man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Day Wave – The Days We Had
Depois dos EPs Headcase e Hard To Read, que o colocaram logo nos radares da crítica mais atenta, o norte americano Jackson Phillips, que assina a sua música como Day Wave, está de regresso com Hard To Read, o seu primeiro lançamento no formato álbum, onze canções que viram a luz do dia no início do passado mês de maio pela mão da Capitol Records e que obedecem a uma fórmula de composição bastante particular, na qual os sintetizadores assumem a primazia no modo como acomodam o restante arsenal orgânico que, numa espécie de simbiose entre o polimento melódico de uns Real Estate, o efeito de guitarras que aponta para a luminosidade efusiva de uns DIIV e um baixo com um pulsar muito vincado e caraterístico, tem a mira apontada para os pilares fundamentais da indie pop contemporânea que, como tem sido norma, encontra no saudosismo de outras épocas a sua grande força motriz e que, neste caso específico de Day Wave, olha de modo beliçoso para a herança oitocentista do século passado.
O primeiro elogio que se pode fazer a Day Wave e a este seu disco de estreia é que as canções nele contidas são realmente boas e apontam para diversas referências, basicamente descritas acima, não de modo a replicá-las, mas procurando abrangê-las naquele que é um cunho estilísitico identitário já bem definido. Por exemplo, se em Home a guitarra parece ter sido retirada do clássico All I Want dos LCD Soundsystem ou se a distorção de Something Here segue os mesmos cânones de Sparks, um dos temas fundamentais da discografia dos Beach House, a verdade é que não deixa de haver algo de distintivo e único no modo como depois, deixa que as canções sigam o seu percurso natural.
Phillips oferece-nos de mão beijada uma estreia que contendo uma filosofia algo introspetiva mas, por um lado fazendo-se espraiar por uma lúcida cadência épica, nomeadamente no primeiro tema do alinhamento e por outro, por um frenesim solarengo, nomeadamente em Promises, acaba por, no seu todo, resultar em algo consistente e até ligeiramente hipnótico. O dedilhar inicial da guitarra de I'm Still There e o modo como ela depois se transforma e ganha músculo e a voz ecoante do músico que parece planar ligeiramente acima do baixo e do sintetizador, acabam por materializar aquela curiosa sensação que muitas vezes nos invade quando ouvimos uma canção que parece querer forçar o ouvinte a deixar, nem que seja por breves instantes, tudo e todos para trás, rumo aquela luz que está sempre ali, mas que nunca temos coragem de perscutar.
Com a melhor dream pop também na mira, The Days We Had é um alinhamento de temas vibrantes, que tanto contém uma atmosfera catárquica como um clima sonhador, com belos momentos que sabem aquela brisa quente e aconchegante que entra pela nossa janela nestas convidativas noites de verão. Day Wave pode gabar-se de ser capaz de mostrar uma invulgar intensidade emocional na sua escrita e de poder ser já caraterizado como um artista possuidor não só dessa importante valência mas também de um tímbre vocal único e uma postura confiante. Ele exala uma faceta algo sonhadora e romântica que se aplaude e que é também fruto de uma produção cuidada e que irá certamente agradar a todos os apreciadores do género. Espero que aprecies a sugestão...
01. Something Here
02. Home
03. Ordinary
04. Untitled
05. Bloom
06. On Your Side
07. Bring You Down
08. Wasting Time
09. Promises
10. Disguise
11. I’m Still Here