man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Clap Your Hands Say Yeah – The Tourist
Gravado em apenas uma semana em Filadélfia e misturado por Dave Fridmann, The Tourist é o novo disco dos norte americanos Clap Your Hands Say Yeah. Lançado a vinte e quatro de fevereiro último, este é já o quinto da carreira de uma banda oriunda de Brooklyn, Nova Iorque, liderada pelo carismático por Alec Ounsworth e que há uma dúzia de anos causou enorme furor com um fabuloso homónimo junto de uma blogosfera atenta, que sempre os seguiu com devoção e na qual me incluo, até se tornarem, aos dias de hoje, num projeto de dimensão mundial.
Nesse arranque de carreira, os Clap Your Hands Say Yeah começaram numa toada mais experimental, depois procuraram ser dançáveis, no antecessor Only Run (2014) optaram por uma sonoridade mais melancólica e introspetiva e uma troca do entusiasmo inicial por paisagens mais experimentais e negras, que puderam não agradar aos seguidores mais puristas da banda e agora, voltaram a olhar de novo, mas com um olhar ainda mais anguloso, para sonoridades mais ecléticas, tal como no início e com os anos oitenta em ponto de mira.
Logo na exuberância das cordas de The Pilot é intenso o travo a Talking Heads e depois, à medida que o baixo e a melodia sintetizada se vão apoderando da canção, percebe-se essa reaproximação ao vintage de outrora. A própria postura vocal em Fireproof, a recordar alguns dos melhores instantes da carreira de David Byrne e o modo como uma guitarra insinuante se vai entrecortando com a bateria, à medida que a canção progride, ampliam esta impressão, num disco com momentos intensos, mas onde também não falta algum daquele negrume punk que tipifica os Clap Your Hands Say Yeah.
Esta espécie de metamorfose e ambivalência entre territórios mais luminosos e outros mais introspetivos, encontra justificação no baixo pulsante de Better Off e, em oposição, nas acusticidade enternecedora de Loose Ends, um dos temas mais belos da carreira deste projeto e no experimentalismo folk que abastece Visiting Hours. Depois, o andamento algo cru e efusiante de The Vanity Of Trying, canção onde a percussão hipnotiza e gela os nossos ouvidos e o mesmo clima festivo que se escuta em Ambulance Chaser, canção conduzida por um sintetizador, que procura, teimosamente, assumir-se como um foco divergente das guitarras, apesar de nos remeterem de imediato para a herança do post punk dos anos oitenta, conseguem, de algum modo, conferir um cariz um pouco mais expansivo e aberto ao clima geral do disco.
Muitas vezes, em momentos de perca e de aparente infortúnio, a procura de novos ares e de uma identidade diferente pode ser uma solução conveniente ou ideal, dependendo dos resultados que acontecem com a ação dessa tomada de decisão. Teria sido mais simples para Alec seguir o habitual rumo de busca de novos conceitos e sonoridades, mas esta decisão de voltar a olhar um pouco para os primórdios da carreira da banda mantém acesa a chama dos mais puristas, num disco que atesta que os Clap Your Hands Say Yeah continuam a merecer o seu lugar de relevo, diferencial e distinto no cenário musical alternativo. No futuro irão reencontrar este novo apelo como fizeram na estreia e, no entanto, nunca se sabe se acontece outra metamorfosoe. Na mente de Alec tudo parece possível. Espero que aprecies a sugestão...
01. The Pilot
02. A Chance To Cure
03. Down (Is Where I Want To Be)
04. Unfolding Above Celibate Moon (Los Angeles Nursery Rhyme)
05. Better Off
06. Fireproof
07. The Vanity Of Trying
08. Loose Ends
09. Ambulance Chaser
10. Visiting Hours