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DEHD – Light On

Quinta-feira, 14.03.24

Dois anos depois do excelente registo Blue Skies, a banda norte-americana Dehd, formada por Emily Kempf, Jason Balla e Eric McGrady, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Poetry, um alinhamento de catorze canções, que irá ver a luz do dia a dez de maio com a chancela da insuspeita Fat Possum.

Aspereza melódica e sagacidade lo fi são dois conceitos transversais ao conteúdo de Light On, o mais recente single retirado, em jeito de antecipação, deste novo registo do trio de Chicago. Light On é uma canção enleante e de elevado pendor nostálgico, instrumentalmente assente numa guitarra insinuante, adornada por uma percussão hipnótica, nuances que enredilhadas numa embalagem algo caseira, intíma e imediatista, criam uma criativa e luminosa composição, recheada com uma combinação de referências, assentes num revigorante indie surf rock, que rapidamente nos fazem recordar o melhor catálogo de outros nomes dotados da mesma identidade, como os Wavves ou os Beach Fossils. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:39

Cassettes On Tape – Lost Filter vs Are You There

Quarta-feira, 28.02.24

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

Cinco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão desse ano, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono desse mesmo ano, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, há precisamente um ano, chegou à nossa redação Summer Ghost e Alright Already.

Agora, já em dois mil e vinte e quatro, e sem a confirmação de um novo álbum, os Cassettes On Tape, voltam a revelar uma dupla de composições, os temas Lost Filter e Are You There. São duas composições com um forte pendor nostálgico, que olham com gula para o melhor rock alternativo noventista. Guitarras com um delicioso travo lo fi, que tanto replicam um perfil sonoro quase acústico, no caso de Lost Filter, como debitam cascatas de distorções rugosas e impulsivas, imponentes em Are You There, uma produção crua e um perfil interpretativo melódico inspirado, são o modus operandi essencial destes dois temas, que exemplificam o modo vigoroso como este quarteto dá uma elevada primazia aos detalhes e, mesmo no meio do ruído, não descuram um considerável cariz etéreo. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:43

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

Quinta-feira, 26.10.23

O norte-americano Jeff Tweedy, líder do míticos Wilco, é, claramente, um dos músicos mais profícuos e criativos do cenário musical alternativo atual. Concretizando, na última década e meia, ao comando da sua banda, idealizou e incubou The Whole Love (2011), Star Wars (2015), Schmilco (2016) Cruel Country (2022) e, muito recentemente, Cousin (2023). Entretanto, em dois mil e dezoito, aproveitou para escrever uma auto-biografia intitulada Let's Go (So We Can Get Back): A Memoir of Recording and Discording with Wilco, Etc., onde dissertou sobre aspetos da sua personalidade e do seu trajeto nos Wilco.

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

À boleia desse exaustivo exercício escrito de introspeção, acabou por criar alguns registos a solo, sendo o mais conseguido WARM, onze canções que viram a luz do dia nesse mesmo ano de dois mil e dezoito com a chancela da insuspeita dBpm Records e que sucederam a Together at Last (2017), um registo de versões de alguns dos temas mais emblemáticos da sua, na altura, já extensa carreira. Depois de WARM, em dois mil e dezanove chegou Warmer, disco que, conforme o título indica, não estava dissociado do conteúdo do antecessor, já que, além de ter sido gravado durante o mesmo período em que foi captado WARM, acabou por, na sua essência, obedecer à mesma filosofia sonora estilística.

No início do estranho outono de dois mil e vinte, Jeff Tweedy deu ao mundo Love Is The King, a última obra discográfica em nome próprio de um compositor que assenta o seu processo criativo numa concepção de escrita que explora bastante a dicotomia entre sentimentos e no modo criativo e refinado como musica as letras que daí surgem, aliando o seu adn pessoal às tendências mais contemporâneas da folk e do rock alternativo.

Agora, novamente num outono algo atípico, Jeff Tweedy volta a colocar-nos em sentido devido à cover que criou para o clássico Filled With Wonder Once Again, que o mítico artista Billy Fay incluiu no seu disco Countless Branches, de dois mil e vinte. Na nova roupagem que Jeff Tweedy oferece a Filled With Wonder Once Again, o músico do Illinois idealizou com sucesso um impressivo e jubilante tratado folk, dominado por timbres de cordas particularmente estridentes, que abastecem uma constante dicotomia entre sentimentos e confissões, oferecendo uma roupagem mais eletrificada e radiofónica a um original que é eminentemente acústico, intimista e contemplativo, fazendo-o sem descurar a essência eminentemente reflexiva e sentimental da génese do original. Confere a cover e o original...

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publicado por stipe07 às 13:44

Wilco - Cousin

Sexta-feira, 29.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não foge a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, que foi, à época, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Cousin Reviewed | Articles | Mojo

Cousins vê hoje a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e os seus pouco mais de quarenta minutos oferecem-nos, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Logo a abrir o registo, a espiral elétrica e a vasta miríade de sopros, distorções e insinuações percurssivas que sustentam Infinite Surprise, trazem-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira jutiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Logo de seguida, o piano e as distorções cavernosas de Ten Dead, esclarecem-nos que, de facto, Cousin não será um decalque exaustivo de uma fórmula, mas mais um passo firme e faustoso em frente no enriquecimento do adn de um projeto incomparável no modo como disserta, sem preconceitos e amiúde até de forma irónica, sobre uma América que vive uma contemporaneidade algo perigosa, fraturada em dois extremos dominantes, recentemente espartilhada por um vírus que não não foi fácil de lidar nesse vasto território e ensaguentada de traumas e males raciais, assentes numa sequência nada feliz de décadas e até de séculos de casos mal resolvidos, que remontam ao período da escravatura, o grande motivo da Guerra Civil que o país viveu há pouco mais de duzentos anos e que deixou fantasmas ainda a pairar.

As cordas reluzentes de Leeve e, principalmente, de Evicted, duas canções que obedecem a um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente, colocam Cousin num eixo mais radiofónico, mas sem deixar de lado a faceta experimental e lisérgica que o grupo  tanto preza e que certamente quis que este seu novo trabalho tivesse. É um experimentalismo folk, conduzido por cordas mais acústicas e com um travo de minimalismo lo fi, aspectos que são, como se sabe, traves mestras no percurso discográfico do projeto, marca que o próprio Yankee Hotel Foxtrot tão bem ilustrava em canções como War On War, ou Jesus Etc.Volto a referir-me à obra prima de dois mil e um porque, de facto, conhecendo minuciosamente a discografia dos Wilco, esse é, sem dúvida, o disco da banda que maior influência terá tido no processo de incubação de Cousin.

Se no início do milénio a fórmula que orientou Yankee Hotel Foxtrot pretendia revolucionar o adn Wilco, pouco mais de duas décadas depois, não há como negar que o propósito foi semelhante. O processo de incubação inicial de Cousin terá tido em mente materializar de modo espedito, uma fórmula interpretativa que originasse canções dominadas por guitarras, mas a exibirem linhas e timbres com um clima marcadamente progressivo e rugoso e onde não faltasse, se necessário, piscares de olhos a climas mais sintéticos, intimistas e jazzísticos, como evidenciam Sunlight Ends e A Bowl and A Pudding, uma visão detalhística aprimorada que temas como I'm Trying To Break Your Heart ou Radio Cure plasmaram, com alma e luz, em dois mil e vinte e um.

Finalmente, o intrigante clima algo hipnótico, mas visceral de Cousin, o tema homónimo, uma canção feita para se escutar de punhos cerrados, a monumentalidade de Pittsburgh, um verdadeiro tratado de sentimentalismo latente e de pura melancolia, uma canção que nos embarca numa viagem lisérgica ímpar e que subjuga momentaneamente qualquer atribulação que no instante da audição nos apoquente e a bonomia complacente da lindíssima balada Soldier Child, enriquecem ainda mais o esplendor de um disco que, colocando na linha da frente o lado mais sensível e emotivo do grupo, deixa no ouvinte a perceção clara que foi espetacular o momento em que os Wilco optaram por ligar a sua faceta experimental mais uma vez a pleno gás para, obtendo um balanço delicado entre o quase pop e o ruidoso e sem nunca descurar aquela particularidade fortemente melódica que costuma definir as suas composições, conseguirem criar uma verdadeira obra-prima que irá certamente figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto.

O amor, a paixão e as suas travessuras, nas quais se incluem críticas mais ou menos veladas a uma América contemporânea cada vez menos socialmente justa e refém dos seus medos, como de certo modo referi acima, sempre foram temáticas bastante importantes para Jeff Tweedy que, servindo-se dos Wilco, nunca deixou de surpreender pelo modo como foi diversificando a sua abordagem a estes conceitos ao longo de mais duas décadas. Do repentismo sincero e inconsciente de Wilco A.M., ao trato leve e sublime em Sky Blue Sky, passando pela imersão em vários psicoativos sentimentais em Yankee Hotel Foxtrot, ou fazendo uma primeira súmula de como sentem e vibram com sentimentos tão intensos, tentada em The Whole Love, os Wilco conseguem, neste Cousin, uma vez mais, a sempre tão desejada visão caricatural daquilo que os move como pessoas e músicos, enquanto enriquecem uma história discográfica, às vezes barulhenta e intensa, outras mais introspetiva e carregada de soul, mas sempre tremendamente criativa e instigadora. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 12:26

Wilco - Cousin (single)

Terça-feira, 26.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Cousins irá ver a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Wilco Share New Song “Cousin”: Listen | Pitchfork

O mais recente single divulgado de Cousin é exatamente a composição que dá nome ao disco. Cousin é um tema vibrante, melodicamente algo hipnótico porque assenta num curto trecho melódico, incubado por cordas reluzentes, intenso e repetitivo, que vai sendo adornado por diversos efeitos e arranjos, um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:35

Wilco – Evicted

Domingo, 06.08.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Announces New Album 'Cousin,' Releases Lead Single 'Evicted' - Variety

Cousins irá ver a luz do dia a vinte e um de setembro próximo, pela própria etiqueta da banda, a dBpm, foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e terá um alinhamento de dez canções. Esse trabalho será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender. Evicted, o primeiro single retirado do alinhamento de Cousins, comprova-o no modo como cordas acústicas e elétricas criam uma sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. É um divertido jogo de cordas e sintetizações, quase cinematográfico, apesar de sonoro, que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere Evicted e o artwork e a tracklist de Cousin...

Wilco - Cousin

Infinite Surprise
Ten Dead
Levee
Evicted
Sunlight Ends
A Bowl And A Pudding
Cousin
Pittsburgh
Soldier Child
Meant To Be

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publicado por stipe07 às 15:06

Soft Kill – Metta World Peace

Quarta-feira, 07.06.23

Depois de terem surpreendido a crítica em outubro do ano passado com o registo Canary Yellow, o projeto Soft Kill está de regresso aos discos com o seu sétimo alinhamento de originais, um espetacular alinhamento de nove canções intitulado Metta World Peace. Este novo trabalho dos Soft kill foi gravado por Tobias Grave, o grande mentor do projeto, em Portland, a sua terra natal e em Chicago, mas também em outros locais durante uma travessia do país que o músico levou a cabo no início deste ano.

An Interview with Tobias Grave of Soft Kill — Rock In:flux

Com as participações especiais de nomes como Evil Pimp, N8NOFACE, Andres Chavez e Adam Klopp, Metta World Peace tem a sua génese no hip-hop, o território sonoro de excelência para Tobias Grave, mas é um disco de portas e janelas escancaradas para universos tão díspares como o jazz, a eletrónica ambiental, o rock alternativo, o rock progressivo e o post punk. O experimentalismo livre de constrangimentos esteve na génese do seu conteúdo e não existiram entraves no momento de criar e de selecionar o arsenal instrumental, essencialmente de origens sintéticas, materializando um modo muito peculiar e sui generis e até quase marginal de criar música e de a expôr ao grande público, com Tobias Grave a plasmar até uma interessante dose de sarcasmo e de fina ironia, em canções como Past Life II ou Molly.

Depois de um inquietante e cósmico piano sustentar diversos devaneios sintéticos na introdutória Rat Poison, o rock toma conta do disco no clima glam de Trouble e, principalmente, de Molly. Depois, o tratado de soft rock Past Life II mantém-nos numa bastante impressiva máquina do tempo, da qual não saímos, pelo meio, ao som da espetacular ode ao melhor catálogo dos Cure que é possível conferir em Behind The RainParanoid, canção em que o rapper Evil Pimp mostra todas as suas credenciais como exímio trovador contemporâneo de uma certa urbanidade marginal e corrosiva, inflete Metta World Peace numa guinada inesperada, mas corajosa, colocando o ouvinte na rota de territórios mais intrincados, ao som de uma lisergia cósmica repleta de têmpora e invulgarmente pop que, nos teclados e no baixo vigoroso de Veil Of Pain acaba por mover-se nas areias movediças de uma psicadelia lisérgica particularmente narcótica.

Ao sétimo álbum, o projeto Soft Kill amplia e renova com indiscutível contemporaneidade o já rico catálogo destes verdadeiros mestres do punk rock experimental que, curiosamente e como já foi acima referido, sempre tiveram no hip-hop a grande matriz. De facto, Metta World Peace impressiona pelo modo como é banhado por uma psicadelia ampla e elaborada, sem descurar um lado íntimo e resguardado que dá a todo um disco um inegável charme, firme, definido e bastante apelativo. Esta forma de aproximação ao ouvinte, instigando-o ou afagando-o, também se define pelo modo como a vasta miríade de efeitos, sons, ruídos e cosmicidades são plantadas ao longo das nove canções, sem se tornarem sinónimo de amálgama ou ruído intencional. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:15

Califone – Ox-Eye

Quarta-feira, 10.05.23

Califone é o curioso nome com que foi batizada, há já cerca de duas décadas, uma das bandas mais interessantes do indie rock experimental norte-americano contemporâneo. Liderado por Tim Rulli, este projeto natural de Chicago ganhou enorme projeção quando em dois mil e nove criou, de raíz e integralmente, uma banda sonora e um filme que se complementavam, ambos intitulados All My Friends Are Funeral Singers. O argumento do filme e a realização do mesmo tiveram, portanto, a assinatura do próprio Tim Rulli e a história girava em torno de uma mulher que vivia sozinha numa floresta, atormentada por diversos problemas psíquicos.

Califone - Wikipedia

Em dois mil e vinte e três os Califone entram no nosso radar devido aos singles que têm divulgado do alinhamento de villagers, o novo registo do projeto, um alinhamento de que irá ver a luz do dia já a dezanove deste mês com a chancela da Jealous Butcher Records.

Assim, depois de já terem sido divulgados os singles the habsburg jaw e a canção que dá nome ao álbum, agora chega a vez de conferirmos ox-eye, a sexta composição do alinhamento de villagers. ox-eye é um tema vibrante, sonoramente bastante rico, intenso e sinuoso, com diversas melodias a cruzarem-se entre si, cimentadas por uma instrumentação rugosa, conduzida por guitarras cheias de loops graves que dançam entre si e se misturam com uma percussão encharcada em variadas nuances, ora eletrónicas ora acústicas. É uma interação instrumental de forte cariz experimental, como é típico nos Califone e que também impressiona pelo clima simultaneamente tropical e nostálgico. Confere...

 

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publicado por stipe07 às 16:34

Andrew Bird – Never Fall Apart

Quinta-feira, 23.02.23

No início do ano passado Andrew Bird esteve particularmente ativo com o lançamento do disco Inside Problems e com a sua participação numa comédia intitulada The Bubble, assinada por Judd Apatow. Depois, em pleno outono, o músico natural de Chicago que é, claramente, um dos melhores cantautores da atualidade, tendo um vasto catálogo de canções, que são pedaços de música intemporais, a atestar esta justificada ode, ofereceu-nos um novo tema intitulado I Felt A Funeral, In My Brain, que contava com a participação especial de Phoebe Bridgers e que se inspirava num poema de Emily Dickinson com o mesmo nome.

Agora, no dealbar de dois mil e vinte e três, Andrew Bird regressa ao nosso radar por causa de Never Fall Apart, o mais recente single retirado do tal registo Inside Problems que o artista norte-americano lançou em dois mil e vinte e dois e que pelos vistos, ainda continua a oferecer dividendos a Bird e à via Loma Vista Recordings, a etiqueta que chancelou o registo. Never Fall Apart é um tema que se escuta com particular deleite, enquanto nos oferece um anguloso piscar de olhos ao melhor jazz contemporâneo, construído à sombra de um clima inicialmente contido e enigmático, mas que depois, nas asas de cordas encharcadas em ímpar luminosidade, ganha um majestoso pendor folk pop, num resultado final sentimentalmente intenso e que vinca a já habitual mestria interpretativa de Andrew. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:11

Cassettes On Tape – Alright Already

Quinta-feira, 09.02.23

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

inco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão passado, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, chegou à nossa redação Summer Ghost, e também, mais recentemente, Alright Already. Esta quarta composição que os Casssettes On Tape divulgam nesta série mais recente de temas, é outra fabulosa canção, assente num oásis de rock experimental, mas com uma vibração mais luminosa e clássica que as três composições anteriores, num registo que acaba por olhar com alguma gula para o chamado surf rock, sem descurar a habitual tonalidade nostálgica, sempre com um considerável cariz etéreo. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:08






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