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OS Melhores Discos de 2023 (20-11)

Quinta-feira, 28.12.23

Man On The Moon EP1 - YouTube

20 - Sigur Rós - ÁTTA

ÁTTA é um novo marco e um passo em frente, seguro e maduro, na discografia dos Sigur Rós. Em quase uma hora, o trio avança, talvez definitivamente, rumo à musica de cariz mais clássico e erudito, deixado para trás as guitarras inflamadas em agrestes distorções e uma imponência percurssiva, tantas vezes inigualável, que só o baterista Orri Páll Dýrason sabia como replicar, para se deleitar com um manuseamento tremendamente delicado, despudoradamente calculado e indisfarçadamente belo, do sintético, mesmo se trombones, violinos, harpas ou trompetes continuem a fazer parte da equação. No entanto, é curioso o modo como mesmo através desta guinada conceptual e interpretativa, os Sigur Rós continuam a manter intacto aquele adn muito próprio e único que nos transporta sempre para a típica paisagem vulcânica islandesa, fria e inóspita, já que, à semelhança da restante discografia do trio, este alinhamento é para ser escutado como um único bloco de som, compacto, hermético e aparentemente minimalista, mas rico em detalhes, experiências, nuances e paisagens, como é, num obrigatório e feliz paralelismo, um país tão belo, intrigante e rico como a Islândia.

19 - Dignan Porch - Electric Threads

Noções como crueza, simplicidade, imediatismo, rudeza e aspereza, mas também nostalgia e melancolia, assaltam facilmente a mente de quem escuta, pacientemente, Electric Threads, disponibilizando-se, assim, a embarcar numa viagem contundente rumo aquela indie lo fi e psicadélica do último meio século, que não descura, para se espraiar plena de luz e cor, um travo surf que é sempre tão apelativo. Aparentemente sem grandes pretensões mas, na verdade, de forma claramente calculada, Electric Threads volta a colocar os holofotes sobre os Dignan Porch, já mestres a recriar um som ligeiro, agradável, divertido e simples, mas verdadeiramente capaz de nos empolgar, tendo o louvável intuíto de nos fazer regressar ao passado.

18 - The New Pornographers - Continue As A Guest

Continue As A Guest é um intrincado jogo de luzes e reflexos em forma de música, um disco cheio de brilho e cor em movimento, que tem um alinhamento alegre e festivo e que parece querer exaltar, acima de tudo, o lado bom da existência humana. É, no seu busílis, uma trama orquestral complexa, um festim intrumental em que percussão, sintetizadores, sopros e guitarras, assim como as vozes de Newman e Case, se alternam e se sobrepôem em camadas, à medida que dez composições fluem naturalmente, sem se acomodarem ao ponto de se sufocarem entre si, num caldeirão sonoro criado por um elenco de extraordinários músicos e artistas, que sabem melhor do que ninguém como recortar, picotar e colar o que de melhor existe neste universo sonoro ao qual dão vida e que deve estar sempre pronto para projetar inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte, assentes num misto de power pop psicadélica e rock progressivo.

17 - Ulrika Spacek – Compact Trauma

Compact Trauma volta a colocar os Ulrika Spacek na órbitra da sua já habitual sonoridade punk, feita com fortes reminiscências naquela faceta sessentista ácida e psicotrópica, burilada, como sempre, com um timbre metálico de guitarra rugoso, acompanhado, quase sempre, por uma bateria em contínua contradição. A filosofia de composição musical destes Ulrika Spacek baliza-se através de um assomo de crueza, tingido com uma impressiva frontalidade, quer lírica quer sonora. Compact Trauma é mais um contínuo exercício insinuante de tornar aquilo que é descrito habitualmente, na música, como algo aparentemente desconexo e texturalmente incómodo, em algo que, quer ritmíca, quer melodicamente, é grandioso, sedutor e instigador, enquanto expressa, com nota máxima, um modo bastante textural, orgânico e imediato de criar música e de fazer dela uma forma artística privilegiada na transmissão de sensações que não deixam ninguém indiferente. De facto, Compact Trauma atesta a segurança, o vigor e o modo criativamente superior como este grupo britânico entra em estúdio para compôr e criar um shoegaze progressivo que se firma com um arquétipo sonoro sem qualquer paralelo no universo indie e alternativo atual.

16 - Teenage Fanclub - Nothing Lasts Forever

A ideia de luz é o foco central de um portentoso alinhamento de dez canções que, no seu todo, encarnam um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. De facto, Nothing Lasts Forever, um álbum encharcado em positividade, sorridente melancolia, inocente intimismo e ponderado pendor reflexivo, é um caminho seguro, retílineo e consistente rumo aquele indie rock que provoca instantaneamente sorrisos de orelha a orelha, independentemente do estado de espírito inicial. É um disco cheio de canções leves, melodicamente sagazes e, se forem analisadas tendo em conta o catálogo já vasto do projeto, são imperiosas no modo como, com uma intensidade nunca vista no quinteto, desbravam caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da indie folk, a britpop e o melhor rock oitocentista. Nothing Lasts Forever é calor e luz, mas ouve-se em qualquer altura do ano. Intenso, poético e cheio de alma, exala um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera sempre amável e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Aliás, para os Teenage Fanclub nunca foi.

15 - Jonathan Wilson - Eat The Worm

Eat The Worm é uma obra criativa única e indispensável, incubada por um autor que gosta de cantar e contar na primeira pessoa e assumir, ele próprio, o protagonismo das histórias que nos relata, enquanto prova ao mundo inteiro, mais uma vez, que é imcomparável a recriar diferentes personagens, cenas e acontecimentos, geralmente sempre dentro de um mesmo território criativo, neste caso o cinema. Sonoramente, é uma paleta sonora pintada com rock sinfónico de primeira água, um fabuloso tratado sonoro, tremendamente cinematográfico, que materializa uma espécie de colagem de vários trechos díspares num único alinhamento, enquanto abraça um elevado leque de influências que vão do jazz à folk, passando pelo rock psicadélico e progressivo.

14 - GUM - Saturnia

Nas dez canções de Saturnia Jay Watson executa, com elevada mestria, um exercicio criativo de mescla de diferentes influências, que abraçam todo um arco sonoro que vai do rock progressivo com adn setentista, à pop sinfónica de década seguinte, passando por alguns dos detalhes essenciais do jazz, da folk, do R&B e da própria eletrónica. Existe uma vibe psicadélica incomum, mas prodigiosa, em toda esta amálgama repleta de guinadas, interseções, detalhes inesperados, trechos de puro experimentalismo e, acima de tudo, preenchida com um travo de fragilidade e inocência incomuns.

13 - Woods - Perennial

Perennial é mais uma guinada no percurso sonoro dos Woods. Mantendo o perfil eminentemente indie folk, trespassado por algumas das principais nuances do rock alternativo contemporâneo, é um disco que coloca elevado ênfase num indisfarçável clima jazzístico. O registo coloca a nú a cada vez mais elaborada e eficazmente arriscada filosofia experimental interpretativa de um grupo bastante seguro a manusear o arsenal instrumental de que se rodeia, apostando em composições com arranjos inéditos e que são melodicamente abordados e construídos através de uma perspetiva que se percebe ter resultado de um trabalho aturado de criação que, tendo pouco de intuitivo, diga-se, plasma, com notável impressionismo, a enorme qualidade musical dos Woods. Um dos traços que mais impressionam na audição de Perennial é a quase presunçosa segurança que os autores demonstram na criação e na interpretação de canções que, tendo claramente o adn Woods, não são assim tão óbvias para os ouvintes que conheçam com profundidade a carreira do grupo. Esta sagacidade e esta altivez servem para aumentar ainda mais a pontuação de um trabalho que, sendo eminentemente crú e envolvido por um doce travo psicadélico, passeia por diferentes universos musicais sempre com superior encanto interpretativo e sugestivo pendor pop, traves mestras que melodicamente colam-se com enorme mestria ao nosso ouvido e que justificam, no seu todo, que este seja um dos melhores registos do já impressionante catálogo de uma banda fundamental do rock alternativo contemporâneo.

12 - King Creosote - I DES

Personalidade exímia no modo como retrata uma Escócia repleta de especificidades, com uma cultura milenar e uma história ímpar de sobrevivência, Kenny Anderson utiliza a música como forma de homenagear a terra onde nasceu e sempre viveu, conseguindo, em simultâneo, colocar-nos bem no epicentro de tudo aquilo que o define enquanto pessoa, artista e cidadão. I DES, o seu novo tomo de dez canções e o quinto de uma já notável carreira com a assinatura King Creosote, é um notável catálogo de indie folk majestosa, imponente e, melhor do que isso, melodicamente tocante. Todas as composições do registo têm uma faceta incrivelmente enleante, no modo como nos cativam e nos seduzem, porque mesmo que narrem histórias de angústia, luta contra adversidades, ou de esperança em melhores dias, deixam-nos boquiabertos e, de certo modo, hipnotizados, perante uma indisfarçável beleza melódica que, como é óbvio, só se explica perante a enorme detreza criativa e interpretativa do autor. Um registo percurssivo quase sempre arritmado e vigoroso, teclados hipnóticos e um vasto catálogo de sopros das mais diversas proveniências instrumentais, preenchem o catálogo instrumental de I DES, um álbum portentoso e em que angústia e libertação são sensações que se fundem, quase sem se dar por isso, um modus operandi que resulta num clímax onde não falta um invulgar travo psicadélico. 

11 - Local Natives - Time Will Wait For No One

Time Will Wait for No One é um álbum com uma atmosfera sonora enérgica, mas também com instantes de densidade algo inéditos no percurso discográfico dos Local Natives. É, claramente, um daqueles trabalhos em que uma banda resolve voltar a baralhar e a dar de novo, fazendo-o sem renegar, como é óbvio, o seu passado, mas querendo, com muita força e criatividade, explorar novos caminhos e possibilidades. Assim, neste registo impecavelmente produzido, o quinteto continua a caminhar dentro de uma atmosfera bem delineada e de uma constante proximidade entre as vertentes lírica e musical, algo que ficou logo bem patente logo em Gorilla Manor, a obra de estreia que alicerçou definitivamente o rumo sonoro dos Local Natives, mas o percurso é agora feito num ambiente mais efervescente, opção que demonstra, com objetividade, uma maior consciência musical e um modus operandi ainda mais renovado, emotivo e delicioso.

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publicado por stipe07 às 20:02

Sigur Rós - ÁTTA

Segunda-feira, 19.06.23

Os islandeses Sigur Rós são provavelmente os maiores responsáveis pela geração a que pertenço se ter aproximado da música erudita ou de quaisquer outras formas de experimentação e de estranhos diálogos que possam existir dentro do campo musical. Ultimamente viviam numa espécie de hiato, pelo menos como banda, mas, finalmente, onze anos depois de Valtari, estão de regresso aos discos com ÁTTA, o oitavo disco do projeto, um alinhamento de dez canções produzido por Paul Corley e que é, de acordo com a própria banda, o trabalho mais emotivo e íntimo de todos os álbuns que já compuseram.

Review: On Sigur Rós' 'ÁTTA,' warmth and light push through the darkness :  NPR

Gravado em diferentes estúdios espalhados por vários continentes, em Abbey Road (Londres), no estúdio da banda em Sundlaugin e em diversos estúdios nos Estados Unidos da América, ÁTTA (que significa oito em islandês) é simultaneamente estranho e familiar para quem conhece e ouve afincadamente esta banda há aproximadamente duas décadas, algo que não é, diga-se, inédito numa projeto que logo desde Von, o primeiro álbum, se concentrou na produção de discos que, mesmo próximos, organizam-se e funcionam de modo distinto. O resultado final é uma discografia que se renova, capítulo após capítulo, acabando sempre por partilhar um novo sentimento ou proposta, ao mesmo tempo que utiliza uma fórmula básica, mas riquíssima, que serve de combustível a cada novo catálogo. E esse combustível parece-nos ser, mais do que o modus operandi, uma necessidade intensa que este trio tem de, com generosidade, convicção, impressionismo e patriotismo, plasmar a sua visão física e espiritual relativamente ao país de origem e, a partir daí, do mundo que os rodeia e no qual, por acaso, também, vivemos.

ÁTTA é, portanto, um novo marco e um passo em frente, seguro e maduro, na discografia dos Sigur Rós. Em quase uma hora, o trio avança, talvez definitivamente, rumo à musica de cariz mais clássico e erudito, deixado para trás as guitarras inflamadas em agrestes distorções e uma imponência percurssiva, tantas vezes inigualável, que só o baterista Orri Páll Dýrason sabia como replicar, para se deleitar com um manuseamento tremendamente delicado, despudoradamente calculado e indisfarçadamente belo, do sintético, mesmo se trombones, violinos, harpas ou trompetes continuem a fazer parte da equação, exemplarmente tocados, na sua maioria, pela orquestra contemporânea de Londres. No entanto, é curioso o modo como mesmo através desta guinada conceptual e interpretativa, os Sigur Rós continuam a manter intacto aquele adn muito próprio e único que nos transporta sempre para a típica paisagem vulcânica islandesa, fria e inóspita, já que, à semelhança da restante discografia do trio, este alinhamento é para ser escutado como um único bloco de som, compacto, hermético e aparentemente minimalista, mas rico em detalhes, experiências, nuances e paisagens, como é, num obrigatório e feliz paralelismo, um país tão belo, intrigante e rico como a Islândia.

ÁTTA é, então, um deleite de sons com forte inspiração em elementos paisagísticos, uma imagem de marca Sigur Rós em que a pouca acusticidade orgânica que ainda subsiste, entrelaça-se com texturas eletrónicas particularmente intrincadas, que conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar melodias com uma beleza sonora que nos deixa muitas vezes boquiabertos. O disco avança, música após música, e dificilmente nos apercebemos de quando começa um tema e acaba outro. Os momentos de (quase) silêncio abundam e mesmo esses são detalhísticamente muito ricos. A ímpar delicadeza comovente que nos submerge em Glóð, o manancial sintético com poderes encantatórios que sustenta Blóðberg, enquanto convida o nosso âmago a dar primazia aos nossos sonhos em detrimento da velocidade vertiginosa em que todos vivemos e que Skel também ajuda, qual ABS em forma de orquestra, a abrandar, a suprema espiritualidade que exala de Mór, a pura adrenalina soporífera que nos injeta com pó de ignimbrite em Andrá e, principalmente, o modo como Klettur nos eleva à categoria de protagonistas e de seres escolhidos para a condução até ao caminho maior, deste mundo que nos foi oferecido, por geração espontânea ou por obra do divino, não se sabe muito bem, mas que estando ainda escondido no fundo de um lago gelado que se formou há milhares de anos nas profundezas de uma escura, mas intacta e nunca explorada caverna e de onde nunca saiu, agora explode, finalmente, rumo ao espaço celestial, ao som desta imponente canção, são instantes obrigatórios de um álbum que, mesmo tendo trechos sonoros que sabem a tormento e a desolação e que são impossíveis de ignorar, até por causa da beleza dos mesmos, quer queiramos, quer não, facilmente mexe com todos os nossos sentidos, nos arrepia e nos dá momentos momentâneos de pura felicidade!

ÁTTA surpreende todos aqueles que consideravam que este trio formado por Kjartan Sveinsson, Jónsi e Georg Holm já não teria capacidade de criar alinhamentos conceptualmente tão portentosos como Ágætis Byrjun ou Takk. Mas, imensamente mais importante que isso, é um regresso feliz dos Sigur Rós à boa forma e mostra que a espera de mais de uma década valeu bem a pena. ÁTTA vale, reforço uma vez mais, pelo todo e a audição individual de uma única canção, descontextualiza-o, até porque cria ao nosso redor, instantaneamente, uma espécie de névoa celestial. Como é apanágio dos Sigur Rós, cada ouvinte é livre para absorver o seu conteúdo do modo que mais lhe convier. Pessoalmente, ÁTTA soube-me, na dúzia de vezes que já ouvi o disco nos últimos quatro dias, a uma expressão sublime de contradições e a uma materialização assustadoramente real do modo como a sagacidade de três mentes inspiradas consegue feitos únicos e inolvidáveis, demonstrando que é possível a convivência saudável entre ordem e caos, amor e ódio, paz e guerra, presença e ausência, neste mundo tão agreste e cinzento em que vivemos e que a própria capa do registo quer, de algum modo, fazer-nos recordar. O perigo em que vivemos é tal nos dias de hoje, que até uma das obras mais sublimes da natureza, o arco-íris, sendo confiada nas nossas mãos, corre o risco de se incendiar. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 18:20

Sigur Rós - Blóðberg

Sexta-feira, 16.06.23

Os islandeses Sigur Rós são provavelmente os maiores responsáveis pela geração a que pertenço se ter aproximado da música erudita ou de quaisquer outras formas de experimentação e de estranhos diálogos que possam existir dentro do campo musical. Finalmente, onze anos depois de Valtari, estão de regresso aos discos com ÁTTA, um alinhamento de dez canções que é, de acordo com a própria banda, o mais emotivo e íntimo de todos os álbuns que já compuseram.

Sigur Rós share 'Blóðberg' – their first new song in seven years

Gravado em diferentes estúdios espalhados por diferentes continentes, em Abbey Road (Londres), no estúdio da banda em Sundlaugin e em diversos estúdios nos Estados Unidos da América, ÁTTA tem como single de apresentação uma canção chamada Blóðberg, pouco mais de sete minutos introspetivos, misteriosos e cinematográficos, com cordas, sopros e teclas e ecoarem de uma forma aparentemente suja, mas com uma inolvidável subtileza angelical.

Blóðberg tem já direito a um vídeo dirigido por Johan Renck, que ficou famoso por ter realizado a mini série Chernobyl. Os quase dez minutos do filme ampliam o forte cariz emocional de uma canção que antecipa um disco que poderá vir a surpreender todos aqueles que consideravam que este trio formado por Kjartan Sveinsson, Jónsi e Georg Holm já não teria capacidade de criar alinhamentos tão portentosos como Ágætis Byrjun ou Takk, por exemplo. Confere...

 

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publicado por stipe07 às 16:15

Raised By Swans – I Want To Burn

Quinta-feira, 10.11.22

Raised by Swans é  nome do projeto a solo de Eric Howden, um artista, cantor, compositor e multi-instrumentista canadiano, mas que passa também algum tempo na Islândia e que tem já uma herança rica, fruto da utilização de canções suas em filmes de nomeada como Adoration (2009) de Atom Egoyan, ou o thriller erótico Chloe (2010), entre outros. Eric assume, praticamente na totalidade, as rédeas das suas criações sonoras, desde a escrita à composição, passando pela produção e a própriacomponente gráfica das suas criações. Tem quatro álbuns no seu catálogo, Codes and Secret Longing (2005), No Ghostless Place (2010), Öxnadalur (2014) e Raised By Swans Is The Name Of A Man, Volume 1 (2021).

Raised By Swans music, videos, stats, and photos | Last.fm

O quinto registo de originais da carreira de Raised By Swans está praticamente pronto. Intitula-se Raised By Swans Is The Name Of A Man, Volume 2; Run With The Silent Wildfires e temos dado conta por cá dos singles que vão sendo adiantados do seu alinhamento. Assim, depois de há quase quatro semanas termos conferido o single Recaptured e, poucos dias depois, a composição Museum Birds, agora chega a vez de contemplarmos I Want To Burn, mais um belíssimo tema, que impressiona pela luminosidade dos efeitos que deambulam por um registo vocal ecoante que cria ao nosso redor uma espécie de névoa celestial, com uma beleza sonora que nos deixa boquiabertos e faz da canção uma jóia verdadeiramente preciosa. I Want To Burn é mais uma espécie de inusitado momento de agitação elegante e introspetiva que nos obriga a esquecer tudo o que nos rodeia e a refugiar-nos numa espécie de feliz isolamento auto imposto. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:28

Raised By Swans – Recaptured

Terça-feira, 18.10.22

Raised by Swans é p nome do projeto a solo dw Eric Howden, um artista, cantor, compositor e multi-instrumentista canadiano, mas que passa também algum tempo na Islândia e que tem já uma herança rica, fruto da utilização de canções suas em filmes de nomeada como Adoration (2009) de Atom Egoyan, ou o thriller erótico Chloe (2010), entre outros. Eric assume, praticamente na totalidade, as rédeas das suas criações sonoras, desde a escrita à composição, passando pela produção e a própriacomponente gráfica das suas criações. Tem quatro álbuns no seu catálogo, Codes and Secret Longing (2005), No Ghostless Place (2010), Öxnadalur (2014) e Raised By Swans Is The Name Of A Man, Volume 1 (2021).

Raised By Swans music, videos, stats, and photos | Last.fm

O quinto registo de originais da carreira de Raised By Swans está praticamente pronto. Intitula-se Raised By Swans Is The Name Of A Man, Volume 2; Run With The Silent Wildfires e tem em Recaptured o single mais recente retirado do seu alinhamento. É uma belíssima composição, que impressiona pela luminosidade dos efeitos que, enquanto contrastam com uma bateria exemplarmente marcada, deambulam por um registo vocal ecoante que cria ao nosso redor uma espécie de névoa celestial, com uma beleza sonora que nos deixa boquiabertos e faz da canção uma jóia verdadeiramente preciosa. Recaptured é uma espécie de inusitado momento de agitação elegante e introspetiva que nos obriga a esquecer tudo o que nos rodeia e a refugiar-nos numa espécie de feliz isolamento auto imposto. Confere...

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publicado por stipe07 às 19:50

Björk – Fossora

Quinta-feira, 13.10.22

Fossora é o curioso título do novo disco de originais da islandesa Björk, uma artista exímia a mostrar o quanto o cenário musical do país de onde é originária é inspirador, mas também ela, por si só, uma verdadeira fonte de inspiração para imensos artistas. E o deslumbre que ela irradia, há já três décadas de uma carreira extraordinária, sente-se na pafernália de sons, detalhes e efeitos que vão cirandando em redor da uma voz que parece sempre encontrar, disco após disco, novo motivos para olhar com optimismo para o mundo que a rodeia.

The Quietus | News | Björk Shares Title Track From New Album, 'Fossora'

Fossora não foge a esta permissa, num alinhamento de treze composições, impecavelmente representadas logo em Atopos, o primeiro tema do registo, uma canção instrumentalmente poderosa, assente num registo percussivo luxuriante e numa imponente secção de sopros, duas nuances habituais no quase sempre celebratório modus operandi sonoro da autora e que versa sobre a necessidade intrínseca à nossa essência humana de procura do outro, utilizando como ponto de partida uma famosa expressão do filósofo Roland Barthes, que traduzida diz algo do género: As nossas diferenças são irrelevantes e o nosso desejo de união é mais forte do que nós

Fossora (escavadora em islandês) é, portanto, um compêndio que foge ao convencional, mas que não deixa, por isso, de conter uma profundidade e uma emotividade bem vincadas. Aliás, sente-se ao longo do disco uma sensação quase física de contacto com algo parecido com o subsolo, uma caraterística muito própria da melhor música tradicional islandesa e que Björk manipula com imaculada destreza, através de sintetizações rugosas e batidas vincadas, mas também com detalhes angelicais, que acabam por conferir a essa sensação uma feminilidade bastante intensa. De facto, as canções exalam tudo aquilo que a autora pretende, quer seja algo sobre o amor e o romantismo, mas também a separação ( Sorrowful Soil), ou sobre a própria morte e o luto (a morte da ativista Hildur Rúna Hauksdóttir, mãe de Björk, inspirou alguns dos temas de Fossora, em particular Ancestress), mesmo que, à partida, a estrutura do tema e a sua própria sonoridade não transpirem equivalência relativamente à componente lírica. Aliás, esta questão da morte e da inevitabilidade da mesma e da necessidade de a encarar de frente, é mesmo a ideia central do álbum, aprofundada pela seleção do universo dos fungos como adereço estilístico visual privilegiado do registo, de modo a mostrar que com a morte também existe a possibilidade de um recomeço, apesar da dor do fim de algo ou de alguém, que ela sempre representa.

Repleto de ilustres convidados, Fossora é um extraordinário disco assente numa estética com elevada filosofia orgânica e centrada eminentemente no sintético e na vastidão percurssiva orgânica que está disponível para todos mas que é ainda pouco explorada, talvez o território onde esta artista islandesa se tem sentido mais confortável ao longo da carreira. É um registo sólido e uniforme e muito centrado, liricamente, nas fraquezas individuais e na fragilidade própria da existência humana. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:25

Björk – Atopos

Quarta-feira, 14.09.22

Fossora é o curioso título do novo disco de originais da islandesa Björk, uma artista exímia a mostrar o quanto o cenário musical do país de onde é originária é inspirador, mas também ela, por si só, uma verdadeira fonte de inspiração para imensos artistas. E o deslumbre que ela irradia, há já três décadas de uma carreira extraordinária, sente-se na pafernália de sons, detalhes e efeitos que vão cirandando em redor da uma voz que parece sempre encontrar, disco após disco, novo motivos para olhar com optimismo para o mundo que a rodeia.

Veja aqui o vídeo "Atopos" do próximo álbum de Björk | Rádio Arena

Fossora não deverá fugir a esta permissa, se for tido em conta o conteúdo de Atopos, o primeiro single retirado do registo. É uma canção instrumentalmente poderosa, assente num registo percussivo luxuriante e numa imponente secção de sopros, duas nuances habituais no quase sempre celebratório modus operandi sonoro da autora e que versa sobre a necessidade intrínseca à nossa essência humana de procura do outro, utilizando como ponto de partida uma famosa expressão do filósofo Roland Barthes, que traduzida diz algo do género: As nossas diferenças são irrelevantes e o nosso desejo de união é mais forte do que nós. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:57

Damon Albarn - The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows

Sexta-feira, 24.12.21

Sete anos depois do extraordinário registo Everyday Robots, o melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn, personagem central da pop britãnica das últimas três décadas, centrou novamente atenções na sua carreira a solo, depois de mais um capítulo da saga Gorillaz o ano passado e de uma nova rodela do projeto The Good, The Bad And The Queen, que partilha com Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen, chamada Merrie Land que, como certamente se recordam, foi um dos melhores álbuns de dois mil e dezoito para a nossa redação.

Damon Albarn detalha novo álbum, The Nearer the Fountain, More Pure the  Stream Flows - Threshold Magazine

Esse novo disco a solo de Damon Albarn chama-se The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows e contém onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos. É um registo, de facto, maravilhoso, que encarna na perfeição o ambiente muito peculiar de uma ilha com caraterísticas únicas, mas que também exibe, a espaços com enorme esplendor, toda a cartografia sonora que faz com que Damon Albarn seja um dos músicos mais ecléticos e completos das últimas duas décadas. 

The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows é um álbum que explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento e o seu título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. Sonoramente, está cheio de instantes fabulosos. Merece particular destaque o tema homónimo, cinco minutos que nos proporcionam uma jornada introspetiva muito orgânica e intimista, onde a voz clemente e cativante de Albarn é trespassada por uma vasta míriade de efeitos, quer de teclas, quer de uma guitarra e de algumas teclas de um insinuante piano, simultaneamente encharcado em delicadez a inquietude. Depois, Polaris oferece-nos uma tonalidade um pouco mais folk, no modo como teclas exuberantes e com um brilho muito inédito e sui generis, são adornadas por detalhes percursivos curiosos, dos quais sobressaiem diversos tipos de metais, um xilofone e outros instrumentos de sopro que aparecem sempre no momento certo para conferir uma elevada dose de charme ao tema, com destaque para o solo de saxofone final e Particles vira agulhas para territórios mais intimistas, à boleia de dedilhares esporádicos de uma guitarra amiúde agreste, um piano que divaga pelos nossos pensamentos sem misericórdia e, com a voz a ser a pedra de toque fundamental para conferir ao tema o nível reflexivo comedido pretendido. Os grandes momentos do registo acabam por ser, contudo, Royal Morning Blue, a composição mais eclética e frenética de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, criada ao piano, junto ao mar e de modo a procurar capturar aquele momento em que a chuva se transforma em neve, como se percebe logo no início da canção, conduzida por esse instrumento, em redor do qual viaja uma batida sintética efusiante, cordas impactantes e diversos efeitos já típicos das criações de Albarn e The Tower of Montevideo, uma composição que impressiona pela riqueza dos arranjos e pelo modo feliz como os mesmos nos conseguem transportar, com elevado nível de realismo auditivo e sensorial impressionista, para o lugar familiar e totalmente sobrenatural que, segundo Albarn, é a foz do rio de La Plata e a capital do Uruguai. Nesta cidade situa-se o Palacio Salvo, um edifício icónico, construído nos anos vinte do século passado e que inspirou esta composição caliente, romântica e instigadora, repleta de arranjos percussivos e de sopros que colocam o nosso imaginário naquele ambiente jazzístico algo boémio que caraterizava a la movida sul americana na segunda década do século passado.

Álbum intenso e cinematográfico e um dos discos fundamentais deste ano, The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows mostra um lado experimental que Albarn gosta de explorar com uma delicadeza bem presente e um lado também algo sombrio e questionador, que tão bem o carateriza. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:20

Damon Albarn - Royal Morning Blue

Quarta-feira, 29.09.21

Sete anos depois do extraordinário registo Everyday Robots, o melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn, personagem central da pop britânica das últimas três décadas, centrou novamente atenções na sua carreira a solo, depois de mais um capítulo da saga Gorillaz o ano passado e de uma nova rodela do projeto The Good, The Bad And The Queen, que partilha com Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen, chamada Merrie Land que, como certamente se recordam, foi um dos melhores álbuns de dois mil e dezoito para a nossa redação.

Damon Albarn shares new solo song, “Royal Morning Blue” – 98KUPD –  Arizona's Real Rock

Esse novo disco a solo de Damon Albarn chama-se The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, contém onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos e irá ver a luz do dia a doze de novembro próximo.

O primeiro avanço revelado de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, um álbum que explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento, foi exatamente o tema homónimo, cujo título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. Três semanas após a revelação dessa amostra, chegou a vez de contemplarmos Polaris, o décimo tema do alinhamento do álbum, uma canção que sonoramente nos aproximava impressivamente do conteúdo de Merrie Land, o tal último registo do projeto The Good, The Bad And The Queen. A seguir deslumbrámo-nos com Particles, um portento contemplativo e intimista brilhante, regido por diversos efeitos sintetizados esvoaçantes, dedilhares esporádicos de uma guitarra amiúde agreste, um piano que divagava pelos nossos pensamentos sem misericórdia e a voz clemente e cativante de Albarn, que era a pedra de toque fundamental para conferir ao tema o nível reflexivo comedido pretendido.

Agora, a poucos dias de sair o disco, é obrigatório conferir Royal Morning Blue, a composição mais eclética e frenética de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, do catálogo das que já foram disponibilizadas. O tema foi criado ao piano, junto ao mar e procurou capturar aquele momento em que a chuva se transforma em neve, como se percebe logo no início da canção, conduzida por esse instrumento, em redor do qual viaja uma batida sintética efusiante, cordas impactantes e diversos efeitos já típicos das criações de Albarn. A canção já tem direito a um excelente vídeo que nos mostra Albarn e os músicos que o acompanham, em estúdio, a tocá-la. Confere... 

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publicado por stipe07 às 12:19

Damon Albarn - Polaris

Segunda-feira, 12.07.21

Sete anos depois do extraordinário registo Everyday Robots, o melancólico, mas sempre genial, brilhante, inventivo e criativo Damon Albarn, personagem central da pop britânica das últimas três décadas, centrou novamente atenções na sua carreira a solo, depois de mais um capítulo da saga Gorillaz o ano passado e de uma nova rodela do projeto The Good, The Bad And The Queen, que partilha com Paul Simonon, Simon Tong e Tony Allen, chamada Merrie Land que, como certamente se recordam, foi um dos melhores álbuns de dois mil e dezoito para a nossa redação.

Damon Albarn Debuts New Song 'Polaris' With Live Performance Video -  Rolling Stone

Esse novo disco a solo de Damon Albarn chama-se The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, contém onze canções que pretendem, no seu todo, dar vida a uma peça orquestral inspirada na Islândia, país onde o músico tem assentado arraiais periodicamente nos últimos anos, e irá ver a luz do dia a doze de novembro próximo.

O primeiro avanço revelado de The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows, um álbum que explora com minúcia temas como a fragilidade, a perda, a emergência e o renascimento, foi exatamente o tema homónimo, cujo título é um excerto do poema Love and Memory, de John Clare. Agora, cerca de três semanas após a revelação dessa amostra, chega a vez de contemplarmos Polaris, o décimo tema do alinhamento do álbum, uma canção que sonoramente nos aproxima impressivamente do conteúdo de Merrie Land, o tal último registo do projeto The Good, The Bad And The Queen. Polaris é um portento contemplativo brilhante, onde a voz clemente e cativante de Albarn é trespassada por uma espécie de folk rock baseado em teclas exuberantes e com um brilho muito inédito e sui generis, adornadas por detalhes percursivos curiosos, dos quais sobressaiem diversos tipos de metais, um xilofone e outros instrumentos de sopro que aparecem sempre no momento certo para conferir uma elevada dose de charme ao tema, com destaque para o solo de saxofone final. Confere...

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publicado por stipe07 às 10:21






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