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Helado Negro – PHASOR

Sexta-feira, 23.02.24

Quase três anos depois de Far In, um disco que ficou num honroso quinto lugar na listagem dos melhores álbuns de dois mil e vinte e um para a nossa redação, o projeto Helado Negro, liderado por Roberto Carlos Lange, está de regresso com PHASOR, o novo álbum deste filho de emigrantes equatorianos radicado há vários anos nos Estados Unidos. Phasor tem um alinhamento de nove canções e viu a luz do dia, com a chancela da 4AD.

Mountains, Machines & Mushrooms: Helado Negro Talks New Album 'Phasor'

Quem segue com particular atenção a carreira deste músico incrível, ao escutar com devoção PHASOR a primeira impressão que tem é que o catálogo do mesmo nunca foi tão sensorial e orgânico como é agora. Se o antecessor Far In apelava muito à natureza, ao ambiente e ao modo como o autor, colocando-se na primeira pessoa, nos transmitia memórias de um passado rico em experiências e vivências num Equador riquíssimo em belezas naturais e ancestralmente muito ligado à terra e aos recursos que a mesma nos oferece de mão beijada, quando é devidamente respeitada, em PHASOR Lange muda a bússola para as máquinas, já que o seu conteúdo é bastante inspirado numa demorada visita que o músico fez a uma máquina chamada SAL MAR Construction. Esse aparelho, que é, no fundo, um instrumento, está instalado na Universidade do Illinois e foi contruído pelo malogrado professor e compositor clássico nova-iorquino Salvatore Matirano, falecido em mil novecentos e noventa e cinco e que se notabilizou também por inventar instrumentos eletrónicos, enquanto ensinou nessa instituição de ensino superior norte-americana.

SAL MAR Construction é, na sua génese, um sintetizador que cria música com tecnologia ainda analógica, mas que consegue replicar uma vasta gama de sons em estúdio, caraterísticas que marcam, desde logo, LFO (Lupe Finds Oliveros), o tema que abre PHASOR, uma composição eminentemente sintética, mas com um elevado espírito lo-fi. Ela escorre com desmesurada rugosidade e vibração pelos nossos ouvidos, plena de distorções e de diversos efeitos e sons, que tanto exalam sopros, como cordas. São instrumentações cavernosas, acamadas por uma batida frenética e, muitas vezes, algo incontrolada, num resultado final eminentemente experimentalista e que recria um clima que encarna na perfeição o espírito muito particular e simbólico que Helado Negro pretende para esta nova etapa da sua carreira e da sua música.

Logo de seguida, I Just Want To Wake Up With You, uma composição com um perfil aparentemente minimalista, mantém a bitola no sintético, já que se mostra detalhisticamente rica, enquanto, de modo irreverente e com um groove delicioso, celebra o amor e a vida. Depois, o piano que ciranda pela batida hipnótcia que sustenta a sonhadora Best For You And Me, o charmoso requinte melódico abrasivo, mas ondulante, de Colores Del Mar, a solarenga ligeireza jazzística das cordas que deambulam por Echo Tricks Me, o singelo clima etéreo ecoante de Flores e a orquestralidade dos arranjos metálicos percurssivos que vagueiam por Out There, sem nunca abafarem o vigor e a impetuosidade de um violão, são exemplos felizes do modo como Lange conseguiu, com criatividade e bom gosto, criar mais uma coleção irrepreensível de canções, que encarnam mais um momento discográfico marcante e incrível deste músico sedeado em Brooklyn.

Repleto de sons inteligentes e solidamente construídos, PHASOR é um alinhamento com forte pendor temperamental e que recria um ambiente que poderia ser, à primeira vista, algo frio e cavernoso, tendo em conta a inspiração acima descrita e o objeto instrumental que serviu de base ao disco, mas, o que temos em cerca de trinta e cinco minutos, são belíssimos poemas sobre a vida, o amor, a família e o dia-a-dia, encharcados em cor, sonho e sensualidade. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:40

The Drums – Jonny

Sábado, 28.10.23

Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que foi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que chegou ao fim recentemente com Jonny, o novo álbum do projeto, dezasseis canções que contam com a chancela da ANTI-Records.

The Drums Drop 'I Want It All,' Announce Summer Tour

Conforme o título do registo indica, Jonny mergulha a fundo na intimidade de Pierce. Ao sexto disco e servindo-se da camuflagem The Drums, este músico nova iorquino resolve embarcar num faustoso exercício de introspeção, que vai do elogio à auto flagelação e à revisão, com um propósito claramente exorcizador, inclusive de diversos traumas. E começa logo, em Isolette, com o seu próprio nascimento, à boleia de uma canção que versa sobre o nascimento de Pierce, um evento algo traumático porque, segundo o músico, o médico que assistia a sua mãe rompeu a bolsa sem o consentimento da mesma, provocando um parto doloroso e um nascimento prematuro. Por causa disso, Pierce afirma sentir muitas vezes que nunca saiu realmente da incubadora (Isolette).

Jonny é, portanto, uma tela sonora liricamente adornada com um arco de influências pessoais, de eventos, de desejos, emoções e receios que, muitas vezes num ápice, é percorrido pelo músico, sem filtros e de forma intensa e até apaixonada, como se Pierce olhasse para si próprio e se contemplasse, algumas vezes com deleite, outras com uma certa compaixão, mas nunca, diga-se em abono da verdade, com vergonha.

Enquanto o autor executa este exercício, que deverá ter tido, certamente, um enorme efeito terapêutico sobre si próprio, Jonny aproveita a deixa para também nos deixar alguns conselhos, nomeadamente em Flowers, neste caso sobre o modo como os sentimentos que nutrimos por outra pessoa podem ter diferentes graus de intensidade, de acordo com o momento e as circunstâncias e a alegria que esse tipo de conexão com alguém pode provocar em cada um de nós.

Sonoramente, os The Drums também mantêm uma bitola sonora bem definida e homogénea, mas que, mesmo assim, não deixa de conter algumas nuances e particularidades, até porque não seria sensato esticar o mesmo estilo performativo num alinhamento tão extenso. Assim, tanto temos a oportunidade de conferir sequências sonoras que apostam no habitual registo acelerado e contundente do adn The Drums, com o efeito metálico da guitarra e uma bateria arritmada a encarnarem uma curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, cm uma tonalidade dançante irresistível, como podemos contemplar instantes mais intimistas, uma diferença que tem na bateria um papel preponderante, já que, no que concerne às cordas, são diminutas as concessões que Pierce faz relativamente ao modo como as replica. A cereja no topo do bolo acaba por ser a postura vocal de Pierce, mais madura e suculenta do que nunca e particularmente tocante e emocionada em alguns momentos. Obvious ou Plastic Envelope são as composições em que melhor se pode apreciar esta sua formatação vocal algo nostálgica e amiúde feita com uma quase pueril simplicidade.

Registo bem balizado em termos de referências, Jonny merece dedicação e nota positiva, não só pelo exercício filosófico que encarna, mas também por, na minha opinião, mostrar que Pierce é cada vez mais capaz de agarrar em fórmulas bem sucedidas e, procurando nunca se colar demasiado a essa zona de conforto, conseguir criar algo único e genuíno e que, no seu todo, represente a relevância deste projeto nova iorquino no universo indie atual. De facto, Jonny é uma prova evidente que o autor não desiste de ser uma referência e que procura fazê-lo com contemporaneidade, consistência e excelência, mesmo que isso implique entregar-se a quem o quiser sem qualquer despudor. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:11

The Drums – I Want It All

Sexta-feira, 14.04.23

Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que fi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que parece ter chegado ao fim com a divulgação de I Want It All, uma nova canção dos The Drums, que poderá antecipar um novo disco da banda ainda este ano.

Jonny Pierce (The Drums): 5 Albums That Changed My Life | TIDAL Magazine

I Want It All é uma composição que exala um ímpar travo de contemporaneidade. É, liricamente, bastante intimista e com um forte cariz sentimental, já que se debruça sobre algumas memórias da infância de Jonny Pierce, alicerçando o seu arquétipo sonoro numa batida sintetizada algo hipnótica e em diversos efeitos da guitarra planantes. A cereja no topo do bolo acaba por ser a audião de alguns arranjos proporcionados por violinos, um detalhe que, já quase no final da canção, confere à mesma um tom ainda mais charmoso e acolhedor. Depois, a voz ecoante de Pierce vai-se enredando na melodia, num resultado final que sustenta uma curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, audível num curioso e bem sucedido jogo de interseções entre voz e os vários instrumentos indicados. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:47

Manchester Orchestra – Capital Karma

Quinta-feira, 02.03.23

Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm vários EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que teve como capítulo último o disco The Million Masks Of Good, lançado pela Loma Vista em trinta de abril de dois mil e vinte e um.

FLOOD - Manchester Orchestra Announce New Album & VR Film, Take Things to  Another Level with “Capital Karma”

The Valley Of Vision é o título do próximo capítulo discográfico dos Manchester Orchestra. O registo terá seis canções e será lançado em simultâneo com um filme de realidade virtual, realizado por Isaac Deitz, já no próximo dia nove de março, no canal do YouTube da banda. O disco foi produzido pelos próprios Andy Hull e o guitarrista Robert McDowell e conta com as contribuições especiais de Catherine Marks, Dan Hannon, Jamie Martens, Kyle Metcalfe e Ethan Gruska, que toca piano no tema Capital Karma.

E é esse mesmo tema, Capital Karma, que abre o alinhamento de The Valley Of Vision, que já está disponível para audição. É uma doce canção, de forte pendor acústico e orgânico, repleta de nuances, quer de cariz percussivo, quer de origem sintética, detalhes que acabam por dar ao tema um toque bastante urbano e sofisticado, enquanto plasmam a já habitual filosofia estilística dos Manchester Orchestra, que sobrevive num universo de experimentações, feitas de sofisticados cruzamentos entre a eletrónica, a chillwave, a soul e a música ambiental. Confere Capital Karma e o alinhamento de The Valley Of Vision...

01. Capital Karma
02. The Way
03. Quietly
04. Letting Go
05. Lose You Again
06. Rear View

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publicado por stipe07 às 14:35

Matt Corby - Problems

Terça-feira, 29.11.22

Há cerca de uma década, no meio da interminável vaga de novos artistas que iam surgindo todos os dias e que foram consolidando os alicerces de um blogue já numa fase de afirmação consistente da sua existência, houve alguns que nesse inesquecível ano de dois mil e doze acabaram por ficar na retina da nossa redação. Um deles foi o australiano Matt Corby, músico cujo primeiro single, Brother, editado no verão desse ano e grande destaque de um EP intitulado Into The Flame, soou do lado de cá como um daqueles singles revelação e que fez querer descobrir, na altura, toda a obra que esse artista já tinha lançado.

Matt Corby Solving Problems With His New Single - The future of  entertainment

Agora, quase no final de dois mil e vinte e dois, Matt Corby volta aos nossos radares, dois anos depois de um par de canções chamadas If I Never Say a Word e Vitamin, que lançou em dois mil e vinte. E tal sucede por causa de Problems, um novo tema do autor australiano, gravado nos Rainbow Valley Studios com Chris Collins e o primeiro avanço daquele que será o terceiro disco do artista australiano. É um trabalho ainda sem nome divulgado, mas que irá ver a luz do dia em março do próximo ano.

Problems mistura blues, R&B, soul e folk, com um tremenda sensibilidade pop. É uma canção vibrante, feita de uma espécie de chillwave que nos faz divagar, à medida que somos alcochoados por uma batida enleante, acompanhada por um piano buliçoso e diversos detalhes sintéticos com uma faceta algo cósmica e, por isso, subtilmente futurista. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:47

Moby – Reprise

Segunda-feira, 31.05.21

O músico e produtor nova iorquino Moby tem nove álbuns na última década, vivendo uma das fases mais inspiradas e produtivas de uma já longa e respeitável carreira, que tem feito dele um dos expoentes maiores da eletrónica do novo milénio. E o novo passo que Moby deu neste percurso inigualável é uma compilação de versões de alguns dos seus maiores sucessos, concretamente treze, com novos arranjos e uma filosofia eminentemente acústica, com a ajuda da Budapest Art Orchestra. Esse disco chama-se Reprise, viu a luz do dia à boleia da Deutsche Grammophon e além da orquestra já referida, também conta com as participações especiais de Gregory Porter, Jim James (My Morning Jacket), Mindy Jones, Víkingur Ólafsson, Kris Kristofferson e Skylar Grey, entre outros.

Moby – Natural Blues (Reprise Version) - man on the moon

Em Reprise, Moby imprime uma dinâmica interpretativa com elevado cariz orquestral e progressivo, que dá um aspecto ainda mais magnificiente ao já robusto catálogo que revisita, algo só possível devido à escolha dos intérpretes, especialistas na replicação de ambientes negros, mas plenos de soul. De facto, com um arranque de carreira memorável à boleia de Play, ainda o melhor disco da sua discografia, foi com elevada dose de ansiedade que se aguardava nesta redação Reprise, até porque há várias canções desse álbum mítico que são alvo de revisão neste trabalho. E as expetativas não são defraudadas porque Reprise contém uma tremenda sensibilidade e está cheio de melodias bastante aditivas. Mesmo revisitando originais, o alinhamento transporta consigo um ideário, quer sonoro, quer lírico e poético muito vincado e consegue tocar o ouvinte e deixá-lo a refletir sobre esta contemporaneidade tão conturbada e perigosa que testemunhamos, quer para a nossa espécie quer para o futuro sustentado do planeta em que vivemos.

Mesmo com o adn típico de uma orquestra clássica, Reprise não deixa de poder ser catalogado também como um infatigável corpo eletrónico que revela as suas diferentes camadas sonoras enquanto o acústico e o elétrico, a pop e a soul, o rock e a chillwave se entrelaçam sem pudor e enleados por um incisivo clima melancólico que combina bem com a essência de Moby, um especialista na replicação de ambientes negros, mas também de assombros orquestrais intensos e belos. Espero que aprecies a sugestão...

01. Everloving (Reprise Version)

02. Natural Blues (Feat. Gregory Porter And Amythyst Kiah) (Reprise Version)
03. Go (Reprise Version)
04. Porcelain (Feat. Jim James) (Reprise Version)
05. Extreme Ways (Reprise Version)
06. Heroes (Feat. Mindy Jones) (Reprise Version)
07. God Moving Over The Face Of The Waters (Feat. Víkingur Ólafsson) (Reprise Version)
08. Why Does My Heart Feel So Bad (Feat. Apollo Jane And Deitrick Haddon) (Reprise Version)
09. The Lonely Night (Feat. Mark Lanegan And Kris Kristofferson) (Reprise Version)
10. We Are All Made Of Stars (Reprise Version)
11. Lift Me Up (Reprise Version)
12. The Great Escape (Feat. Nataly Dawn, Alice Skye And Luna Li) (Reprise Version)
13. Almost Home (Feat. Novo Amor, Mindy Jones And Darlingside) (Reprise Version)
14. The Last Day (Feat. Skylar Grey And Darlingside) (Reprise Version)

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publicado por stipe07 às 10:45

John Grant – Boy From Michigan

Quinta-feira, 15.04.21

Pouco mais de dois anos após o excelente registo Love Is Magic, um John Grant enraivecido e profundamente incomodado pela conjuntura atual do seu país natal e do mundo, não só devido à crise pandémica, mas também ao crescimento político dos extremismos, que não abrandam apesar da derrota de Trump e da entrada de Biden na Casa Branca, prepara-se para lançar um novo álbum intitulado Boy From Michigan, que irá ver a luz do dia a vinte e cinco de junho próximo, à boleia do consórcio Partisan/Bella Union.

John Grant anuncia o álbum 'Boy From Michigan' e revela a faixa-título

Boy From Michigan conta com Cate Le Bon nos créditos da produção que, já agora, tem um novo disco intitulado Reward e que a nossa redação recomenda vivamente. Mas voltando ao novo álbum de Grant, depois de em janeiro termos contemplado o single The Only Baby, agora chega a vez de conferirmos o tema homónimo do disco, uma canção com uma toada muito charmosa e onde um delicioso travo psicadélico passeia por um tratado de chillwave intemporal, enquanto Grant disserta sobre algumas memórias que ainda guarda dos seus primeiros anos de vida no Michigan. Confere Boy From Michigan e a tracklist de Boy From Michigan...

Boy From Michigan
County Fair
03 “The Rusty Bull
The Cruise Room
Mike And Julie
Best In Me
Rhetorical Figure
Just So You Know
Dandy Star
Your Portfolio
The Only Baby
Billy

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publicado por stipe07 às 17:52

Zero 7 – Shadows EP

Segunda-feira, 26.10.20

Seis anos após o EP Simple Science e cinco depois de EP3, os britânicos Zero 7, um dos nomes fundamentais da eletrónica downtempo e da chillwave, estão de regresso com um novo EP intitulado Shadows, que também serve para apresentar o novo vocalista principal da banda de Sam Hardaker e Henry Binns, o cantor britânico Lou Stone. Já agora, recordo que os Zero 7 não lançam um disco desde o já longínquo Yeah Ghost de dois mil e nove.

FLOOD | Zero 7 Discuss Returning to Form for Their New “Shadows” EP

Este EP Shadows viu a luz do dia a vinte e três de outubro e oferece-nos um alinhamento muito quente e a apelar à soul, com quatro canções que exalam aquele charme típico da dupla e que reforçam o ambiente fashion que sempre caraterizou os Zero 7. São composições com um enredo bastante centrado nas memórias que Binns e Sam carregam consigo, individualmente e como peças fulcrais do universo Zero 7 e de como as duas décadas que levam juntos as criar e a compôr foram marcando as suas vidas e dando sentido a uma existência que sempre se centrou na necessidade de ambos em criar artisticamente.

É, pois, um EP vibrante, mas também soturno, quatro pérolas buriladas em cima de sintetizadores cósmicos, efusivos em Shadows e algumas cordas, serenas em Take My Hand e belíssimas em After The Fall, esta uma composição onde os típicos violinos, que eram peças chave dos primeiros registos da dupla, se mostram exuberantes. Pelo meio vai sendo tudo acomodado por interseções de arranjos que, contrastando com a emotividade vocal de Stone, uma voz habituada a registos mais folk, mas que se assentou como uma luva nos Zero 7, nos proporciona um resultado final lindíssimo, refinado e tremendamente contemplativo. Espero que aprecies a sugestão...

Zero 7 - Shadows

01. Shadows (Feat. Lou Stone)
02. Take My Hand (Feat. Lou Stone)
03. After The Fall (Feat. Lou Stone)
04. Outline (Feat. Lou Stone)

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publicado por stipe07 às 12:54

Archive – Versions

Domingo, 04.10.20

Ícones da eletrónica das últimas três décadas, os londrinos Archive estão a comemorar um quarto de século de carreira, com a edição de Versions, um maravilhoso registo que nos oferece dez novas roupagens de alguns dos temas míticos da banda londrina liderada por Darius Keeler e Danny Griffiths.

Archive (band) - Alchetron, The Free Social Encyclopedia

Produzido pelos próprios Archive e misturado por Jerome Devoise, colaborador de longa data do grupo, Versions é um documento sonoro obrigatório para conhecermos a fundo este que é o nome maior da vertente mais sombria e dramática do trip hop. Ao longo da carreira do grupo, nomeadamente a mais recente, se With Us Until You're Dead e Axiom trilhavam caminhos que iam da electrónica à soul, passando pela pop de câmara e se em Restriction, há meia década, colocaram as guitarras na linha da frente, ampliaram o volume das distorções e, mesmo sendo um disco que vivia essencialmente da eletrónica e dos ambientes intimistas e expansivos, foi-lhe acrescentado uma toada mais orgânica, ruidosa e visceral, Versions faz a simbiose de tudo isto, constituindo-se, no seu todo, como uma espécie de cruzamento espectral e meditativo da carreira do grupo.

Assim se Light surpreende pelo modo como as guitarras, o baixo e a bateria seguem a sua dinâmica natural, mesmo tendo a companhia sempre atenta do sintetizador, que não deixa de rivalizar com o conjunto, mas sem nunca ofuscar o protagonismo da tríade, que conduz o tema para uma faceta mais negra e obscura, tipicamente rock, esculpindo-o com cordas ligas à eletricidade, ao mesmo tempo que a banda exibe uma consciente e natural sapiência melódica, já Kid Corner, tem um certo travo industrial, que a belíssima voz de Holly Martin aprofunda, com uma carga ambiental assinalável, bem patente no modo como as guitarras e a voz se enquadram com a grave batida sintética e repleta de efeitos maquinais. Estes dois temas acabam por sintetizar com superior mestria o adn essencial dos Archive, enquanto nos agarram pelos colarinhos sem dó nem piedade e nos sugam para um universo pop feito com uma sonoridade preciosa, bela, silenciosa e estranha e que, amiúde, parece que nos afoga numa hipnótica nuvem de melancolia.

Esta lindíssima viagem às pastosas aguas turvas em que mergulha a eletrónica dos Archive ganha contornos de excelência em Nothing Else, um mundo de paz e tranquilidade, originalmente presente em Londinium, um dos momentos maiores da discografia do grupo londrino, versão que nos embala e acolhe de modo reconfortante, proporcionando uma sensação de bem-estar e tranquilidade que nem um potente efeito sintetizado desfaz. O tema faz-nos descolar ao encontro de uma soul  cheia de imagens evocativas sobre o mundo moderno e encarna o momento alto do trabalho de produção feito em Versions e o já habitual modo como os Archive conseguem dar vida a belíssimas letras entrelaçadas com deliciosos acordes e melodias minusiosamente construídas com diversas camadas de instrumentos.

A escrita deste grupo britânico carrega uma sobriedade sentimental que acaba por servir de contraponto a uma sonoridade algo sombria, mas onde geralmente nenhum instrumento ou som está deslocado ou a mais e a conjugação entre exuberância e minimalismo prova a sensibilidade dos Archive para expressar pura e metaforicamente as virtudes e as fraquezas da condição humana. Os Archive sempre seguiram uma linha sonora complexa e nunca recearam abarcar variados estilos e tendências musicais, mantendo sempre uma certa integridade em relação ao ambiente sonoro geral que os carateriza. Versions tem alma e paixão, é fruto de intenso trabalho e consegue ter canções perfeitas, com vozes carregadas de intriga e profundidade. Espero que aprecies a sugestão...

Archive - Versions

01. Lights (Version)
02. Kid Corner (Version)
03. Bright Lights (Version)
04. Fuck U (Version)
05. Erase (Version)
06. Again (Version)
07. Pills (Version)
08. Nothing Else (Version)
09. Remains Of Nothing (Version)
10. End Of Our Days (Version)

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publicado por stipe07 às 17:18

Zero 7 – Shadows

Terça-feira, 01.09.20

Seis anos após o EP Simple Science, e cinco depois de EP3, os britânicos Zero 7, um dos nomes fundamentais da eletrónica downtempo e da chillwave, estão de regresso com um novo EP intitulado Shadows, que também serve para apresentar o novo vocalista principal da banda de Sam Hardaker e Henry Binns, o cantor britânico Lou Stone. Já agora, recordo que os Zero 7 não lançam um disco desde o já longínquo Yeah Ghost de dois mil e nove.

Zero 7 Announces Shadows EP, First New Record in Five Years for October  2020 Release and Shares Title Track - mxdwn Music

Este EP Shadows irá ver a luz do dia a vinte e três de outubro e dele já se conhece o tema homónimo, uma composição assente num registo muito quente e a apelar à soul, uma canção que exala aquele charme típico da dupla e que reforça o ambiente fashion que sempre caraterizou os Zero 7. Juntamente com a divulgação do single homónimo do EP, foi também dado a conhecer o vídeo do mesmo, realizado por Julian House que, recordo, foi quem criou o artwork espetacular de Simple Things, o álbum de estreia dos Zero 7, que comemora no próximo ano vinte anos de existência. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:04






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