man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Ty Segall - Sleeper
Ty Segall é uma máquina de fazer discos. Não apenas trabalhos aleatórios, composições frias ou registos descartáveis, mas lançamentos de peso dentro da cena independente norte-americana. Dono de uma infinidade de projetos paralelos cada um deles com vários álbuns lançados, é quando assume as guitarras na carreira a solo que este californiano, natural de São Francisco, alcança o melhor desempenho. Assim, depois de já ter um interessante cardápio sonoro anterior, este músico começou a destacar-se com o grandioso e amplamente elogiado Goodbye Bread, de 2011, e depois com Twins, disco que lançou em 2012 e que divulguei na altura. Agora Ty está de volta com mais um conjunto de canções assentes em riffs assimétricos, ruídos pop e todo o assertivo clima do garage rock, o que faz dele um dos artistas de maior relevância no panorama atual. O novo disco chama-se Sleeper e viu a luz do dia a vinte de agosto por intermédio da Drag City Records.
Sleeper é já o oitavo álbum da carreira de Segall e um dos compêndios sonoros mais viscerais da sua carreira. Gravado durante alguns meses em vários locais da Califórnia, o álbum tem uma crueza bastante sombria que foi certamente influenciada pela morte do seu pai, a mudança do músico para Los Angeles e uma zanga recente com a sua mãe. Nele o músico esbanja toda a maturidade e classe musical que já possui e faz uma ligeira inflexão sonora, apostando agora mais em arranjos e vozes de cariz ainda mais experimental e menos fácil de catalogar.
Logo no início, no tema homónimo, os ecos de um assobio e os acordes de uma viola acompanhados pela sua voz etérea provam que há algo de novo e mais íntimo, em oposição á habitual distorção psicadélica e rugosa que é já uma espécie de imagem de marca deste músico norte americano. Fica-se com a estranha sensação que ele está mesmo aqui, ao nosso lado, enquanto toca e canta, ou então que fomos nós que tivemos acesso direto ao seu recanto mais pessoal e não a um qualquer estúdio impessoal e frio.
Um dos poucos temas que ainda remete para a tal psicadelia rugosa é 6th Street, porque o restante alinhamento é mais bem sucedido a levar-nos até à década de sessenta e ao território obscuro de uns Velvet Underground, por exemplo bem patentes em Cary e She Don't Care. Assim, um dos maiores elogios que se pode fazer a Sleeper é que realmente não terá havido, aparentemente, qualquer tipo de preocupação comercial, já que não é fácil catalogar a criativa míriade sonora que sustenta o disco e que Ty se deixou levar pelo próprio clima que as canção foram criando nele, conforme se pode comprovar na pouco habitual extensão de alguns temas, relativamente a este músico.
Felizmente, por muito que legitimamente Ty Segall, procure abarcar novos horizontes sonoros e expandir o seu cardápio de influências, é fantástico perceber que a tal não identificação de importantes diferenças realtivamente aos discos anteriores, assenta em algo que nunca muda, o habitual nível de anarquia firmada na execução de todos os seus registos e o mesmo desequilíbrio particular de outrora, sem sofrer de desgaste ou possíveis redundâncias. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sleeper
02. The Keepers
03. Crazy
04. The Man Man
05. She Don’t Care
06. Come Outside
07. 6th Street
08. Sweet C.C.
09. Queen Lullabye
10. The West