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Enemy Planes – Beta Lowdown

Terça-feira, 31.05.16

Minneapolis, no Minnesota, é o poiso dos Enemy Planes, uma banda formada por Casey Call, Joe Gamble, David LeDuc, Kristine Stresman, Shön Troth, Joe Call e Jessica Anderson e que acaba de se estrear nos discos com Beta Lowdown, onze canções preenchidas com um indie rock cru, rugoso e bastante intenso. Este é, claramente, um dos melhores lançamentos discográficos do ano, dentro do espetro sonoro em que o grupo se insere e que, por exemplo, a ambivalência entre cordas e sintetizadores em Weightless , a canção que determina o ocaso do alinhamento, tão bem explicita.

Muito antes disso, começa-se a escutar a opulência de Automatic Catatonic e percebe-se, imediatamente, que Beta Lowdown é um álbum frontal, marcante, elétrico e explosivo. Nesta música sente-se a vibração a aumentar e a diminuir de forma ritmada e damos por nós a desejar que o resto do disco seja assim. E na verdade, o ritmo frenético e empolgante, quer do baixo quer da guitarra de Bare Your Teeth, tem o selo caraterístico daquele rock misterioso e cheio de fechaduras enigmáticas e chaves mestras, mas que, se forem experimentadas com dedicação, acabam por abrir portas para um outro refúgio perfeito. Refiro-me a We Want Blood, tema onde é explorado exaustivamente um hipnotismo lisérgico, com uma forte dimensão espacial e algo lo fi, percetivel quer na elevada dose sintética do tema, quer na míriade de efeitos que o sustentam.

Estes Enemy Planes não defraudam logo à primeira audição e convencem acerca da sua grandiosidade e explendor melódico, sem grandes reservas. Se os temas acima referidos apresentam vários dos pontos fortes de Beta Lowdown, até ao final do alinhamento, a feliz imprecisão rítmica e o clima nostálgico oitocentista de Between Lives, o elevado efeito soporífero, bastante acessível e, certamente, do agrado de um público mais abrangente, de Locks, a explosão de cores e ritmos, que nos oferecem um ambiente simultaneamente denso e dançável, em pouco mais de três minutos que são um verdadeiro compêndio de um acid rock eletrónico despido de exageros desnecessários, mas apoteótico, em Just A Ghost, atestam que este disco é uma irrepreensível coletânea de rock psicadélico, proposta por um coletivo que aposta numa espécie de hipnose instrumental pensada para nos levar numa road trip, à boleia das cordas, da bateria e do sintetizador, uma viagem lisérgica através do tempo, em completo transe e hipnose.

Assim, da psicadelia, à dream pop, passando pelo shoegaze e por um rock intenso e com uma elevada dose de experimentalismo, são várias as vertentes e influências sonoras que podem descrever a sonoridade dos Enemy Planes, que iniciam a sua demanda sonora discográfica de modo confiante, altivo e bastante criativo. Espero que aprecies a sugestão...

Enemy Planes - Beta Lowdown

01. Automatic Catatonic
02. Bare Your Teeth
03. We Want Blood
04. Stranger Danger
05. Between Lives
06. (O’ Ensnared) Swans
07. Devolver
08. Locks
09. Just A Ghost
10. No Strings
11. Weightless

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publicado por stipe07 às 21:52

Snakes - Snakes

Segunda-feira, 30.05.16

Baltimore, no estado do Maryland, é o poiso dos Snakes de Eric Paltell, Cooper Wright, George Cessna e Cobra Jones, uma banda de regresso aos lançamentos discográficos com um homónimo, cuja edição, quer digital quer física, tem a chancela da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.

Em Theme For Snakes a cortina deste álbum abre-se e perante nós, impávido e sereno, o imenso e quente deserto que preenche grande parte do oeste norte americano mostra-se deslumbrante e altivo e que nomes como John Ford, Howard Hawks, Fritz Lang, ou até mesmo Ennio Morricone, Quentin Tarnatino e Sergio Leone, este último com uma nada desprezável dimensão paródica, projetaram com implacável mestria na grande tela.

Rapidamente se percebe que estes Snakes são uma das bandas que atualmente melhor traduz e interpreta um estilo sonoro que nem sempre é de fácil aceitação do lado de cá do atlântico, mas que é muito caro a um país que nasceu e avançou e deve muito da sua herança cultural aos cowboys e aos seus duelos ao pôr do sol com foras da lei, a garimpeiros e exploradores corajosos e sedentos de riquezas e a saloons empoeirados e a tresandar a whisky pestilento, não só no Texas, mas também em paisagens remotas e selvagens da Califórnia, Arizona, Utah, Colorado ou Wyoming.

As sete canções deste Snakes são uma verdadeira ode e homenagem a todo este ideário, com canções como a pulsante Young American, a sombria e enigmática Aloha From Old Mexico e a cinematográfica Calling Out The Law a colocarem-nos bem no epicentro de uma trama que se serve essencialmente das guitarras para dar vida a histórias onde aventura, crime, paixão, vingança, amor e coragem se misturam e que podemser escutadas, ou até que o sol se ponha ou até que uma bala certeira nos separe e nos desligue destes Snakes. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 18:07

Wild Beasts - Get My Bang

Segunda-feira, 30.05.16

Wild Beasts - Get My Bang

Dois anos após o excelente Present Tense, que tinha sido já um notável sucessor da obra prima Smother (2011), o quarteto britânico Wild Beasts está de regresso aos lançamentos discográficos com Boy King, o quinto disco da carreria do grupo, gravado do outro lado do atlântico, em pleno Texas, com a preciosa ajuda do produtor John Cogleton.

A carreira dos Wild Beasts tem sido marcada por um desenvolvimento progressivo e um aumento da bitola qualitativa da sonoridade apresentada de disco para disco e desde Smother, considerado unanimemente como o ponto alto da carreira do grupo, é percetível uma cada vez maior propensão para o encontro de propostas sonoras mais ambiciosas e sofisticadas, que possibilitem um alargar do leque musical dos Wild Beasts, sempre com a habitual qualidade lírica acima de qualquer suspeita e que importa também analisar e com algum detalhe.

Get My Bang, o primeiro avanço divulgado de Boy King, tem esse lado inédito e abrangente, com o funk da batida, a sensualidade das vozes de fundo femininas e a simbiose entre a distorção das guitarras e um conjunto de referências que piscam o olho a alguns fragmentos mais preponderantes da eletrónica atual, sem descurar uma forte presença da synthpop típica dos anos oitenta, de forma equlibrada e não demasiado vintage, a fazerem da canção um excelente aperitivo para um álbum que terá, certamente, um charme inconfundível e um pulsar tremendo. Confere..

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publicado por stipe07 às 17:36

Metronomy – Old Skool

Sábado, 28.05.16

Metronomy - Old Skool

Dois anos depois de Love Letters, os britânicos Metronomy de Joe Mount estão prestes a regressar aos discos com Summer 08, um álbum que irá ver a luz do dia já a um de julho e que será, certamente, um dos acontecimentos musicais do próximo verão.

Como o nome do tema indica, Old Skool, um dos avanços já divulgados de Summer 08, impressiona pelo clima retro proporcionado pelo funk da batida, um baixo bastante vigoroso e vários arranjos metálicos, aspectos que conferem à canção uma curiosa mescla entre indie rock, eletrónica e hip-hop, numa espécie de fusão entre Daft Punk e Beastie Boys, impressão ampliada por um sintetizador que obedece a uma lógica sonora próxima do chamado discosound, particularmente efusiva e que tem feito escola desde a alvorada dos oitentas, mas com um elevado toque de modernidade, num ambiente algo psicadélico e que apela claramente às pistas de dança. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:45

Young Girls – Party Blood

Sexta-feira, 27.05.16

Houston, no Texas, é o habitat natural dos norte americanos Young Girls, uma banda formada por Charlie Tijerina, Pete Tijerina e Nicholas Dudek e de regresso aos discos com Party Blood, doze canções impregnadas com um excelente indie rock e que viram a luz do dia a vinte de maio à boleia da local ATH Records.

Logo na distorção da guitarra e no ritmo frenético da bateria de For Me, estes Young Girls mostram ao que vêm, com um indie rock boémio e bastante atrativo, feito de canções melodicamente simples e diretas, mas exemplarmente estruturadas e com uma frescura e uma luminosidade muito próprias, como convém a quem toca à sombra do sol texano. E a viagem não fica por aqui porque, logo depois, em What We Do e Marfa, vamos, num ápice, do Texas até outro sol, agora o hawaiano, à boleia de uma toada pop muito sessentista, para em New York City Love e Broke for Dreaming, a tríade ficar completa, nos antípodas do país de origem da banda, em plena costa leste, numa sentida homenagem ao melhor punk rock fermentado na big apple e que tem nos The Strokes um dos pilares maiores, uma banda que é, claramente, referência obrigatória para este trio texano.

Está apresentada a fórmula destes Young Girls, assente numa abordagem aos melhor rock norte americano, nos seus diferentes parâmetros, sempre com uma acertada tomada de consciência de que, por muita liberdade que exista para se experimentar novos ângulos sonoros e abordagens, quase sempre, o segredo para o sucesso é não deixar a habitual zona de conforto e não mexer numa fórmula vencedora que, por o ser, nunca se desgasta. Desse modo, e conforme o nome indica, Party Blood é um convincente convite à festa, que só termina, como seria de esperar, com toda a gente muito feliz, em Six Pack Backstab e Behind These Lines, duas canções que serão mais dois clássicos do grupo e onde as guitarras, rugindo alegremente, oferecem-nos a genuína energia do melhor e mais orelhudo punk rock atual. Espero que aprecies a sugestão... 

Young Girls - Party Blood

01. For Me
02. What We Do
03. Marfa
04. New York City Love
05. Losing It
06. Broke For Dreaming
07. Lucy
08. Texas
09. West Coast
10. Street Lights
11. Six Pack Backstab
12. Behind These Lines

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publicado por stipe07 às 21:35

Clock Opera - In Memory

Quinta-feira, 26.05.16

Clock Opera - In Memory

Está prestes a ver a luz do dia o novo registo discográfico dos britânicos Clock Opera de Guy Connelly e com essa nova coleção de canções, uma mão cheia de sintetizadores inebriantes, guitarras, linhas de baixo pulsantes e teclas que acompanham refrões sublimes. In Memory, o mais recente single divulgado desse novo registo, traz-nos esse rock intenso, com o registo em falsete da voz de Guy Connelly a atingir uma elevada bitola, num belíssimo momento sonoro que nos envolve num turbilhão contagiante de emoções. Confere...

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publicado por stipe07 às 22:19

Unknown Mortal Orchestra - First World Problem

Quarta-feira, 25.05.16

Depois de os neozelandeses Unknown Mortal Orchestra, do músico e compositor Ruban Nielsen e de Jake Portrait e Greg Rogove, terem-nos oferecido Multi-Love, um dos melhores discos do ano passado, eis que voltam a dar sinais de vida com First World Problem, uma extraordinária canção que, estreitando os laços entre a psicadelia e o R&B, contém a impressão firme da sonoridade típica da banda, catupultando-a ainda para uma estética mais abrangente.

Além de reviver marcas típicas do rock nova iorquino do fim da década de setenta, esta canção ressuscita referências mais clássicas, consentâneas com a pop psicadélica da década anterior. O volume e a densidade instrumental da canção torna indisfarçável a busca dos Unknown Mortal Orchestra de uma melodia agradável, marcante e rica em detalhes e texturas, com uma grandiosidade controlada e que contém um forte apelo às pistas de dança. Confere...

 

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publicado por stipe07 às 22:06

Frail - Bones EP

Quarta-feira, 25.05.16

Nova Orleães é a cidade de origem dos Frail, um trio formado por Ben Polito (voz e guitarra), Hunter Keene (bateria) e Nick Corson (baixo), três músicos conceituados do cenário indie local e que já tocaram em bandas como os Grotto Girl, Pudge, The Roses e Squirrel Queen. Bones é o registo de estreia destes Frail, seis canções claramente influenciadas por alguns dos melhores detalhes do indie rock alternativo da última década do século passado e cuja edição, quer digital quer física, tem a chancela da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.

Neste Bones, os Frail procuraram criar hinos sonoros que plasmem diferentes manifestações de raiva adolescente, claramente o ideário lírico privilegiado das suas canções. Na verdade, eles debruçam-se sobre algumas das temáticas mais comuns para quem começa a entrar na idade adulta, nomeadamente a questão da auto estima, a perca da inocência e as relações amorosas.

Waiting, o primeiro avanço divulgado do álbum, é uma canção que numa simbiose entre garage rock, pós punk e rock clássico, contém a sonoridade crua, rápida e típica da que tomou conta do cenário lo fi inaugurado há umas três décadas e logo aí se percebeu a bitola sonora destes Frail e o restante alinhamento, na verdade, não defrauda os apreciadores do género, até porque Lake Charles, por exemplo, também não foge muito a esta toada, apesar de ser um tema mais contemplativo e com uma temática bastante reflexiva.

Apesar de estar claramente balizado o espetro sonoro dos Frail, há que destacar a forma corajosa como, logo na estreia, não se coibem de tentar experimentar ideias diferentes e fugir da habitual bitola. Canções como Humid ou Stay contêm momentos de pura improvisação, com guitarras que apontam em diferentes direções e um baixo que também não receia tomar as rédeas do conteúdo melódico. E estes dois importantes ítens não perturbam a conturbada homogeneidade de um alinhamento que raramente deixa de ser fluído e acessível, apesar da especificidade rugosa do som que carateriza os Frail.
Bones estabelece a zona de conforto deste trio que não se coibe de colocar o pé de fora e de calcorrear outros universos sonoros adjacentes ao indie rock alternativo que marcou os anos noventa e que podem ir da psicadelia, ao punk rock e ao próprio blues. A verdade é que eles parecem dispostos a lutar com garra e criatividade para empurrar e alargar as barreiras do seu som, ao longo de pouco mais de vinte minutos intensos, rugosos e que não envergonharão o catálogo sonoro deste grupo do estado de Louisiana, seja qual for o restante conteúdo que o futuro lhes reserve. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 21:57

Damien Jurado - Visions Of Us On The Land

Terça-feira, 24.05.16

Lançado no passado mês de março pela Secretly Canadian, Visions Of Us On The Land é o novo compêndio de canções do norte americanos Damien Jurado e encerra uma trilogia iniciada em 2012 com Maraqopa, disco ao qual se seguiu Brothers and Sisters of the Eternal Son, dois anos depois.  Este Visions Of Us On The Land foi  produzido por Richard Swift e confirma Damien Jurado como um dos nomes fundamentais da folk norte americana e um dos artistas que melhor tem sabido preservar algumas das caraterísticas mais genuínas de um cancioneiro que dá enorme protagonismo ao timbre acentuado e rugoso das cordas para dissertar crónicas de uma América profunda e muitas vezes oculta, não só para os estrangeiros, mas também para muitos nativos que desde sempre se habituaram à rotina e aos hábitos de algumas das metrópoles mais frenéticas e avançadas do mundo, construídas num país onde ainda é possível encontrar enormes pegadas de ancestralidade e que inspiram calorosamente Jurado.

Este Visions Of Us On The Land é, portanto, uma homenagem profunda aquela América feita de índios e cowboys, mas também de pioneiros, viajantes e exploradores, uma narrativa vibrante onde vozes e instrumentos compôem um painel muito impressivo que nos permite viajar no tempo. E nessa demanda podemos ir até às montanhas rochosas do Utah, à neve do Alasca, ao sol da Califórnia e ao pó do deserto texano ou aos desfiladeiros de Yellowstone, à medida que apreciamos descrições vivas e intensas de cenários que muitas vezes só vemos em filmes.

Assim, e citando alguns dos instantes mais impressivos de um alinhamento que é, no seu todo, um retrato vivo, se Mellow Blue Polka Dot nos coloca bem no centro de um acampamento índio, já o rock psicadélico setentista de Lon Bella senta-nos ao volante de um descapotável em plena Route 66, sem destino fixo, enquanto QACHINA deixa-nos apreciar deslumbre paisagístico de montanhas verdejantes, com fontes de água pura ainda intactas e onde ursos, águias, lobos e veados coabitam pacificamente, sem nunca terem sentido a presença humana.

O alinhamento prossegue e não há como evitar uma enorme sensação de conforto ou esconder o sorriso perante o excelente registo vocal que conduz ONALASKA, o êxtase percussivo carregado de sol da inebriante Walrus, a majestosidade melódica de Exit 353, a cândura e a inocência de Queen Anne ou o aconchegante dedilhar da viola da noturna e introspetiva On The Land Blues, outros exemplos da excelência de um disco que, sendo já o décimo segundo da carreira de Damien Jurado, é um dos momentos maiores da sua carreira, pricncipalmente pelo modo como este músico se coneta com o solo que diariamente pisa e o honra e preserva, mostrando-nos, numa jornada evocativa, o melhor que tem e que sente pelo seu país. Espero que aprecies a sugestão...

Damien Jurado - Visions Of Us On The Land

01. November 20

02. Mellow Blue Polka Dot
03. QACHINA
04. Lon Bella
05. Sam And Davy
06. Prisms
07. ONALASKA
08. TAQOMA
09. On The Land Blues
10. Walrus
11. Exit 353
12. Cinco De Tomorrow
13. And Loraine
14. A.M. AM.
15. Queen Anne
16. Orphans In The Key Of E
17. Kola

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publicado por stipe07 às 21:29

Mira, Un Lobo! - Heart Beats Slow

Segunda-feira, 23.05.16

Esplendor, exuberância e sentimento, são adjetivos que me assaltaram com insistência o pensamento durante as várias audições de Heart Beats Slow, o refúgio sonoro lançado recentemente pela Tapete Records e criado pelo lisboeta Luís F. de Sousa, que assina a sua música como Mira, Un Lobo!. É um disco com dez canções que apostam as fichas todas na voz eclética do autor, conjugada com arranjos bastante melódicos, refrões simples e versos contundentes, uma estrutura inicial depois suportada por uma invulgar criatividade no manuseamento dos sintetizadores e que está explícita, por exemplo, na intensidade do trip hop de Newborn Killers, mas também por algumas cordas, elétricas e acústicas. É um compêndio sonoro de forte cariz fortemente ambiental, uma verdadeira espiral pop onde não falta também um marcante estilo percurssivo.

Sustentado por uma propensão certamente inata para a feliz sobreposição de várias camadas de sopros sintetizados, mas também inspirado no modo como é capaz de utilizar o simples dedilhar de uma viola para instigar Sliced Guitar, uma das melhores canções deste disco, em Heart Beats Slow Mira, Un Lobo! filtra tudo de modo bastante orgânico, amplo e rugoso, numa linha vincadamente experimental. São canções que se sustentam numa receita particularmente minimal, mas profunda e crua, que cria um universo fortemente cinematográfico e imersivo. A verdade é que parece haver momentos em que o autor toca submergido num mundo subterrâneo, de onde debita sons através de tunéis rochosos revestidos com placas metálicas que aprofundam o eco das melodias e dão asas às emoções que exala desde as profundezas desse refúgio bucólico e denso onde certamente se embrenhou. A tecla do piano que introduz Like Punching Glass é, por si só, um marco impressivo desta fórmula, mas Tramadol ou Serotonin também demonstram-no, dois temas que parecem ter vida própria, com os seus efeitos a parecer que foram esculpidos e debitados pela própria natureza. E logo depois, assistir ao modo como progride o edifício instrumental que anima Suffocation, obriga a um exercício exigente de percepção, mas que além de ser fortemente revelador é claramente recompensador.

A mesma receita, mas de modo ainda mais grandioso e hipnótico, repete-se em We're Not Far, canção que impressiona pela cândura inicial dos efeitos que manipulam a voz, que funciona e sussurra também como membro pleno do arsenal instrumental, mas que depois se desenvolve e simultaneamente nos envolve, numa espiral de sentimento e grandiosidade, patente também no no frenesim do sintetizador e numa bateria inebriante, não havendo, como se percebe, regras ou limites impostos para a inserção da mais variada miríade de arranjos, detalhes e ruídos.

De facto, este Mira, Un Lobo! é mais um bom exemplo de um músico capaz de ser genuíno no modo como manipula o sintético, de modo a dar-lhe vida e a retirar aquela faceta algo rígida que a eletrónica muitas vezes intui, convertendo tudo aquilo que poderia ser compreendido por uma maioria de ouvintes como meros ruídos ou linhas melódicas dispersas em produções volumosas e intencionalmente orientadas para algo épico. Os constantes flashes metálicos projetados pelas teclas em várias direções criam um cenário idílico, não faltando, inclusive, no tema homónimo, uma deliciosa pitada psicadélica a escorrer por todos os seus poros, potenciando a incontestável beleza e coerência de um álbum que nos catapulta rumo a um universo invulgarmente empolgante e sensorial, que da eletrónica, à pop, passando pelo rock progressivo cria uma relação simbiótica bastante sedutora, um disco entalhado no ventre da terra mãe e de onde brotou para se tornar na banda sonora perfeita de um território tremendamente sensorial, assente numa arrebatadora coleção de trechos sonoros cuja soma resulta numa grande obra linda e inquietante. Espero que aprecies a sugestão...

1. Tramadol
2. Newborn Killers
3. Serotonin
4. Suffocation
5. Sliced Guitar
6. We're Not Far
7. Like Punching Glass
8. Spaceman
9. Heart Beats Slow
10. Introduction

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publicado por stipe07 às 23:05


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