man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Liars – Mess
Poucas bandas se transformaram tanto ao longo da última década como o trio de Nova Iorque chamado Liars e formado por Angus Andrew, Aaron Hemphill e Julian Gross. Deram início à carreira com uma sonoridade muito perto do noise rock, com experimentações semelhantes ao que fora testado pelos Sonic Youth do início de carreira e até com algumas doses de punk dance e aos poucos foram aproximando-se de uma sonoridade mais amena e introspetiva. O que antes era ruído, distorção e gritos desordenados, passou a debitar algo mais brando, com uma proposta de som muito mais voltada para um resultado atmosférico, definição que passou a imperar com evidência desde o disco homónimo lançado em 2007.
Este toque experimental acabou por se manter e WIXIW (pronuncia-se wish you) foi o culminar de uma tríade que começou no tal Liars de 2007 e prosseguiu em Sisterworld (2010). Agora, cerca de dois anos depois, os Liars voltam a apostar numa inflexão sonora com Mess, o novo trabalho do grupo,lançado no passado dia 25 de março, através da Mute Records.
Um colorido novelo de lã ilsutra a capa de Mess e, na verdade, é uma analogia interessante e feliz relativamente ao conteúdo do disco, produzido pelo próprio Angus Drew, líder dos Liars. Mess é uma mistura nada anárquica, mas bastante heterogénea de todos os vetores sonoros que têm orientado a carreira dos Liars e, sendo um álbum carregado de batidas, com uma base sonora bastante peculiar e climática, tem propostas ora banhadas por um doce toque de psicadelia a preto e branco, ora consumidas por um teor ambiental denso e complexo.
Independentemente da abordagem que é feita em cada canção e que varia imenso, a eletrónica é o fio condutor de todo o trabalho, quase sempre envolvida numa embalagem frenética, embrulhada com vozes e sintetizadores num registo predominantemente grave e ligeiramente distorcido, que cria uma atmosfera sombria e visceral.
Mask Masker, o tema de abertura, é uma excelente porta de entrada para Mess, porque além de conter uma riqueza instrumental imensa, é uma canção algo assustadora, friamente dividida em várias secções que, à medida que surgem, ampliam o cariz sombrio da canção e engrandecem o clima da mesma, agravado por uma letra onde se identifica um conteúdo que mistura, sem pudor, alusões à violência física misturadas com perversão sexual e desvios comportamentais (take my pants off, use my socks, smell my socks, eat my face off [...] give me your face).
Assim, à medida que o registo avança, ficam claras as transições sonoras em que os Liars sempre apostaram e nota-se a experimentação de diferentes estilos, com ecos bem audíveis de post punk, synthpop e dance punk dos anos oitenta e a eletrónica sombria à Gary Numam, ou mais dançante, típica de uns Nine Inch Nails, bem audível em I'm No Gold e até uma faceta algo gótica, herdada dos Depeche Mode.
É evidente a mestria com que os Liars executam aquilo que pretenderam arquitetar em Mess e impressiona a forma como enquadram todas estas referências num estilo muito próprio e inédito. Desenrolar esta bola colorida de onze canções e todas as dinâmicas que propõe é um exercício auditivo simultâneamente complexo e recompensador, porque estamos na presença de uma amálgama sonora bastante calculada e muito bem construída. Mess é, sem sombra de dúvida, mais um firme ponto de referência da carreira discográfica extraordinária que define a carreira deste trio norte americano. Espero que aprecies a sugestão...
01. Mask Maker
02. Vox Turned D.E.D
03. I’m No Gold
04. Pro Anti Anti
05. Can’t Hear Well
06. Mess On A Mission
07. Darkside
08. Boyzone
09. Dress Walker
10. Perpetual Village
11. Left Speaker Blown