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Brass Wires Orchestra - Cornerstone

Segunda-feira, 13.10.14

Gravado nos Black Sheep Studios por Makoto Yagyu (PAUS) e Fábio Jevelim (PAUS) e masterizado nos Abbey Road Studios (Londres) por Frank Arkwright (responsável pela masterização também do álbum Neon Bible, dos Arcade Fire), Cornerstone é o novo disco dos Brass Wires Orchestra, um coletivo nacional formado por Miguel da Bernarda, Afonso Lagarto, Rui Gil, Luís Grade Ferreira, Zé Valério, Nuno Faria, António Fontes, Tiago Rosa, António Vasconcelos, nove músicos que formam uma verdadeira orquestra folk que aposta numa fusão de elementos da indie, da pop, da folk e até da eletrónica, tudo assente em melodias luminosas feitas com linhas de guitarra delicadas e arranjos particularmente deslumbrantes e cheios de luz, amiúde dominados pelos instrumentos de sopro, que criam paisagens sonoras bastante peculiares.

A expetativa em redor de Cornerstone começou a fervilhar no universo indie nacional, na sequência de uma série de concertos que, tendo acontecido sem o objetivo de elevar a banda para um patamar profissional, revelaram, desde logo, alguns temas que acabariam por se tornar em hinos incontornáveis nos concertos da banda, como é o caso de Tears of Liberty ou Wash My Soul. Impulsionados certamente também por tal impacto, estes músicos decidiram, em boa hora, dar o passo seguinte e a verdade é que este disco é já um marco num ano que está a ser extraordinário e de definitiva afirmação para o cenário musical indie e alternativo português.

Cornerstone é uma belíssima coleção de dez originais feitos com melodias hipnotizantes que conseguem misturar os mais inusitados instrumentos com incrível mestria e com a secção de sopros a ser um elemento importante para criar a energia contagiante e a alegria que estes Brass Wires Orchestra transmitem nas suas canções. São composições sonoras carregadas de texturas, criadas através da justaposição de diferentes camadas de instrumentos e sons, uma conjugação com um elevado cariz contemporâneo e atual, apesar do forte revivalismo que este espetro sonoro sempre encerra. O resultado final é verdadeiramente vibrante e com uma energia bastante particular, numa banda que parece não querer olhar apenas para o universo tipicamente folk, mas também abraçar, através de alguns traços sonoros caraterísticos, as facetas mais soul e blues do próprio indie rock.

Cornerstone tem vários momentos altos e deles não posso deixar passar em claro, por exemplo, os dois tremas já referidos, nomeadamente a sensibilidade de Wash My Soul, o tema de abertura e o ritmo frenético e as cordas inebriantes de Tears Of Liberty, uma canção que cabe na algibeira de todos aqueles que já viveram amores desencontrados e não correspondidos. Depois, ainda há People & Humans, uma canção com uma energia diferente das restantes e que demonstra a versatilidade que os Brass Wires Orchestra já demonstram possuir e Time, um tema que plasma a enorme capacidade que o coletivo possui para escrever canções que tocam fundo e que transmitem mensagens profundas e particularmente bonitas. No final, The Life I Chose é um dos temas mais curiosos do disco, um título feliz para uma música criada por uma banda que sabe bem qual o caminho sonoro que pretende decalcar e sobre o qual se debruça, assim como sobre outros aspetos importantes da banda e deste trabalho, numa entrevista que me concedeu e que aparece transcrita já a seguir. 

Há definitivamente algo de especial nestes Brass Wires Orchestra e na originalidade com que usam aspetos clássicos da folk para criar um som cheio de frescura e vitalidade, mas onde também há espaço para composições melancólicas, com um acabamento bucólico e, por isso, atrativo para quem procura sonoridades mais festivas e descomplicadas. Espero que aprecies a sugestão...

Depois do sucesso alcançado em vários concertos e que revelaram alguns temas vossos que são já hinos incontornáveis, começo com uma questão cliché… Quais são, antes de mais, as vossas expetativas para Cornerstone?

Não temos grandes expectativas, queremos apenas a possibilidade de andar por aí a divulgar o nosso trabalho.

Brass Wires Orchestra é um coletivo de nove músicos, certamente de diferentes escolas musicais e origens e com gostos diversificados. Como se consegue colocar ordem na casa e colocar todos a remar no mesmo sentido?

É mais fácil do que se possa pensar. Nós adoptámos linhas estéticas que nos permitem comunicar e compor sempre para o mesmo sentido. 

Como surgiu a possibilidade de gravar o disco nos Black Sheep Studios, com Makoto Yagyu e Fábio Jevelim?

Nós sempre ensaiámos nos BlackSheep Studios, foi um passo natural gravarmos lá com o Makoto e com o Fábio.

Cornerstone foi masterizado nos míticos Abbey Road Studio, em Londres, pelo inigualável Frank Arkwright, que já colocou as mãos em álbuns de nomes tão importantes como os Arcade Fire. Que peso teve este produtor no resultado final?

É sempre de peso ter o selo de qualidade do Frank e dos Abbey Road Studios.

Olhando agora para o conteúdo de Cornerstone, confesso que o que mais me agradou na audição do álbum foi uma certa bipolaridade entre a riqueza dos arranjos e a subtileza com que eles surgiam nas músicas, na originalidade com que usam aspetos clássicos da folk para criar um som cheio de uma frescura e que tem tanta vitalidade . No fundo, em termos de ambiente sonoro, que idealizaram para o álbum inicialmente? E o resultado final correspondeu ou houve alterações de fundo ao longo do processo?

A nossa visão manteve-se sempre a mesma durante o processo. Com o tempo fomos limando alguns arranjos e escolhas melódicas.

Mesmo nos temas novos já se nota alguma maturidade no que toca a subtileza de arranjos. É uma preocupação nossa.

Além de ter apreciado a riqueza instrumental e também a criatividade com que selecionaram os arranjos, gostei particularmente do cenário melódico destas vossas novas canções, que achei particularmente bonito. Em que se inspiram para criar as melodias? Acontece tudo naturalmente e de forma espontânea em jam sessions conjuntas, ou as melodias são criadas individualmente, ou quase nota a nota, todos juntos e depois existe um processo de agregação?

O processo inicia-se com trabalho de casa. Depois sim, no estúdio de ensaio, trabalhos a base já existente.

Cada elemento é responsável pela sua melodia e surgem de forma muito natural e espontânea. 

Até que ponto é correto dizer que a secção de sopros da banda é o elemento fulcral e decisivo de toda esta trama?

Não seria muito acertado, porque apesar de estarem presentes em todos os temas, são tão importantes como qualquer outro instrumento, são é mais barulhentos.

Confesso que fiquei particularmente surpreso e agradado com o bom gosto do artwork de Cornerstone. Há algo de conceptual e alguma relação direta com o conteúdo lírico e sonoro?

O artwork foi pensado com cuidado, o seu imaginário remete para uma estética com a qual nos identificamos. O responsável foi o Tiago Albuquerque.

Não sou um purista e acho que há imensos projetos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem em inglês. Há alguma razão especial para cantarem em inglês e a opção será para se manter?

O inglês é para se manter. Todas as nossas referências cantam em inglês e o compositor das músicas, o Miguel, estudou numa escola inglesa e portanto é-lhe mais natural escrever em inglês do que em português.

O que vos move é apenas esta folk feita de composições melancólicas, com um acabamento bucólico, mas também alegre e descomplicado ou gostariam ainda de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Brass Wires Orchestra?

Exploramos cada vez mais sonoridades diferentes. Elementos eletrónicos, pedais de efeitos, etc.

Achamos que o próximo trabalho vai surpreender muita gente pela positiva.

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publicado por stipe07 às 18:09






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