man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Tiger Lou – The Wound Dresser
O indie rock monumental e pulsante dos suecos Tiger Lou está de regresso, oito anos depois do anterior lançamento (A Partial Print, 2008), com The Wound Dresser, dez canções da autoria de um dos nomes mais relevantes do cenário alternativo local da última década e que viram a luz do dia em setembro do ano que recentemente findou. Formado em 2011 e concebido inicialmente como projeto a solo, Tiger Lou é uma criação do músico, cantor, compositor e multi-instrumentista Rasmus Kellerman, que se inspirou numa personagem do clássico cinematográfico Fong Sai Yuk, do realizador Corey Yuen, para dar nome a uma banda que se estreou pouco depois da fundação com o ep Trouble and Desire. A estreia no formato álbum aconteceu em 2004 com o muito aclamado Is My Head Still On?, ao qual se seguiu, logo no ano seguinte o disco, The Loyal. Atualmente, e principalmente durante as digressões e concertos, Kellerman é secundado em palco por Erik Welén (baixo e voz), Pontus Levahn (bateria) e Mathias Johansson (guitarra).
Como é quase norma dos grupos nórdicos que firmam carreira no indie rock de cariz mais rugoso e sombrio, existe uma intensa aúrea de sensibilidade e emoção em redor da música dos Tiger Lou. Com o baixo e a bateria sempre a marcarem de modo impressivo o andamento das canções e as guitarras plenas de efeitos que parecem, amiúde, planar em redor das teclas do piano e de efeitos sintetizados que buscam uma forte toada impressiva, é uma música que aponta diretamente ao âmago e que mesmo que liricamente seja intrincada, percebe-se que se debruça sobre as típicas agruras da existência humana e o facto de haver sempre uma saída e uma réstea de esperança, mesmo que o cenário atual não seja o mais luminoso.
Este é um estilo sonoro que faz escola há há trinta anos atrás em muitas bandas da região e, no caso de The Wound Dresser, há composições que realmente merecem figurar na lista de alguns dos melhores instantes sonoros deste universo sonoro, sugeridos nos tempos mais recentes. Assim, se canções do calibre da inebriante Undertow e o piscar de olhos ao típico punk rock nova iorquino personificado, acima de tudo, pelos Interpol de Paul Banks, no tema homónimo, assim como o pulsar categórico de Homecoming #2 personificam uma escalada sonora e vertiginosa ao universo indie rock cheio de adrenalina e com uma forte amplitude, assente em linhas agressivas de guitarra e um baixo encorpado, já o pueril piano lo fi de Untiled 3# sacode e traduz, na forma de música, alguns cânones elementares ou verdades insofismáveis do nosso mundo. Depois, a limpidez e claridade do incessante sintetizador que abraça Leap Of Love aponta numa curiosa direção, nomeadamente rumo à melhor pop oitocentista.
Nas dez canções deste alinhamento, Rasmus Kellerman partiu em busca de diferentes estímulos, de forma aparentemente bem calculada, notando-se que todos os arranjos e detalhes terão sido certamente ponderados, pois só assim se entende o audível aconchego da profusão de sons e de ruídos e poeiras sonoras que se encontram em The Wound Dresser. Todas as músicas são contagiantes, têm um ritmo eletrizante e a voz intensa e grave do grande mentos do projeto amplifica o toque de sentimentalidade da toada geral do disco que casa na perfeição com o registo mais doce e romântico de alguns dos poemas musicados.
Com momentos ruidosos, melancólicos, épicos e outros mais introspetivos, mas, quase todos, consideravelmente melódicos, The Wound Dresser é um disco que deve ser valorizado pela originalidade e pela contemporaneidade e por servir para provar, definitivamente uma identidade firme e coesa de uns Tiger Lou que, ao sétimo disco, mostram que merece uma superior projeção. Espero que aprecies a sugestão...
01. You Town
02. Homecoming #2
03. California Hauling
04. Undertow
05. Untiled #3
06. Wound Dresser
07. Leap of Love
08. Bones of Our History
09. Rhodes
10. So Many Dynamos