man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Eastern Hollows – Eastern Hollows
Lançado pela etiqueta Club AC30, Eastern Hollows é o homónimo disco de estreia dos norte americanos Eastern Hollows, mais uma banda oriunda de Brooklyn, um dos bairros mais efervescentes de Nova Iorque. Formados por Travis deVries (voz, guitarra, percurssão), Martin Glazier (voz, guitarra), Sean Gibbons (guitarra), Brian Brennan (baixo) e Jeremy Sampson (bateria, percurssão), os Eastern Hollows apontam sonoramente para as influências nostálgicas dos anos noventa e apresentam na estreia um álbum bem interessante, com dez canções de nível semelhante, que vão do rock progressivo ao fuzz, passando pela britpop.
Grandes admiradores dos The Stone Roses, este quinteto não esconde as suas influências e o próprio registo vocal de Travis DeVries recorda-nos Ian Brown. Logo em Space Spirits, o tema de abertura, percebe-se que há, na conjugação do baixo com a voz em eco e com a melodia da guitarra, um cariz lo fi profundamente nostálgico e que o conjunto criado assenta numa espécie de mistura da psicadelia típica dos anos sessenta com a britpop mais contemporânea. A percussão acelerada de The Way That You've Gone e uma guitarra adornada com leves pitadas de shoegaze e pós rock, dá vida a um turbilhão encorpado e calcado num som garageiro e psicadélico e que evoca grandes épocas do rock n’roll.
As guitarras são, portanto, o elemento catalizador e unificador das canções, mas não o único destaque; Temas como Days Ahead ou Summer's Dead também usam as tradicionais linhas de baixo para amplificar a sonoridade climática da obra. E noutros temas a fórmula replica-se e soma-se sempre às guitarras, ao baixo e aos sintetizadores, que debitam uma constante carga de ruídos pensados de forma cuidada, como um imenso curto circuito que passeia por Eastern Hollows.
De certa forma e à semelhança de outros projetos apresentados por cá ultimamente, os Eastern Hollows seguem pisadas vintage, mas buscam, em simultâneo e sem falsos pudores, uma sonoridade também comercial, mesmo quando mergulhada num oceano de ruídos, ou com um certo toque de psicadelia. Deste modo, acabam por atestar a vitalidade atual do lo fi e do reencontro com sons que fluem livres de compromissos com uma estética própria, através de uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop. Este é mais um disco em que tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do projeto tivesse um motivo para se posicionar dessa forma. Ao mesmo tempo em que é possível absorver a obra como um todo, entregar-se aos pequenos detalhes que preenchem o trabalho é outro resultado da mais pura satisfação e asseguro-vos que em Eastern Hollows ainda é possível encontrar novidade dentro de um som já dissecado de inúmeras formas.
Considero já estes Eastern Hollows como uma das bandas americanas mais inglesas do momento, até porque além de terem conseguido encontrar um equilíbrio muito interessante entre os principais universos sonoros que os orientam, a audição do disco leva-nos a sentir desde logo um forte sentimento de nostalgia. Ao mesmo tempo que seguram com vigor as amarras do passado, a forma como abordam as influências, nomeadamente através das guitarras, faz-nos perceber que há aqui algo de genuíno e de forte cariz identitário, difícil de ouvir noutro projeto. Espero que aprecies a sugestão...
01. Space Spirits
02. The Way That You’ve Gone
03. Days Ahead
04. Still Smile
05. Mickey Galaxy
06. Summer’s Dead
07. Northern Lad
08. I Have the Past
09. Somewhere In My World
10. One Less Heart