredo feito de punk rock puro e duro muito bem guardado, que sobe emocionalmente, de degrau em degrau, até uma espécie de climax, enquanto recebe vários efeitos sintetizados, sem que a bateria amansse a batida.

Em Psychic Markers é possível aceder a canções oriundas de uma outra dimensão musical, com uma assumida e inconfundível pompa sinfónica, típica das propostas indie de terras de Sua Majestade e sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e onde tudo soa utopicamente perfeito. Há uma beleza enigmática nas composições destes Psychic Markers, feita com belas orquestrações que vivem e respiram lado a lado com as distorções e arranjos mais agressivos, enquanto projetam no ouvinte inúmeras possibilidades e aventuras, assentes num misto de pop, psicadelia, rock progressivo e soul. Espero que aprecies a sugestão...

Psychic Markers - Psychic Markers

01. Where Is The Prize?
02. Silence In The Room
03. Pulse
04. Enveloping Cycles
05. Sacred Geometery
06. A Mind Full And Smiling
07. Irrational Idol Thinking
08. Juno Dreams
09. Clouds
10. Baby, It’s Time

 

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publicado por stipe07 às 21:32

Young Knives – Sheep Tick

Domingo, 29.03.20

Young Knives - Sheep Tick

Tendo iniciado a carreira discográfica com Voices Of Animals And Men e depois Superabundance, os Young Knives dos irmãos Henry e Thomas Dartnall, aos quais se juntou Oliver Askew, obtiveram rapidamente uma boa reputação e um interessante sucesso comercial de vendas. Depois, em dois mil e onze, com Ornaments From The Silver Arcade, chegaram ainda mais longe na divulgação da sua música, mudaram um pouco o seu som, dando-lhe uma componente mais soul, introduziram novos instrumentos no processo de gravação, contaram com o reputado produtor Nick Launay e alguns músicos, cantores e percussionistas e, através desse trabalho, plasmaram o gosto pelo experimentalismo e pela chamada música de dança. O resultado foi uma míriade de sonoridades, assentes no punk, mas com pinceladas de groove, house, soul, jazz e até alguma eletrónica.

O passo seguinte deu-se quase no ocaso de dois mil e treze, com um trabalho dinâmico e cheio de pequenas surpresas chama-do Sick Octave, álbum que na altura nos propôs uma viagem intensa por diversas sonoridades, climas, emoções e inspirações, um alinhamento de treze temas pensado e desenvolvido numa atmosfera de total liberdade criativa, lançado pelos Young Knives de modo independente, com os próprios recursos financeiros do grupo e sem reportar fosse a quem fosse o andamento do trabalho e o conteúdo sonoro do mesmo.

Depois deste excelente registo os Young Knives ficaram um pouco fora de cena, mas parecem dispostos a voltar a ribalta em dois mil e vinte com um novo trabalho discográfico, que será o quinto da carreira do projeto, uma intenção revelada juntamente com Sheep Tick, o primeiro single desse disco ainda sem nome revelado. A canção é um portento sonoro que mescla algumas das traves mestras da melhor pop contemporânea de raízes eminentemente sintéticas com o indie rock, comercial, pincelado com deliciosos detalhes típicos do punk e do krautrock, num resultado final claramente glorioso e que nos deixa de apetite aguçado para as próximas cenas deste espetacular acordar dos Young Knives. Confere...

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publicado por stipe07 às 22:47

Say Hi – Diamonds And Donuts

Sexta-feira, 07.02.20

Say Hi é Eric Elbogen, um músico norte americano natural de Seattle e que faz música desde 2002. O seu disco mais recente tem o sugestivo nome de Diamonds And Donuts, um trabalho que chegou aos escaparates pela mão da Euphobia Records e o décimo terceiro na carreira de um artista que para este registo se inspirou em treze excitantes estudos psicológicos e que é capaz de, em poucos segundos, viajar do rock mais selvagem até à indie pop de cariz experimental e à eletrónica e sempre movido a muita testosterona.

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Sucessor do curioso registo Werewolf Diskdrive (2017), Diamonds And Donuts marca mais um capítulo numa saga fictional onde cada tomo deste músico se debruça sobre uma temática precisa. Desta vez, Diamonds And Donuts é o resultado direto de treze experiências psicológicas inovadoras que foram idealizadas e conduzidas pelo próprio Eric ao longo de treze meses, com o único objetivo de gerar teorias sobre a natureza humana que pudessem ser traduzidas em composições musicais. No final, o músico constatou que tanto o Diamond como o Donut foram os dois objetos considerados mais motivacionais para obter respostas verosímeis dos participantes nos grupos de estudo criados para o efeito. Depois de projetar e conduzir cada estudo, o compositor de Seattle entrava em estúdio, na sua própria casa, para manipular os dados obtidos, criando, assim, este disco onde não falta uma mescla de eletropop com sonoridades hard rock, o rock setentista, o rock de garagem e o blues.

Assim, neste Diamonds and Donuts, se temas como Obsidian Oblivion Golfing e Happy As A Clam assentam num sintetizador melodicamente assertivo e numa percussão convincente, além de guitarras plenas de groove e distorção, bem à medida do melhor soft rock oitocentista, já Then Some Miniature Golfing e a soturna Non-Linear Time vs. Misshapen Space abrandam um pouco o clima, mas não o ritmo, já que a receita repleta de espasmos sintéticos debruçados em linhas baixo pulsantes e construções melódicas baseadas em guitarras perspicazes mantém-se, mas numa toada mais nostálgica e intimista. Depois, se Lookachu espreita ambientes mais negros e progressivos, não faltando nessa canção um travo punk delicioso, Confetti Xerox (Let’s Go Team) desvia-se um pouco dessa toada, para se focar num registo mais intrincado e experimental, conferindo ao disco um indispensável grau de ecletismo e abrangência.

A diversidade plasmada nesses seis exemplos acentua a justeza da necessidade de este músico obter, finalmente, um reconhecimento verdadeiro e um estatuto forte no universo sonoro alternativo. Aliás, o modo convincente como em A MacBook Pro To A Nineties Dell e Jupiter Death Bunnies, Say Hi serve-se da grandiosidade das guitarras e das teclas e de variações rítmicas e melódicas constantes, enquanto se debruça a fundo no universo da adição tecnológica e do sobrenatural, além de carimbar a enorme dose de criatividade que nele habita, sugere que este autor busca sempre abranger múltiplas nuances para o seu cardápio, curiosamente dentro de um som experimental, mas que tem, quanto a mim, potencial para um elevado airplay.

Até ao ocaso de Diamonds And Donuts, a imensa soul que desliza pelo piano arrebatador e pelos detalhes sintéticos de Grey As A Ghost e a subtileza instrumental de Ballerina, Ballerina, Ballerina, que desliza até ao âmago de um krautrock tendencialmente obscuro, são outros pontos de paragem obrigatória numa viagem única de fusão entre elementos particulares intrínsecos ao que de melhor ficou dos primórdios da pop, nos anos setenta, com o rock mais épico da década de oitenta e algumas das caraterísticas que definem o adn da eletropop atual.

Indubitavelmente, Say Hi domina a fórmula correta, feita com guitarras energéticas, uma sintetizador indomável, efeitos mais ou menos subtis e melodias cativantes, para presentear quem o quiser ouvir com canções alegres, aditivas, profundas e luminosas. O disco também se torna viciante devido a uma voz que, ao longo do trabalho, preenche verdadeiras pinturas sonoras que se colam facilmente aos nossos ouvidos e que nos obrigam a mover certas partes do nosso corpo. Espero que aprecies a sugestão...

Say Hi - Diamonds And Donuts

01. And Then Some Miniature Golfing
02. Obsidian Oblivion
03. Lookachu
04. Confetti Xerox (Let’s Go Team)
05. Non-Linear Time vs. Misshapen Space
06. Windsor Knots And Ruffles
07. A MacBook Pro To A Nineties Dell
08. Jupiter Death Bunnies
09. Tiger Unicorn
10. Happy As A Clam
11. Grey As A Ghost
12. Heavy Metal And Video Games
13. Ballerina, Ballerina, Ballerina

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publicado por stipe07 às 16:20

Steve Mason – Coup D’état EP

Sexta-feira, 10.01.20

O escocês Steve Mason esteve nos últimos anos ocupado com a reedição em vinil do catálogo dos seus Beta Band, mas no início deste ano focou-se novamente na sua carreira a solo, à boleia de About The Light, o quarto registo de originais do seu cardápio. Gravado em vários estúdios de Londres e Brighton, com a ajuda do mítico Stephen Street, que trabalhou com os Blur e os The Smiths, About The Light viu a luz do dia a dezoito de janeiro último e na altura sucedeu aos aclamados trabalhos Boys Outside (2010), Monkey Minds In The Devil’s Time (2013) e o antecessor Meet The Humans (2016). Agora, cerca de dez meses depois desse disco, Steve Mason volta a surpreender com Coup D’état, um EP com quatro temas, três novos originais e uma remistura de  America Is Your Boyfriend, canção que abria o alinhamento de About The Light, da autoria de Tim Goldsworthy.

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Steve Mason parece estar destinado a tornar-se numa figura de culto do cenário indie britânico. Tal como muitos parceiros de luta muitas vezes catalogados de egocêntricos, foi-lhe diagnosticado em tempos um síndrome de distúrbio mental, que tem tentado contrariar desde o surpreendente registo Boys Outside, de dois mil e dez. Nesse álbum Mason fez uma espécie de mea culpa acerca da necessidade que foi sentido, ao longo da sua vida, de vestir uma determinada capa perante o grande público e nele, além de debruçar-se, com particular clarividência, sobre essa questão em concreto, também o fez, imagine-se, sobre a realidade política dessa época, no fundo uma estratégia igual a tantas outras, mas eficaz, de aproximação ao público e de quebrar barreiras. O passo seguinte deste exercício de exorcização e de busca de uma normalidade quotidiana deu-se há dois anos, durante o processo de gravação de Meet the Humans. Durante a escrita desse álbum Mason deixou de vez o seu refúgio escocês em Fife, numa zona florestal e mudou-se para a urbanidade de Brighton, em Inglaterra, onde encontrou parceira e enfrentou, inesperadamente, a dura mas feliz batalha da paternidade. Essa nova realidade pessoal, mais feliz, estável e adulta de Mason, acabou por se refletir no conteúdo de About The Light, o seu Brighton Album, como o músico também gostou de o intitular, um disco que sonoramente colocou as fichas na melhor herança da britpop noventista e que apresentou um som eminentemente experimental, como é suposto tendo em conta o adn deste músico, mas claramente mais acessível que o universo sonoro algo intrincado e frequentemente sofisticado dos Beta Band. Agora, neste Coup D’état, que viu os três originais produzidos por Steve Mac e Martin Duffy dos Primal Scream e cujo conteúdo não pode ser desligado do longa duração antecessor, Mason não se afasta muito dessa filosofia interpretativa efusiva, radiofónica e cimentada num rock melodicamente aditivo, mas coloca mais fichas numa toada eletrónica, de elevado cariz retro, como se percebe logo em Like A Ripple, o fabuloso tema que abre o EP e que nos remete para aquele eletro punk encharcado em glam que esteve em voga há cerca de quatro décadas. Depois, quer o pendor abrasivo desta canção, quer a toada mais climática mas tremendamente hipnótica de Against The World, acabam por ser amaciadas em Head Case, singela composição, que flutua num luminoso piano e numa subtil batida, enquanto a voz sorridente de Mason, quer neste tema, quer na cósmica e divertida remix de America Is Your Boyfriend, idealizada por Tim Goldsworthy, encarna o espelho fiel de alguém que dá mais um passo seguro em frente na sua já longa e respeitável carreira porque renova, potencia e embeleza o seu modus operandi, canalizando, novamente, o momento positivo pessoal que vive para a felicidade que sente em compôr de modo simples e direto, mas também, bonito, confidente e gentil. Espero que aprecies a sugestão...

Steve Mason - Coup D'état

01. Like A Ripple
02. Head Case
03. Against The World
04. America Is Your Boyfriend (Tim Goldsworthy Remix)

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publicado por stipe07 às 21:19

TOY – Songs Of Consumption

Sábado, 16.11.19

Depois do lançamento já em dois mil e dezanove de Happy In The Hollow, o quarto registo da carreira, os TOY de  Tom Dougall, Maxim Barron, Dominic O'Dair, Charlie Salvidge e Max Oscarnold, estão de regresso com Songs Of Consumption, uma coleção de oito canções que são, nada mais nada menos, que reinterpretações da banda de temas que inspiraram a carreira dos TOY, originais de alguns nomes míticos do coletivo britânico, nomeadamente os Stooges, Amanda Lear, Nico, The Troggs, Soft Cell, John Barry e Pet Shop Boys, entre outros.

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Sonoramente, Songs of Consumption é um feliz apêndice da filosofia que esteve subjacente à gravação de Happy In The Hollow, ampliando, portanto, a nova visão sonora dos TOY, cada vez mais distintiva e original e que se vai distanciando do chamado krautrock sujo e aproximando-se de uma bem sucedida simbiose entre alguns elementos fundamentais da pop mais harmoniosa com o fuzz lisérgico que, diga-se de passagem, sempre caraterizou o ambiente sónico deste quinteto.

Sintetizadores e uma vasta miríade de elementos eletrónicos, incluindo as cada vez mais famosas drum machines, e uma opção ao nível da produção, pelo lo fi, sempre aliado a um aturado trabalho de exploração experimental, foram, claramente, as traves mestras que nortearam o processo de incubação de Songs Of Consumption, com os TOY a tentarem sempre puxar as canções para um universo sonoro distinto das versões originais, mas sem nunca colocar em causa a essência das mesmas. Espero que aprecies a sugestão...

TOY - Songs Of Consumption

1.   Down On The Street (The Stooges)
2.   Follow Me (Amanda Lear)
3.   Sixty Forty (Nico)
4.   Cousin Jane (The Troggs)
5.   Fun City (Soft Cell)
6.   Lemon Incest (Charlotte Gainsbourg & Serge Gainsbourg)
7.   Always On My Mind (B.J. Thomas)
8.   A Dolls House (John Barry)

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publicado por stipe07 às 17:56






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